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25 setembro, 2022

𝑨 𝑰𝒍𝒉𝒂, de Sándor Márai

 


Autor: Sándor Márai
Título: A Ilha
Tradutora: Piroska Felkai
N.º de páginas: 155
Editora: D. Quixote
Edição (3.ª): Julho 2017
Classificação: Romance
N.º de Registo: (Emp)


OPINIÃO ⭐⭐⭐⭐⭐


Em A Ilha, Sándor Márai apresenta-nos um texto conciso, intenso e perturbador que narra a dupla viagem do protagonista, Viktor Henrik Askenasi. A real, de Paris a uma estância balnear do Adriático e a interna, a dos questionamentos e reflexões que culmina no encontro de Askenasi com o destino.

O autor é exímio na descrição minuciosa dos estados de alma, dos pensamentos e das reflexões que conduzem o ser humano ao mais profundo do seu íntimo. A sua escrita torna-se visceral, de tal forma que inculca ao leitor as angústias, as dúvidas, bem como as decisões de Askenasi. De forma intensa e marcante, o leitor vive a mesma ansiedade na busca incessante da felicidade e questiona a felicidade temporária, previsível, rotineira e a sensação de vazio.

"Recordava-se feliz do trabalho feito, tinha cumprido praticamente todas as suas obrigações, tinha vivido conforme as exigências das circunstâncias e sociedade, apenas depois tinha seguido uma vida distinta, orientando-se com os instrumentos do corpo, e agora não tinha mais nada para fazer do que procurar a resposta à pergunta (…) Porque é que não conseguia encontrar satisfação? Ainda faltava dar resposta a essa pergunta. Considerou humilhante ter sucumbido de uma forma tão ridícula, e agora tinha que vaguear pelo mundo à procura da resposta noutras mulheres, tentar descobrir respostas parciais nos livros, perguntar a outros homens. «De pouco me serviram os métodos», pensou maldisposto.” (p. 103)

Askenasi aos 48 anos atravessa uma crise. Aconselhado por amigos e colegas, decide empreender uma viagem para recuperar e sobretudo encontrar as respostas às dúvidas que o assolam e que o tornam insatisfeito, ansioso e irritado. Cansou-se da mulher Anna;
Fugiu de Eliz a amante sensual e duvidosa que lhe devolveu a liberdade e a felicidade perdida com o casamento e o levou a romper com as regras estabelecidas da sociedade burguesa e conservadora em que se movimentava.

“Lembrou-se de que amara muito Anna, de tudo o que tinham feito juntos nos primeiros anos de casamento, naquele quarto quando ainda «eram desconhecidos um para o outro» e existia um certo mistério entre eles. Quando desapareceu o mistério começou o pudor.” (p. 78);

"Já levava três meses que Askenasi vivia com a mulher desconhecida [Eliz], quando começou a notar com surpresa que a felicidade ou o prazer, ou seja, aquele estado anímico extraordinário que se costuma considerar como a única recompensa pelos sofrimentos terrestres, na realidade era muito pouco parecido com aquilo que havia imaginado. O que estava vivendo era sem dúvida felicidade, mas às vezes parecia-lhe que era um estado incómodo, complexo e, no fim de contas, pouco agradável. (…) Começou a compreender que a felicidade não se podia considerar uma propriedade privada que se adquire de um momento para o outro, com uma herança da qual, posteriormente, só é preciso cuidar e evitar que seja roubada ou perca o seu valor. Tinha que a descobrir em cada meia hora, em cada minuto; manifestava-se sem aviso e, em termos gerais, era mais cansativa e irritante do que agradável e tranquilizadora.” (p. 81)

Como escreveu Saramago “É preciso sair da ilha para ver a ilha. Não nos vemos se não saímos de nós.”, também Askenasi precisou de encontrar a sua ilha para perceber a sua solidão e entender o seu destino.

Recomendo! É um livro fabuloso!


