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28 julho, 2021

𝑼𝒎 𝑨𝒏𝒋𝒐 𝒏𝒐 𝑻𝒓𝒂𝒑é𝒛𝒊𝒐, de Manuel da Fonseca

 



Autor: Manuel da Fonseca
Título: Um Anjo no Trapézio
N.º de páginas: 125
Editora: Caminho
Edição: Outubro 1990
Classificação: Contos
N.º de Registo: (445)



OPINIÃO ⭐⭐⭐1/2


Um Anjo no Trapézio inclui sete contos em que o espaço narrativo se situa em Lisboa e não no seu Alentejo litoral (Santiago do Cacém). Já não temos a gente humilde e trabalhadora do campo que se reúne nas praças, nas feiras, nos montes, da rua e passamos a descobrir gente infeliz, desamparada que vive com dificuldades e na incerteza, na miséria, no álcool, na doença, na violência doméstica, na solidão, na corda bamba…

Como habitualmente, Manuel da Fonseca revela uma escrita interventiva mais social que política (neste livro), retratando o povo, a sua vida. Ele exalta o ser humano, descreve-o física e psicologicamente de forma sublime, emotiva. É muito a partir destas descrições que depreendemos a vida da personagem. E nunca nos indica o final, cabe ao leitor, se assim o entender, imaginar o fado da personagem.
Não é o melhor livro do autor, na minha opinião, gostei mais dos anteriores, talvez porque se focam mais no campo, nos alentejanos. Este é todo citadino e por isso as problemáticas são diferentes, mas como já referi, a preocupação do autor em denunciar as questões sociais, mantêm-se.

Vale a pena ler Manuel da Fonseca!



27 julho, 2021

Um poema de Manuel da Fonseca





ANTES QUE SEJA TARDE

Amigo,
Tu que choras uma angústia qualquer
E falas de coisas mansas como o luar
E paradas
Como as águas de um lago adormecido,
Acorda!
Deixa de vez
As margens do regato solitário onde miras
Como se fosses a tua namorada.
Abandona o jardim sem flores
Desse país inventado
Onde tu és o único habitante.
Deixa os desejos sem rumo
Do barco ao deus-dará
E esse ar de renúncia
Às coisas do mundo.
Acorda, amigo,
Liberta-te dessa paz podre de milagre
Que existe
Apenas na tua imaginação.
Abre os olhos e olha
Abre os braços e luta!
Amigo,
Antes de a morte vir
Nasce de vez para a vida.

Manuel da Fonseca – Poemas Completos




06 janeiro, 2018

O Fogo e as Cinzas de Manuel da Fonseca






Trata-se de mais um livro excepcional de onze contos magistralmente escritos.
Mais uma vez, o autor tem a preocupação de narrar a gente alentejana que vive em dificuldades e que reage duramente ao lento progresso que se vai instalando nas vilas. A pouco e pouco a população vai perdendo as suas características e os hábitos de convívio que mantinha no largo da vila. Os poucos que teimam em permanecer ficam condenados à pobreza e ao abandono.


11 outubro, 2017

Aldeia Nova de Manuel da Fonseca




Temos 12 pequenos contos que focam aspetos do quotidiano dos habitantes da vila Cerromaior e de outras pequenas aldeias alentejanas, dos anos trinta. São histórias simples, mas que retratam bem a realidade do povo que labuta de sol a sol, que vive com dificuldades, que parte à procura de emprego, que sofre, que morre, que vive de intrigas e de favores. A descrição do espaço envolvente é muito importante para a compreensão dos acontecimentos. Verifica-se que há uma sequência cronológica porque algumas personagens são recorrentes. É o caso de Rui Parral que aparece como criança, mais tarde como estudante universitário e ainda como adulto.
Foi bom voltar a Manuel da Fonseca, excelente escritor que marcou uma época e que considero um pouco esquecido na nossa literatura.



23 dezembro, 2012

Dois poemas




Natal, e não Dezembro

Entremos, apressados, friorentos,
numa gruta, no bojo de um navio,
num presépio, num prédio, num presídio
no prédio que amanhã for demolido...
Entremos, inseguros, mas entremos.
Entremos e depressa, em qualquer sítio,
porque esta noite chama-se Dezembro,
porque sofremos, porque temos frio.

Entremos, dois a dois: somos duzentos,
duzentos mil, doze milhões de nada.
Procuremos o rastro de uma casa,
a cave, a gruta, o sulco de uma nave...
Entremos, despojados, mas entremos.
De mãos dadas talvez o fogo nasça,
talvez seja Natal e não Dezembro,
talvez universal a consoada.


David Mourão Ferreira

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Ansiedade (e esperança)
Quero compor um poema
onde fremente
cante a vida
das florestas das águas e dos ventos.

Que o meu canto seja
no meio do temporal
uma chicotada de vento
que estremeça as estrelas
desfaça mitos
e rasgue nevoeiros — escancarando sóis!

Manuel da Fonseca

04 março, 2009



"Exposição documental sobre o poeta e escritor Manuel da Fonseca/Patrono da Biblioteca Municipal e da Escola Secundária.

Manuel da Fonseca nasceu em 15 de Outubro de 1911, em Santiago do Cacém. Aqui se manteve até completar a instrução primária.

Desde muito cedo, por influência do pai, se iniciou no mundo da leitura.Na escola, cultiva a sua paixão pela escrita.A continuação dos estudos leva-o a Lisboa onde frequenta o colégio Vasco da Gama, o Liceu Camões e a Escola Lusitânia e, mais tarde, a Escola de Belas Artes. Em 1925 publica num semanário de província os seus primeiros versos e narrativas. Foi habitual colaborador em revistas literárias, como O Pensamento, Vértice, Sol Nascente e Seara Nova. Contestatário e observador por natureza, a sua escrita era seguida de perto pela censura.
Faleceu em 11 de Março de 1993, com 81 anos."
in Programa para o mês de Março na Biblioteca Municipal Manuel da Fonseca – Santiago do Cacém