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Neste espaço pretende-se divulgar actividades culturais/educativas/lúdicas ou simplesmente participar, partilhar opiniões, leituras, viajar...
01 julho, 2025
30 junho, 2025
Rota Literária | Festa do Livro
A Fundação Caixa Agrícola Costa Azul organizou, nos dias 27, 28 e 29 de junho, a IV Edição da Festa do Livro em Santiago do Cacém.
4
oxidadas albas líquidas povoações
onde abandonámos os corpos a sonhar
voragem do mar ruínas de sal lodo basaltos
eis a devassada nudez da terra
argilas quartzos granitos calcários
esculpidos pelo contínuo vento
ali está a vereda de giesteiras floridas
onde o sol fabrica o doloroso mel
e o corpo estendido expele imagens de água
enquanto a morte tudo corrói vagarosamente
depois continuámos pela orla branca do papel
regressámos felizes à falsidade das palavras
mas já não conseguimos ser os mesmos
que ali tinham vivido e amado
In O Medo – Uma Existência de Papel (1984/85), Al Berto, Assírio & Alvim, 2000, p. 498
28 junho, 2025
𝑩𝒊𝒐𝒈𝒓𝒂𝒇𝒊𝒂 𝒅𝒐 𝑳í𝒏𝒈𝒖𝒂, de Mário Lúcio Sousa
19 junho, 2025
𝑽𝒆𝒋𝒂𝒎 𝒄𝒐𝒎𝒐 𝒅𝒂𝒏ç𝒂𝒎𝒐𝒔, Leïla Slimani
OPINIÃO ⭐⭐⭐⭐
A narrativa foca-se em Aïcha que representa uma geração em transição entre a tradição e o desejo de emancipação. Ela estuda medicina em França, na cidade de Estrasburgo. Este facto afasta-a temporariamente das suas raízes marroquinas e aproxima-a de uma nova maneira de encarar a vida e de questionar o papel da mulher na sociedade. Os conhecimentos e amizades que aí trava, levam-na para trilhos de descobertas, de questionamento, de reflexão.
18 junho, 2025
Faz 15 anos (18.06.2010)
Não me peçam razões, que não as tenho,
Ou darei quantas queiram: bem sabemos
Que razões são palavras, todas nascem
Da mansa hipocrisia que aprendemos.
Não me peçam razões por que se entenda
A força de maré que me enche o peito,
Este estar mal no mundo e nesta lei:
Não fiz a lei e o mundo não aceito.
Não me peçam razões, ou que as desculpe,
Deste modo de amar e destruir:
Quando a noite é de mais é que amanhece
A cor de primavera que há-de vir.
16 junho, 2025
Um poema de Joaquim Cardoso Dias
estas árvores tocam
com as folhas
o murmúrio das searas
os dedos húmidos da paisagem
o branco vivo
de um pássaro a correr nas mãos
choram o poeta triste
do outro lado da floresta
longe
muito longe dessas terras
esse rio de árvores e de pássaros
levantando no silêncio
todas as suas asas azuis
bebendo do rumor dos beirados
essa luz doente
para adormecer assim
no prolongamento dos ombros
nesses abraços de olhos nos olhos
a mão de tocar outra mão
e um suspiro de ficar sozinho
O Preço das Casas, Joaquim Cardoso Dias
13 junho, 2025
Al Berto | 13.06.1997
Foto GR - Sines
Cromo
andamos pelo mundo
experimentando a morte
dos brancos cabelos das palavras
atravessamos a vida com o nome do medo
e o consolo dalgum vinho que nos sustém
a urgência de escrever
não se sabe para quem
o fogo a seiva das plantas eivada de astros
a vida policopiada e distribuída assim
através da língua... gratuitamente
o amargo sabor deste país contaminado
as manchas de tinta na boca ferida dos tigres de papel
enquanto durmo à velocidade dos pipelines
esboço cromos para uma colecção de sonhos lunares
e ao acordar... a incoerente cidade odeia
quem deveria amar
o tempo escoa-se na música silente deste mar
ah meu amigo... como invejo essa tarde de fogo
em que apetecia morrer e voltar
Salsugem, Al Berto
Al Berto faleceu em Lisboa no dia 13 de junho de 1997, com apenas 49 anos
12 junho, 2025
𝑫𝒐𝒓 𝒇𝒂𝒏𝒕𝒂𝒔𝒎𝒂, de Rafael Gallo
Autor: Rafael Gallo
06 junho, 2025
𝑰𝒏𝒇𝒐𝒓𝒕ú𝒏𝒊𝒐𝒔 𝒅𝒆 𝑼𝒎 𝑮𝒐𝒗𝒆𝒓𝒏𝒂𝒅𝒐𝒓 𝒏𝒐𝒔 𝑻𝒓ó𝒑𝒊𝒄𝒐𝒔, de Germano Almeida
OPINIÃO ⭐⭐⭐
01 junho, 2025
30 maio, 2025
𝑨 𝑳𝒆𝒃𝒓𝒆 𝒅𝒆 𝑽𝒂𝒕𝒂𝒏𝒆𝒏, de Arto Paasilinna
Tradutor: Carlos Correia Monteiro de Oliveira
OPINIÃO ⭐⭐⭐⭐
26 maio, 2025
Festival de Cannes 2025
A actriz francesa Juliette Binoche presidiu o júri da competição oficial.
