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28 janeiro, 2021

𝗨𝗺𝗮 𝗩𝗶𝗮𝗴𝗲𝗺 à Í𝗻𝗱𝗶𝗮, de Gonçalo M. Tavares


Autor: Gonçalo M. Tavares
Título: Uma Viagem à Índia
N.º de páginas: 456
Editora: Caminho
Edição: 1.ª edição 2010 / 2.ª edição 2011
Classificação: Epopeia
N.º de Registo: 2701

OPINIÃO ⭐⭐⭐⭐⭐

É admirável a escrita e a versatilidade do autor. Neste livro, estamos perante uma epopeia, a narrativa de um herói, dividida em 10 cantos, e escrita em verso (1102 estrofes). É, por isso, inevitável a comparação com a nossa obra maior Os Lusíadas, de Luís de Camões ao nível da estrutura, do destino da viagem, dos elementos da natureza, do divino e de outras referências ao longo da narrativa. Claro que há diferenças, tais como a ausência de rima, a irregularidade do número de versos de cada estrofe, o herói individual e não colectivo, entre outros aspectos.

Temos ainda, uma proposição, é-nos anunciado, logo no início, qual o propósito do livro: “Falaremos de uma viagem à Índia. /E do seu herói, Bloom” (p. 32) e uma invocação:
“Mas agora quem quer falar é quem escreve.
Que as ninfas e as musas, e ainda a minha
cabeça, me ajudem na escrita, pois escrever
assim – epopeias – é exigência de minúcia
em animal de grande porte e exigência de grandeza
em animais ferozes mas minúsculos.” (p. 320)

Quem conhecer bem a epopeia camoniana não deixará de perceber o paralelismo estabelecido nesta Melancolia Contemporânea (subtítulo).

Bloom, o nosso herói, foge de Lisboa, do passado e vai procurar a sabedoria à Índia, porém, aí, encontra decadência e hostilidade e constata que no Ocidente e no Oriente os homens são idênticos. O herói, regressa da Índia sem conquistar um novo mundo, o passado mantém-se vivo, o presente afigura-se-lhe melancólico e o futuro entediante.
“ Ele aproxima-se da mulher e o mundo prossegue,
mas nada que aconteça poderá impedir o definitivo tédio de
Bloom, o nosso herói.” (p.456)

Em conclusão, penso que, apesar do título, não estamos perante um livro de literatura de viagens, mas sim de uma viagem interior “a viagem interior de Bloom”, de aprendizagem, de auto-conhecimento, de reflexão.
Apesar de se tratar de uma leitura complexa porque navega sobre muitos assuntos, vale a pena ler, com tempo, para subtrair o essencial e reflectir.


21 novembro, 2020

𝘜𝘮 𝘏𝘰𝘮𝘦𝘮: 𝘒𝘭𝘢𝘶𝘴 𝘒𝘭𝘶𝘮𝘱, de Gonçalo M. Tavares

 


OPINIÃO


Um Homem: Klaus Klump é o primeiro livro da série O Reino. A guerra é o tema deste livro. O espaço e o tempo não estão referenciados pelo que esta guerra pode muito bem acontecer num qualquer lugar do mundo. 
“Uma sirene toca. Uma sirene militar não é um instrumento pacífico que faça dançar as mulheres. Aquela sirene fazia chorar as mulheres.” (p.37)
A escrita simples, objectiva e fragmentada evidencia a crueldade do opressor, a submissão e o aniquilamento de uma cultura e de um povo oprimido.
O autor emprega frases curtas, descreve subtilmente algumas cenas, propaga silêncios, acciona memórias, provoca emoções, levanta questões. Tudo isto em pouquíssimas páginas. As personagens vão desfilando ao longo da narrativa e o leitor vai tomando conhecimento dos actos cruéis cometidos por um poder invasor e violento. 
“Na paisagem as máquinas substituíram os animais. As máquinas não deixam fezes nos passeios, Antigamente as mulheres enojavam-se com os excrementos que os cães deixavam nos passeios. Diziam que os donos não tinham educação. Hoje as mulheres enojam-se quando cinco soldados entram em casa e pegam nelas e as violam, um soldado e depois outro.” (p.42)

O leitor entra na guerra, convive com as personagens, assiste à violência, à desumanização, à revolta, à incompreensão e finalmente à resistência e à reconstrução.