14 maio, 2022

𝑨 𝒉𝒆𝒓𝒂𝒏ç𝒂 𝒅𝒆 𝑬𝒔𝒛𝒕𝒆𝒓, de Sándor Márai

 



Autor: Sándor Márai
Título: A herança de Eszter
Tradutor: Ernesto Rodrigues
N.º de páginas: 150
Editora: D. quixote
Edição 6.ª: Fevereiro 2011
Classificação: Romance
N.º de Registo: (BE)



OPINIÃO ⭐⭐⭐⭐

Em A herança de Eszter, a narrativa desenvolve-se numa analepse, isto é, a protagonista, narradora omnisciente, conta a “história do dia em que Lajos veio ver-me pela última vez e me roubou.” (p. 7). Por isso ela conhece bem os factos, as intrigas e o carácter de Lajos, o único homem que amou em toda a sua vida.
Como um círculo que se fecha, também Eszter sentiu necessidade de rever e de narrar a sua vida de enganos, de submissão, de abandono. Fê-lo porque sentiu que, aproximando-se da morte, só assim resgataria a paz. É o ponto final de uma história de mais de vinte anos, de uma história de mentiras, de desilusões, de roubos e, contudo, de esperança e de sonho.

Vamos assistindo incrédulos a tudo o que Eszter nos narra sobre Lajos e não entendemos tanta submissão, tanta inércia, tanta cedência.
Sándor Márai é exímio na descrição psicológica das suas personagens. Numa escrita simples, profunda e sensível conta-nos a história desta mulher solteira que viveu sem brilho um amor doentio por um canalha sedutor e sem escrúpulos.
É brilhante como o carácter das personagens é desvendado e como vamos assimilando a noção de dever (“cumprir o meu dever”) da protagonista, como a sua fragilidade emocional vai num crescendo, tornando-se facilmente manipulável, permanecendo, contudo, lúcida.

Fica assim bem claro o antagonismo de carácter das duas personagens, tornando incompreensível, para o leitor, a atitude de Eszter.

Livro que se lê num dia, mas que deixa marcas porque é uma história verosímil de grande densidade psicológica.
 Recomendo.


26 fevereiro, 2019

A Gaivota de Sándor Márai


SINOPSE

Alto funcionário ministerial, culto, solitário e seguro de si próprio, o homem acaba de ditar uma ordem de enorme significado, uma decisão que, numa questão de horas afectará, inexoravelmente, milhões de pessoas. No entanto, a sua serenidade aparentemente imutável desmorona-se com o aparecimento inesperado de Aino Laine, uma formosa jovem finlandesa de nome poético, que tem uma notável semelhança com a única mulher que ele amou, morta há anos. Então, contrariando o que aconselham a prudência profissional e o decoro, este convida a mulher desconhecida para o acompanhar nessa mesma noite à ópera. 

Começa assim entre ambos um diálogo íntimo e profundo, um arriscado jogo de sedução, onde a paixão, a nostalgia e a força do destino provocam uma perturbante transformação no sólido equilíbrio burguês de um homem sensato e honrado. Publicado pela primeira vez em 1943 — um período da Segunda Guerra Mundial de extraordinária tensão e incerteza na Hungria, cujo regime tinha alinhado com a Alemanha nazi — A Gaivota é mais um exemplo da prosa incomparável, incisiva e intransigente de Sándor Márai, um dos maiores escritores do século XX.


OPINIÃO

Livro magistralmente escrito. De leitura complexa, apresenta uma escrita metafórica, densa e plena de ambiguidade, nada é dito claramente, e também porque a voz do narrador (escrita na 3.ª pessoa) se confunde com os pensamentos da personagem. Obra portentosa, envolvente, onde o poder das palavras é esmagador e a manipulação do segredo é levada até ao fim. 


Numa mescla de realidade e onírico, a trama da história situa-se em plena segunda guerra mundial e é através de monólogos e de diálogos íntimos e profundos, que o leitor vai tomando conhecimento, lentamente, da vida das duas personagens envolvidas: um alto funcionário ministerial, cujo nome desconhecemos e uma jovem finlandesa de nome Aino Laine/Única Onda. A chegada desta jovem vai alterar os planos do alto funcionário, desmoronar a sua serenidade e mudar o seu destino. 
De leitura obrigatória.




