04 março, 2022

𝑶 𝑷𝒊𝒓𝒂𝒕𝒂 𝒅𝒂𝒔 𝑭𝒍𝒐𝒓𝒆𝒔, de Tiago Salazar



Autor: Tiago Salazar
Título: O Pirata das Flores
N.º de páginas: 180
Editora: Oficina do Livro
Edição: Novembro 2021
Classificação: Romance histórico
N.º de Registo: (3350)



OPINIÃO ⭐⭐⭐⭐


A possibilidade de “parir um escrito”, este escrito, como refere o autor no prólogo chegou-lhe por email “Assunto: pirata. Conteúdo: açoriano, das Flores, Lages. Nome: António de Freitas. «Tens aqui o teu próximo livro», escreveu em apenso. Doravante era comigo.” (p. 11) e assim surgiu um romance histórico e de aventura que relata a viagem de António e do seu amigo Fernão que descontentes com a “vida beata” que levavam no Seminário de Angra e almejando ambos um futuro melhor, decidiram fugir e partir em busca de riqueza.
“Duas almas imberbes entregues a um rebanho de padres excitados pela castidade, obrigados a actos de contrição e a limpar as culpas com penitências (…) veio a nascer este ímpeto de escaparmos ao purgatório da ilha.” (p. 19)
Fernão que gosta de ler e de escrever vai ter a função de narrar todas as peripécias de pirataria, de crime, de corrupção, de libertinagem …
Gosto da escrita cuidada do autor e do rigor como enquadrou o enredo no tempo e no espaço históricos e culturais. Estruturado em duas partes – Uma Longa Jornada e A Oriente – o romance descreve, na primeira, as aventuras extraordinárias, por vezes cruéis, da viagem nos mares e na segunda, a vida “pecaminosa” levada em Macau rodeados de prazeres, mas também de malvadezas, de negócios ilícitos mantidos durante anos (tráfico de ópio, casas de prazer e de jogo). Tudo em prol de um enriquecimento louco, ávido e sem escrúpulos.
“Assistíamos e cometíamos estas vis malvadezas com confessa alegria, nem que fosse pelo sucesso de arrecadarmos os espólios, sem nos vermos na triste condição dos espoliados, “ (p. 74)
e
“O ingénuo aspirante a seminarista dera lugar ao astuto bandido, nada lhe molestando a consciência.” (p. 145)
O carácter dos dois piratas açorianos retratado no romance, transporta-nos para o tempo dos descobrimentos, em que os portugueses foram arrojados, inovadores e aventureiros.

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