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06 dezembro, 2024

𝑴𝒐𝒖𝒔𝒄𝒉𝒊, 𝑶 𝑮𝒂𝒕𝒐 𝒅𝒆 𝑨𝒏𝒏𝒆 𝑭𝒓𝒂𝒏𝒌, de José Jorge Letria com ilustrações de Danuta Wojciechowska

 



Autor: José Jorge Letria
Título: Mouschi, O Gato de Anne Frank
Ilustradora: Danuta Wojciechowska
N.º de páginas: 36
Editora: Edições ASA
Edição (2.ª): Setembro 2002
Classificação: Infantil/Juvenil
N.º de Registo: (BE)


OPINIÃO ⭐⭐⭐⭐



José Jorge Letria dá voz a um personagem muito especial, o gato Mouschi, para nos revelar a história angustiante da família de Anne Frank que se refugiou num anexo, de um sótão, durante dois anos.

A história narrada pelo gato, que esteve sempre com a família no anexo, centra-se, sobretudo na sua relação com a menina Anne Frank. É pelo seu sentir que acompanhamos o crescimento de Anne, ao longo destes dias: as suas angústias, a sua paixão pela escrita, registada no seu diário, o seu amor por Peter, os desentendimentos com a mãe, os seus sonhos, a sua crescente tristeza, e a sua captura por “cinco homens, um com a farda da polícia alemã”. É ainda pela sua voz que tomamos conhecimento que só o pai de Anne, sobrevive.

Quem conhece O Diário, de Anne Frank, já não é surpreendido pelo trágico final da família. Contudo, este pequeno livro, tão bem ilustrado pela Danuta Wojciechowska, é uma excelente abordagem, para iniciar os mais jovens aos horrores do holocausto, à perseguição dos judeus, ao extermínio nos campos de concentração.

Mouschi é um gato sensível, muito curioso e carinhoso que tudo faz para tornar os dias de Anne menos tristes, mas acaba por confessar que não compreende certas situações:
“Eu, como era gato, e ainda por cima um gato jovem, tinha dificuldade em compreender que aquela menina tinha perdido tudo o que contara para ela - os amigos, a escola, o sonho, a liberdade - e que aquele diário era um postigo que se abria para o exterior e a iluminava por dentro como uma vela que o vento não conseguia apagar ou uma estrela distante mas infinitamente amiga” (p. 12)

No final do livro, Mouschi fala-nos um pouco de si, da libertação de Amsterdão e termina a história com uma mensagem muito linda, carregada de simbolismo e actualíssima.

“Uma coisa é certa. Passaram tantos anos e eu, no pequeno céu dos gatos mortos de tristeza e solidão, nunca mais me esqueci da minha querida Anne Frank, nem nunca mais cheguei a perceber o que pode levar seres humanos a serem por vezes tão cruéis e tão violentos.
Se eu soubesse chorar, mesmo transformado em personagem deste livrinho de memórias, teria sempre duas lágrimas guardadas: uma para Anne e outra para o meu amor por ela. Quem matou esta menina merece ser castigado eternamente por todas as estrelas que há no céu.” (p. 36)

Recomendo este e outros livros que tratem esta temática. É importante que a memória permaneça viva. Não podemos ignorar o passado e permitir que seres humanos cruéis comandem a vida de pessoas inocentes. Infelizmente, o passado está, de novo, bem presente e, o céu continua a receber “estrelas”.



25 dezembro, 2023

𝑨 𝑮𝒖𝒆𝒓𝒓𝒂, de José Jorge Letria e André Letria


Autor: José Jorge Letria
Título: A Guerra
Ilustrador: André Letria
N.º de páginas: 64
Editora: Pato Lógico Edições
Edição: Abril 2018
Classificação: Infanto-juvenil
N.º de Registo: (3501)


OPINIÃO ⭐⭐⭐⭐



Livro infanto-juvenil, e que tal como o título o indica é um livro sobre guerras, sobre poder, prepotência, medo, dor e morte.

A guerra surge “como uma doença sussurrada e veloz” que “ não ouve, não vê e não sente” e se impõe, num crescendo, alimentada de ”ódio, ambição e rancor”. A guerra anula os sonhos, cala, esmaga, amedronta inocentes. A guerra não conta histórias felizes pelo contrário fabrica dor, sofrimento, raiva, gera “filhos de aço” com “sonhos de glória” que gostam de reinar entre destroços e ruínas. A guerra é o silêncio, a guerra é a morte.

Neste livro magnífico, a narrativa visual de André Letria dialoga com as frases curtas e incisivas de José Jorge Letria. A personificação da guerra sem rosto, sem data, sem local representada em tons sombrios (cinzento, preto, branco, verde e amarelo que se mesclam) alerta-nos para um mundo conflituoso onde o poder e a prepotência vingam sobre a inocência e a fragilidade.

Gosto da simbiose entre o texto e o traço. Predomina a ilustração. Todas as páginas estão inteiras e certeiramente ilustradas, a mensagem passa sem equívocos e as dezasseis frases curtas estrategicamente colocadas, complementam- na e reforçam-na, obrigando o leitor a reflectir sobre estes tempos de conflitos que vivemos.


Partilho a animação que descobri no Youtube produzida pelas bibliotecas municipais de Santiago do Cacém. 

Deixem-se deslumbrar pelas ilustrações e pelo texto. 





29 dezembro, 2019

Zeca Afonso – o andarilho da voz de ouro, de José Jorge Letria




OPINIÃO

Livro infantil com uma escrita muito poética e com ilustrações maravilhosas que explica muito bem quem foi Zeca Afonso, o seu papel como poeta e cantor de intervenção, grande defensor da Liberdade.