18 maio, 2018

As velas ardem até ao fim de Sándor Márai






É a segunda vez que leio este livro magnífico. Trata-se de uma história sobre a amizade mas também sobre o amor, a traição, a vingança (?), a solidão e o confronto em busca da verdade. 
A escrita simples mas profunda leva o leitor a refletir sobre a vida e o relacionamento de dois amigos que cresceram juntos mas que por uma circunstância, que não vou revelar, se separaram durante 41 anos. É no reencontro que o tal confronto em busca da verdade se fará.

17 outubro, 2008

Novas leituras nas bancas das livrarias



Sinopse:

"Em O Jogo do Anjo, o catalão Carlos Ruiz Zafón explora novos ângulos da cidade onde ambientou A Sombra do Vento, sucesso que já ultrapassou a marca dos 10 milhões de exemplares em todo o mundo e, no Brasil, já figura há mais de um ano na lista de mais vendidos. Enquanto guia seus leitores por cenários familiares, como a pequena livraria Sempere e Filhos e o mágico Cemitério dos Livros, Zafón constrói uma história que mistura o amor pelos livros, a paixão e a amizade. Na Barcelona dos anos 20, David Martín é um jovem escritor fracassado, obcecado por um amor impossível e abatido por uma doença fatal. Até que vê sua sorte mudar ao receber uma oferta irrecusável. "





Sinopse:

Mestre das paixões, neste romance Sándor Márai dedica-se não aos triângulos amorosos mas a outras questões igualmente susceptíveis de despertar emoções fortes: o que une um grupo de jovens revoltados contra tudo e a tudo dispostos. E arrisca-se a levar o leitor ao centro de um enredo de erros e fúrias, cumplicidades e traições, sofrimento e cobardia – de inconfessáveis atracções e de ambíguas repulsas. Porque trata das vicissitudes e aventuras de um grupo de rapazes, ou melhor, um bando, como se definem a si próprios, no final da Primavera de 1918, numa pequena cidade da Hungria distante da frente e onde a vida, aparentemente calma, é profundamente abalada pela guerra. Entregues a si próprios enquanto os pais combatem na frente, estes rapazes decidem libertar os demónios da sua revolta impelidos por um ódio ardente contra o mundo, pela sua imaginação e pela sua arrogância –e também por um erotismo, tão mais aceso quanto mais implícito –, deixando a guerra para o mundo dos adultos e inventando jogos demasiado perigosos. Um obscuro actor que se torna o seu mentor oculto, envolvendo-os nas suas perversas tramóias, acabará conduzindo-os a um trágico e inevitável epílogo.






Sinopse

Por encomenda do seu editor, um famoso escritor sul-africano radicado em Sydney, na Austrália, escreve um livro com as suas opiniões sobre os temas mais quentes do nosso tempo: conflitos étnicos, terrorismo, globalização, desastres ecológicos, experiências genéticas. Como já não é capaz de digitar os seus próprios textos, o velho escritor contrata uma vizinha, a jovem e sedutora filipina Anya, para transcrever as fitas onde grava as suas polémicas reflexões.
Diário de Um Mau Ano entrelaça esse «livro dentro do livro» com os relatos íntimos, na primeira pessoa, de Anyae do próprio escritor. O pessoal e o universal iluminam-se reciprocamente, colocando em evidência a dificuldade de comunicação entre a tradicional cultura humanista do velho autor e a energia irreverente da jovem dactilógrafa. Entretanto, Alan, o ganancioso namorado de Anya, troça de tudo aquilo em que o escritor acredita e conspira contra ele.
Comprovando mais uma vez o seu domínio sobre várias vozes, géneros e registos narrativos, Coetzee discute ao mesmo tempo o mundo contemporâneo e a sua representação no imaginário e na literatura.