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10 outubro, 2024

Han Kang vence Prémio Nobel da Literatura 2024

 

                                                         Foto retirada da Internet


 A Academia Sueca distinguiu a escritora sul-coreana, Han Kang, «pela sua prosa poética intensa que confronta traumas históricos e expõe a fragilidade da vida humana» e pela sua «consciência única das ligações entre o corpo e a alma, os vivos e os mortos», inovadora na prosa contemporânea, através do seu «estilo poético e experimental».

Han Kang é a 18.ª mulher a receber o Nobel de Literatura entre os 121 laureados. É a primeira escritora da Coreia do Sul a receber este prémio.
Em 2016, com A Vegetariana venceu o International Booker Prize de Ficção e, em 2018, recebeu o mesmo prémio com O Livro Branco.

A autora tem quatro livros publicados na D. Quixote: A Vegetariana (2007), Lições de Grego (2011); Atos Humanos (2014) e O Livro Branco (2016).



Li apenas um livro da autora - A Vegetariana. A minha apreciação está em   leituras...trilhos...evasões...: Han Kang (fragmentos-lte.blogspot.com) 


11 fevereiro, 2020

A Vegetariana, de Han Kang


OPINIÃO


É um romance intenso, perturbador, que levanta inúmeras questões que nos fazem reflectir. O leitor deixa-se conduzir completamente inebriado e surpreendido pela beleza da escrita e pela surpreendente história desta jovem mulher sul-coreana.

A protagonista, Yeong-hye, após ter tido um sonho terrível, decide tornar-se vegetariana. Esta decisão vai afectar radicalmente a vida de todos os membros da família. A história tripartida, é narrada a três vozes, a do marido, a do cunhado e a da irmã. Estranhamente, ou não, o enredo vai centrar-se no corpo desta mulher: na sua magreza, na sua beleza/sensualidade, na sua letargia versus violência, na sua demência, mas também na sua vontade de o controlar, de se tornar literalmente vegetal, de se transformar em árvore.

“ Preciso de regar o meu corpo. Não é desta comida que preciso, irmã, mas de água.”
“Já não preciso de comer. Posso viver sem me alimentar. A única coisa de que preciso é sol. - Que estás para aí a dizer? Julgas mesmo que te transformaste numa árvore?”

Compreendemos assim que a sua decisão inicial vai bem mais além do facto de se tornar vegetariana e essa atitude, incompreensível e inaceitável para os seus próximos e para a sociedade machista, vai provocar-lhe danos irreparáveis no corpo e na mente. Foi esta a via que Yeong-hye escolheu para se libertar da dor e da violência, para ser feliz. E o leitor aceita-a com alívio, sem tristeza.