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23 julho, 2024

𝒂𝒔 𝒄𝒂𝒔𝒂𝒔 𝒅𝒂𝒔 𝒄𝒐𝒊𝒔𝒂𝒔, de João Pedro Mésseder | 𝑨𝒔 𝑮𝒂𝒍𝒐𝒄𝒉𝒂𝒔 𝑽𝒆𝒓𝒎𝒆𝒍𝒉𝒂𝒔, de Pedro Seromenho

 

Autor: João Pedro Mésseder |  Pedro Seromenho
Título: as casas das coisas | As Galochas vermelhas
Ilustradora: Rachel Caiano 
N.º de páginas: 43 | 34
Editora: Caminho | paleta
Edição: Setembro 2023 | 2024
Classificação: Infantil
N.º de Registo: 3607 | 3610




OPINIÃO ⭐⭐⭐⭐⭐


Dois livros encantadores que merecem ser lidos e apreciados. Dois autores diferentes, uma mesma ilustradora, Rachel Caiano. Amantes das palavras e dos traços que se completam maravilhosamente.
Apesar de diferentes, ou talvez por isso mesmo, trabalhei-os em conjunto e foi a simbiose perfeita. 
 O primeiro cheio de “casario” e de pequenos textos poéticos, convida o leitor a imaginar outras tantas casas… O segundo, narra o caminho das galochas vermelhas da Mia Flor. O caminho que lhe permite “correr, brincar e ser livre!” Ambos com desenhos FABULOSOS. Não me canso de apreciar os traços e as cores que tão bem completam e ilustram as palavras.

Após a leitura destes dois livros e, tal uma criança maravilhada, não resisti ao apelo de inventar imediatamente uma casa para as galochas. (nada de espectacular, apenas um exercício)

A casa das galochas
Abriga os pés da chuva e adora saltitar nas poças de água.
Quando vermelhas, são cor do amor.
 




07 julho, 2024

Encontro Regional Ler, escrever e contar a LIBERDADE | 4 e 5 Junho | Évora



“Lembra-me um sonho lindo,…”diz a canção do Fausto. Também eu poderia iniciar assim o meu balanço dos dois dias do Encontro passados na bela e quente cidade alentejana.

Mas não foi um sonho! Foi concreto, foi vivido, foi sentido! Por isso, adapto o verso e inicio com “lembra-me um encontro lindo,…”, um Encontro de aprendizagem, de partilha de boas práticas, de livros, de escrita, de poesia, de contos e recontos, mas também de descoberta de arte, património, gastronomia, de encontros, de conversas, de abraços, de emoções, de LIBERDADE!

Neste Encontro, no auditório da DGEsTE, visionei pequenos vídeos fabulosos que versavam, de variadíssimas formas, sobre Abril, sobre a Liberdade, … elaborados por alunos das nossas escolas.

Neste Encontro, assisti a uma esclarecida e cativante “aula” de História proferida por Fernando Rosas, que para além de nos apresentar factos da Revolução dos cravos, lembrou-me (nos), que no “entardecer sombrio” que toda a Europa vive presentemente, é importante “recorrer à leitura, ao livro, para semear a liberdade”. Obviamente, que como leitora, continuarei a lançar sementes para que a liberdade perdure, inteira e limpa.

Neste Encontro, na Escola Secundária André de Gouveia, participei activamente no Workshop “Escritas em forma de Abril”, dinamizado pelo escritor João Pedro Mésseder. Foram três horas de deslumbramento pelas palavras ditas, lidas e escritas, pelas ilustrações, pelos livros e pelas partilhas. Foram três horas de palavras claras, leves, anoitecidas, livres, musicais, … em forma de Abril.
O calor cortou-me a inspiração, mas não a liberdade de escrever, pelo que partilho o haicai que criei:

Que nunca esqueças
a clara madrugada
de abril pintada


  

Ao entardecer, na companhia bem disposta e amiga de mais seis companheiros de luta, entenda-se, de bibliotecas escolares, deambulámos pelas ruas à descoberta do património, da gastronomia (que belo repasto!) e de uma temperatura abaixo dos 39.º. 

No dia seguinte, regressámos à escola secundária, e voltei a maravilhar-me, desta vez, pelas palavras e ilustrações do multifacetado Pedro Seromenho no Workshop “ O livro e a liberdade”. Tal uma criança ávida de sonhos, deixei-me conduzir pelas histórias poeticamente narradas e apreciei as ilustrações e desenhos revelados/criados. Foi um despertar de memórias, de emoções!

        

        




À tarde, assisti, de novo, à partilha de boas práticas das escolas alentejanas e ouvi João Couvaneiro que nos presenteou com uma conferência interessante sobre Educar para a Liberdade em tempos de Inteligência Artificial. Retive algumas ideias importantes e sugestões de ferramentas. Cito duas frases referidas que considero pertinentes e com as quais também concordo e que se adequam aos novos desafios da IA.
A primeira, “O exemplo não é a melhor forma de educar! É a única!”
A segunda, “Não é no dia em que se plantam as sementes, que se colhem as maçãs.”

