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06 março, 2020

Xerazade – A Última Noite, de Manuela Gonzaga


OPINIÃO

De início, não é uma leitura fácil e requer muita atenção, mas à medida que se vai avançando, vamos entrando na pele da personagem e vamos acompanhando as histórias mágicas narradas pela personagem, Xerazade, ao seu “amor”. A autora recupera assim a história das Mil e Uma Noites, obra fabulosa de tradição oral.
“Agora, deixa-me contar-te uma história. Mais uma.” (p. 67)

Muitas das histórias narradas fazem parte do nosso imaginário na medida em que há inúmeras referências a mitos, a heróis clássicos, a deuses, a lendas, a contos de encantar. São contos maravilhosos, escritos numa prosa poética que nos cativam e nos surpreendem porque renovados de forma brilhante. A beleza das histórias narradas por Xerazade está precisamente na interligação das histórias do passado com a sua própria vida. Confesso que por vezes é difícil destrinçar esses dois tempos, mas é isso que torna este livro surpreendente e cativante.
“Voei, sim. Sem ti. E ainda tanto para contar. Ou será esta uma desculpa para não me ir embora? É estranho. Neste cruzar de histórias, acabei por recuar tempo de mais, amor.” (p.155)



05 março, 2020

André e a Esfera Mágica, de Manuela Gonzaga


OPINIÃO

Sonhar é maravilhoso! As aventuras de André são fantásticas!
Por motivos profissionais tive de ler este livro. Já li outros livros da autora, mas desconhecia a sua literatura juvenil. Adorei. Como é bom relembrar e reviver a minha infância através da sua escrita. Identifico-me com tantas peripécias, angústias e sonhos vividos pelo André e seus amigos. História encantadora que recomendo a todos os jovens. 





08 fevereiro, 2020

Doida Não e Não! de Manuela Gonzaga


OPINIÃO

Em Doida Não e Não! Manuela Gonzaga apresenta a biografia de Maria Adelaide Coelho da Cunha internada como louca num manicómio no Porto. Personagem da alta sociedade lisboeta, herdeira do fundador do Diário de Notícias, casada com um homem de letras, Alfredo da Cunha, Maria Adelaide decide aos 48 anos abandonar tudo (casa, fortuna e conforto) e todos (marido, filho, amigos, …) para fugir com o “chauffeur” da casa, um jovem de 26 anos.
Esta história verídica, que ocorreu em 1918, destaca a inteligência e a luta feroz que esta mulher manteve contra a sua família e a sociedade conservadora e corrupta da época. Maria Adelaide numa luta desigual bateu-se por amor, pela liberdade e pela verdade, revelando uma forte lucidez.
“ (…) afirmo-o convicta porque sendo certo que não estou, nem nunca estive doida, há-de provar-se. Leva cinco, dez, quinze anos? Leva-me o resto da vida? Leve o tempo que levar; há-de provar-se.”

Mesmo nos momentos de grande sofrimento, conseguiu manter vivo o seu espírito que lhe permitiu registar tudo a que foi sujeita durante o internamento e, mais tarde, travar por escrito, nos jornais, uma batalha violentíssima contra o seu “marido ferido violentamente nos sentimentos época e no orgulho, que congemina vingança (…) a comprar testemunhos e a pagar opiniões falsas e requintadamente más, a médicos que lhas facultam a troco de uns contos de réis”.

Recomendo vivamente a leitura desta biografia, autêntica história de amor que marcou a época e que fez correr muita tinta na imprensa, em livros publicados e até na realização de um filme (Solo de Violino, de Monique Rutler, 1992). Manuela Gonzaga desenvolveu um trabalho meticuloso e rigoroso, mantendo nas citações a escrita da época e fornecendo inúmeras fontes, prova de uma intensa pesquisa em documentos vários, cartas e testemunhos.