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12 julho, 2023

Exercício de escrita criativa com David Machado

No workshop de escrita criativa que decorreu em Évora (6/7/2023), David Machado indicou as seguintes premissas para o exercício de construção de um texto/conto:

Início: "Às oito horas, quando o despertador tocou, Catarina estava acordada há várias horas. pela primeira vez, em muitos anos, tinha atravessado uma noite inteira sozinha na cama."

No texto incluir duas das quatro frases
- "O silêncio dos últimos meses parecia mais intenso que nunca."
- "No lava-loiça os pratos sujos tinham-se acumulado."
- "as fotografias dispostas na cómoda fizeram-na sorrir."
- "Experimentou três vestidos até encontrar aquele mais adequado à situação."

Final - escolher um dos dois facultados):
- "Quando por fim se sentou ao volante do carro, apercebeu-se de que estava a chorar."
- "Na rua o calor do sol encheu-lhe o rosto."




Texto 

Às oito horas, quando o despertador tocou, Catarina estava acordada há várias horas. Pela primeira vez, em muitos anos, tinha atravessado uma noite inteira sozinha na cama.
Insone, percorreu os tempos felizes que partilhou com o companheiro. Sorriu ao recordar os livros lidos e discutidos à volta de um gin, entre beijos e carícias; os filmes vividos; os passeios,... tudo lhe veio à mente!
Por que caímos  no abismo, se éramos felizes?
Por que não soubemos manter acesa a paixão que nos unia?
Por que não soube entender que o silêncio dos últimos meses parecia mais intenso que nunca? Questionava-se Catarina.
Como fui tonta, como me deixei enganar, como não vi o óbvio?!
E agora, que vou fazer da minha vida? Manter-me nesta inércia doentia ou agarrar-me à vida? 
Catarina levantou-se. Tinha de se apressar ou chegaria atrasada ao emprego e suportaria os olhares reprovadores e trocistas dos colegas.
Tomou um banho bem cheiroso e reconfortante, experimentou três vestidos até encontrar aquele mais adequado à situação, engoliu algo e bebericou um café.
Escolheu brilhar! Escolheu viver! 
Pegou na mala e nas chaves do carro. Saiu. 
Na rua, o calor do sol encheu-lhe o rosto. Sorriu. 


15 julho, 2018

Debaixo da Pele de David Machado




Livro perturbador, doloroso. Está dividido em três partes, cada uma narrada por uma personagem diferente, havendo, no entanto, pontos de contacto entre elas. Estamos perante, várias personagens traumatizadas por um passado de violências físicas ou emocionais que se instalam “debaixo da pele” e que provocam medo, pesadelos, dor e sofrimento. Pensam que isolando-se do mundo conseguirão ultrapassar a mágoa e a culpa que carregam. Mas a solidão forçada só adensa o desencanto das suas vidas e, simultaneamente, das pessoas mais próximas. No entanto, na terceira parte, pela voz de uma criança, fica a esperança de uma vida melhor, a esperança da superação do trauma e a possibilidade de amar. 

A escrita de David Machado provoca no leitor uma forte curiosidade, obrigando-o a ler continuadamente. O suspense criado à volta das personagens está muito bem construído, revelando ou sugerindo, por vezes, apenas o essencial, facto que não impede o leitor de entrar emocionalmente na pele das personagens. Pelo contrário.




22 setembro, 2013

Leituras

 
Sinopse
«Mais tarde, também eu arrancarei o coração do peito para o secar como um trapo e usar limpando apenas as coisas mais estúpidas.»

Passado nos recônditos fiordes islandeses, este romance é a voz de uma menina diferente que nos conta o que sobra depois de perder a irmã gémea. Um livro de profunda delicadeza em que a disciplina da tristeza não impede uma certa redenção e o permanente assombro da beleza.
O livro mais plástico de Valter Hugo Mãe. Um livro de ver. Uma utopia de purificar a experiência difícil e maravilhosa de se estar vivo.
 
 
 
"A Desumanização é o resultado do amor (no sentido do encantamento) do autor pela Islândia, o país da neve, do gelo e dos fiordes."
 
Miguel Real in JL 
 
 
 
 

Sinopse
 
Daniel tinha um plano, uma espécie de diário do futuro, escrito num caderno. Às vezes voltava atrás para corrigir pequenas coisas, mas, ainda assim, a vida parecia fácil - e a felicidade também. De repente, porém, tudo se complicou: Portugal entrou em colapso e Daniel perdeu o emprego, deixando de poder pagar a prestação da casa; a mulher, também desempregada, foi-se embora com os filhos à procura de melhores oportunidades; os seus dois melhores amigos encontram-se ausentes: um, Xavier, está trancado em casa há doze anos, obcecado com as estatísticas e profundamente deprimido com o facto de o site que criaram para as pessoas se entreajudarem se ter revelado um completo fracasso; o outro, Almodôvar, foi preso numa tentativa desesperada de remendar a vida. Quando pensa nos seus filhos e no filho de Almodôvar, Daniel procura perceber que tipo de esperança resta às gerações que se lhe seguem. E não quer desistir. Apesar dos escombros em que se transformou a sua vida, a sua vontade de refazer tudo parece inabalável. Porque, sem futuro, o presente não faz sentido.
Índice Médio de Felicidade é um romance admirável e extremamente actual sobre um optimista que luta até ao fim pela sua vida e pela felicidade daqueles que ama. Dramático e realista, mas com momentos hilariantes, confirma o talento de David Machado como um dos melhores ficcionistas da sua geração.