E para terminar este longo texto que, provavelmente, poucos lerão, recorro à poesia, mais propriamente, a aforismos de João Pedro Mésseder (Inéditos)

“Liberdade: soubesses defini-la, mas apenas sabes dizer a falta que ela te faz.
Por cada Abril que semeias, mil Abris hás de colher.
A liberdade é um farol, talvez seja até um mar.”

Lucinda, Fátima, Rosa, Antónia, Rute, Mariana, Catarina e Rui (comparsas do Encontro), sei que sabem definir a Liberdade, pelo que resta-vos (nos) continuar a semear Abris. Agradeço-vos por terem partilhado comigo estes dois dias.
Ao João Pedro Mésseder e ao Pedro Seromenho agradeço as palavras, as ilustrações, os livros e, sobretudo, a liberdade na partilha dos vossos conhecimentos e experiências.

A todos os que directa e indirectamente contribuíram para a organização deste evento e que participaram nos diversos momentos, o meu bem-haja.

Marcamos Encontro para 2025. Muitas e boas leituras!


28 junho, 2024

𝑻𝒖𝒅𝒐 É 𝑺𝒆𝒎𝒑𝒓𝒆 𝑶𝒖𝒕𝒓𝒂 𝑪𝒐𝒊𝒔𝒂, de João Pedro Mésseder



Autor: João Pedro Mésseder
Título: Tudo É Sempre Outra Coisa
Ilustradora: Rachel Caiano
N.º de páginas: 41
Editora: Caminho
Edição (3.ª): Dezembro 2016
Classificação: Infantil
N.º de Registo: (BE)




OPINIÃO ⭐⭐⭐⭐


Tudo É Sempre Outra Coisa permite a cada leitor desvendar o mundo de uma forma diferente. Tal como o poeta, em pequeno, vamos, também nós, “trepar a um alto muro (…) e ver o que havia do outro lado”.
Pelo olhar poético e criativo dos dois autores, o leitor curioso deixa-se ficar suspenso no muro, e imagina o mundo de outra forma, mais belo, mais sorridente, mais luminoso.

A estrutura do livro que divide as páginas em duas tonalidades traça uma linha que dá sentido aos dois mundos – o real e o imaginado; uma coisa e outra coisa. A delicadeza, e os pormenores dos desenhos da Rachel Caiano transportam o leitor para o mundo do onírico, da fantasia. A simplicidade do traço, a utilização do carvão, o jogo das cores, completam maravilhosamente as palavras de João Pedro Mésseder. Apetece-nos seguir o olhar doce das crianças, mergulhar nos seus sonhos, embrulhar o sorriso, transformar palavras proibidas em gritos, descobrir com elas o sentido das coisas, o outro lado das coisas, das palavras já que “Como dizia certo poeta, tudo é sempre outra coisa…” (sinopse)

Ler gráfica e visualmente este belo livro é afinal assentir que “Ler um poema é descer ao fundo de um vulcão, que tanto pode estar em atividade como adormecido” .
Na minha opinião, este livro poético é um vulcão em actividade.

      


23 abril, 2024

𝑹𝒐𝒎𝒂𝒏𝒄𝒆 𝒅𝒐 25 𝒅𝒆 𝑨𝒃𝒓𝒊𝒍, de João Pedro Mésseder e Alex Gozblau (ilustrador)

 


Autor: João Pedro Mésseder
Título: Romance do 25 de Abril
Ilustrador: Alex Gozblau
N.º de páginas: 29
Editora: Caminho
Edição (6.ª): Fevereiro 2024
Classificação: Infantil/juvenil
N.º de Registo: (BE)

OPINIÃO ⭐⭐⭐⭐


João Pedro Mésseder escreveu Romance do 25 de Abril em prosa rimada e versificada e Alex Gozblau fez os desenhos.

É uma história muito bonita. É a nossa história, do antes e do depois da ditadura. A história de um menino chamado Portugal, baixinho e magrinho “que vivia à beira-mar”. O menino que “trabalhava de sol a sol”, que não frequentava a escola, que não tinha tempo para brincar e que andava sempre “co’a barriga a dar horas”.
Apesar das dificuldades, o menino era curioso, olhava à sua volta, questionava-se e sonhava com uma pátria diferente.

O menino cresceu e foi operário e soldado na guerra colonial. Lutou para realizar o sonho de um dia ver realizado os versos de um poeta atormentado “Não hei de morrer sem saber / qual a cor da liberdade”. O menino “que fora camponês e operário e em soldado se tornara” foi preso, ameaçado e torturado. Mas um dia viu o seu sonho realizar-se. O sonho que hoje celebramos e que vivemos há cinquenta anos.
Os desenhos sombrios, na primeira parte do livro, enriquecem muito o texto, pois acrescentam-lhe densidade psicológica. As figuras são bem representativas e expressivas (algumas bem conhecidas). A conjugação do desenho com a colagem produz um efeito interessante, já que permite discernir a ficção do documento histórico e, finalmente, a alteração cromática que marca o início da Liberdade transmite uma ideia de alegria, de agitação, de vitória, de “cravos mil”.
É um livro que recomendo para que se mantenha viva a memória da Liberdade estampada nos versos de Ary dos Santos "Agora ninguém mais cerra as portas que Abril abriu!!". Contudo para ser entendido pelas crianças deve ser lido e explorado por um adulto.