Palma de Ouro: Un Simple Accident, de Jafar Panahi
Grande Prémio: Sentimental Value, de Joachim Trier
Prémio do Júri ex-aequo: Sirât, de Oliver Laxe; Sound of Falling, de Mascha Schilinski
Prémio Especial do Júri: Resurrection, de Bi Gan
Melhor Direcção: Kleber Mendonça Filho, por O Agente Secreto
Melhor Argumento: Jean-Pierre e Luc Dardenne, por Jeunes Mères
Melhor Actriz: Nadia Melliti, por La Petite Dernière
Melhor Actor: Wagner Moura, por O Agente Secreto
Prémio da Crítica (FIPRESCI): O Agente Secreto, de Kleber Mendonça Filho
Prix des Cinémas Art et Essai: O Agente Secreto
Queer Palm (Láurea LGBTQIAPN+): La Petite Dernière, de Hafsia Herzi
Caméra d’Or (Melhor Filme de Estreante): The President’s Cake, de Hasan Hadi (Iraque), com menção honrosa para My Father Shadow
Prix Un Certain Regard: A Misteriosa Mirada do Flamingo, de Diego Céspedes
Palma de Curta-Metragem: I’m Glad You’re Dead Now, de Tawfeek Barhom (Palestina), com menção especial para Ali
Prémio do Júri Ecumênico: Jeunes Mères, dos irmãos Dardenne
Prémio de Cidadania: It Was Just an Accident, de Jafar Panahi
Prémio Ecoprod: Jeunes Mères, dos irmãos Dardenne
Prémio Œil d’Or (Melhor Documentário): Imago, de Déni Oumar Pitsaev
25 maio, 2025
𝑹𝒐𝒎𝒂𝒏𝒄𝒆 𝒅𝒂 𝑹𝒂𝒑𝒐𝒔𝒂, de Aquilino Ribeiro
Ilustrador: Benjamim Rabier
OPINIÃO ⭐⭐⭐⭐
21 maio, 2025
𝑨 𝑷𝒂𝒊𝒙ã𝒐 𝒔𝒆𝒈𝒖𝒏𝒅𝒐 𝑪𝒐𝒏𝒔𝒕𝒂𝒏ç𝒂 𝑯., de Maria Teresa Horta
OPINIÃO ⭐⭐⭐⭐
18 maio, 2025
𝑪𝒐𝒎𝒃𝒐𝒊𝒐𝒔 𝑹𝒊𝒈𝒐𝒓𝒐𝒔𝒂𝒎𝒆𝒏𝒕𝒆 𝑽𝒊𝒈𝒊𝒂𝒅𝒐𝒔, de Bohumil Hrabal
OPINIÃO ⭐⭐⭐⭐
15 maio, 2025
𝑪𝒂𝒓𝒕𝒂 𝒂 𝑩𝒐𝒔𝒊𝒆, de Oscar Wilde
OPINIÃO ⭐⭐⭐⭐⭐
12 maio, 2025
𝑨 𝑸𝒖𝒆𝒅𝒂 𝒅𝒖𝒎 𝑨𝒏𝒋𝒐, de Camilo Castelo Branco
OPINIÃO ⭐⭐⭐⭐⭐
09 maio, 2025
A Agulha bailarina e o Piano encantador
Foto criada por IA - Copilot | 9.05.2025
GR
08 maio, 2025
Conclave, de Edward Berger
A banda sonora e a fotografia elevam a atmosfera tensa que se verifica durante a investigação e as votações.
