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21 março, 2022

Um poema de Gastão Cruz (20/07/1941 - 20/03/2022)

 


foto minha


Os poemas que não fiz não os fiz porque estava
dando ao meu corpo aquela espécie de alma
que não pôde a poesia nunca dar-lhe

Os poemas que fiz só os fiz porque estava
pedindo ao corpo aquela espécie de alma
que somente a poesia pode dar-lhe

Assim devolve o corpo a poesia
que se confunde com o duro sopro
de quem está vivo e às vezes não respira.

Gastão Cruz


12 fevereiro, 2009

Gastão Cruz - Prémio Literário Casino da Póvoa

Gastão Cruz é o vencedor do Prémio Literário Casino da Póvoa. A Moeda do Tempo, livro lançado em 2006 pela Assírio e Alvim,
notícia completa: correntes d'escritas

Relatório em Forma Fechada

Os estragos da noite foram vastos,
inversos ao pulsar da primavera:
há tempo em que se luta pelos gastos
rastos da vida e o tempo novo gera

desilusão somente, esse viscoso
correr da insónia como se já água
as lágrimas não fossem e no fosso
há pouco aberto qualquer outra água

de natureza opaca suspendesse
a sua interminável queda; voltas
por fim à noite espessa que já tece
a madrugada com as linhas soltas

da minha vida, versos que transformam
em realidade as sílabas que os formam

A Moeda do Tempo Assírio & Alvim (2006)