04 maio, 2025
Para Sempre | Carlos Drummond de Andrade
Que as mães vão-se embora?
Mãe não tem limite
É tempo sem hora
Luz que não apaga
Quando sopra o vento
E chuva desaba
Veludo escondido
Na pele enrugada
Água pura, ar puro
Puro pensamento
Morrer acontece
Com o que é breve e passa
Sem deixar vestígio
Mãe, na sua graça
É eternidade
Por que Deus se lembra
Mistério profundo
De tirá-la um dia?
Fosse eu rei do mundo
Baixava uma lei
Mãe não morre nunca
Mãe ficará sempre
Junto de seu filho
E ele, velho embora
Será pequenino
Feito grão de milho
01 maio, 2025
29 abril, 2025
𝑻𝒓𝒊𝒆𝒔𝒕𝒆, de Daša Drndić
Tradutor: António Pescada
OPINIÃO ⭐⭐⭐⭐⭐
25 abril, 2025
23 abril, 2025
Ler a Liberdade
O verso de Sophia ressoa, outra vez, com urgência: "Vemos, ouvimos e lemos não podemos ignorar".
Segredo | Maria Teresa Horta
Não contes do meu
vestido
que tiro pela cabeça
nem que corro os
cortinados
para uma sombra mais espessa
Deixa que feche o
anel
em redor do teu pescoço
com as minhas longas
pernas
e a sombra do meu poço
Não contes do meu
novelo
nem da roca de fiar
nem o que faço
com eles
a fim de te ouvir gritar
22 abril, 2025
𝑳𝒖𝒄𝒊𝒂𝒍𝒊𝒎𝒂, de Maria Velho da Costa
OPINIÃO ⭐⭐⭐⭐
Arima | Eugénio de Andrade
ARIMA
Uma gaivota – dizes.
Sim, uma gaivota
passa distante e arde.
O teu rosto é azul,
e contudo está cheio
do oiro da tarde.
Uma gaivota.
Alma do mar e tua,
abandona-se à luz.
E na boca nem eu sei
se me nasce o coração
ou é a lua.
21 abril, 2025
Papa Francisco | 1927 - 2025
«Todos, todos, todos»
266.º Papa da Igreja Católica
Nascimento: Buenos Aires, Argentina · 16 de abril de 1927
Morte: Cidade do Vaticano · 7h35 - 21 de abril de 2025 (88 anos)
Nacionalidade: argentino
Nome de nascimento: Jorge Mario Bergoglio
Progenitores: Mãe: Regina Maria Sivori Gogna (1911-1981)
Pai: Mario Giuseppe Bergoglio Vasallo (1908-1959)
Funções exercidas: - Bispo auxiliar de Buenos Aires (1992-1997)
- Arcebispo coadjutor de Buenos Aires (1997-1998)
- Arcebispo de Buenos Aires (1998-2013)
Congregação: Companhia de Jesus
Diocese: Diocese de Roma
Entronização: 19 de março de 2013
16 abril, 2025
Devagar | Álvaro de Campos
Não: devagar.
Devagar, porque não sei
Onde quero ir.
Há entre mim e os meus passos
Uma divergência instintiva.
Há entre quem sou e estou
Uma diferença de verbo
Que corresponde à realidade.
Quero pensar no que quer dizer
Este devagar...
Talvez o mundo exterior tenha pressa demais.
Talvez a alma vulgar queira chegar mais cedo.
TaIvez a impressão dos momentos seja muito próxima...
Talvez isso tudo...
Mas o que me preocupa é esta palavra devagar...
O que é que tem que ser devagar?
Se calhar é o universo...
A verdade manda Deus que se diga.
Mas ouviu alguém isso a Deus?
Álvaro de Campos
15 abril, 2025
Procuro-te
Procuro-te
nas palavras
nas entrelinhas
de uma página,
de outra
e de outra...
em vão
O tempo e os silêncios
impiedosos
apagam palavras,
esbatem gestos, olhares, sorrisos,
esvanecem sensibilidades
Nas noites insones
invento-te
palavras que não dirás
gestos, olhares, sorrisos que não repetirás
em vão
Sobejam-me
ilusões em ruína
silêncio
GR