É um livro marcante que explora os sentimentos e que levanta questões pertinentes sobre a condição humana.
“A brutalidade é de uma delicadeza exuberante face às pessoas ricas; nada de novo.” (p. 57)



08 julho, 2018

A Mulher-Sem-Cabeça e o Homem-do-Mau-Olhado de Gonçalo M. Tavares





Neste livro, o primeiro de Mitologias, Gonçalo M. Tavares resgata alguns mitos (a primeira história decorre num labirinto) e apresenta-nos várias personagens fantásticas e por vezes absurdas que não são identificadas por nomes, mas por características muito próprias (Ber-lim; A mulher-ruiva; O Filho-mais-velho, entre outros). É desta forma peculiar e surreal que o autor vai descrevendo a natureza humana, por vezes cruel e perversa. 
A escrita linear e a narração rápida da ação (sem longas explicações) parecem facilitar a leitura. Mas trata-se de uma falsa aparência, isto é, a primeira leitura não satisfaz o leitor, obriga-o a recuar, a reler, a questionar-se se entendeu a mensagem, se não há possibilidades de outras leituras, de outras interpretações. E é este exercício que muito me agrada nos livros deste autor.


23 janeiro, 2012

Gonçalo M. Tavares vence Prémio Fundação Inês de Castro

Gonçalo M. Tavares foi premiado pelo romance "Uma Viagem à Índia"
Gonçalo M. Tavares foi premiado pelo romance "Uma Viagem à Índia" (Nuno Ferreira Santos) 



O escritor Gonçalo M. Tavares venceu a quinta edição do prémio literário Fundação Inês de Castro, de Coimbra, com o romance “Uma Viagem à Índia”, foi esta segunda-feira anunciado. 


O júri do prémio Fundação Inês de Castro integrou José Carlos Seabra Pereira, Mário Cláudio, Fernando Guimarães, Frederico Lourenço e Pedro Mexia.

O romance “Uma Viagem à Índia”, editado em 2010, tem por referência “Os Lusíadas”, mas é “uma narrativa de uma viagem contemporânea, no século XXI”, como explicou o autor à agência Lusa quando o livro foi lançado.

O escritor receberá o prémio - que inclui uma escultura de João Cutileiro - a 4 de Fevereiro na Quinta das Lágrimas, em Coimbra.

Nas edições anteriores, foram distinguidos Pedro Tamen, Teolinda Gersão, José Tolentino de Mendonça e Hélia Correia.

“Uma Viagem à Índia” já valeu a Gonçalo M. Tavares o Grande Prémio de Romance e Novela da Associação Portuguesa de Escritores e o Prémio Literário Fernando Namora/Estoril Sol, tendo sido ainda finalista do prémio Portugal Telecom de Literatura.

Gonçalo M. Tavares nasceu em Angola, em 1970, e já recebeu vários prémios, enhtre eles o Prémio José Saramago 2005 e o Prémio LER/Millennium BCP 2004, ambos para o romance “Jerusalém”.

12 dezembro, 2011

Leituras...


Sinopse
O novo livro de Gonçalo M. Tavares leva-nos à cidade do México, com uma ficção que nos dá a dimensão de estranheza e crueldade de uma metrópole onde as pessoas são demasiado intensas para que a prosaica busca da felicidade as interesse.

09 outubro, 2011

Gonçalo M. Tavares, Prémio Literário Fernando Namora/Estoril Sol 2011

Gonçalo M. Tavares volta a ser distinguido por “Uma Viagem à Índia”
                                              Foto: Nuno Ferreira Santos/arquivo

"Uma Viagem à Índia”, editado pela Caminho, já tinha recebido, em Junho, o Grande Prémio de Romance e Novela atribuído pela Associação Portuguesa de Escritores (APE), em conjunto com o Ministério da Cultura (MC). O livro foi ainda distinguido com o Prémio Melhor Narrativa Ficcional 2010 da Sociedade Portuguesa de Autores e com o Prémio Especial de Imprensa Melhor Livro 2010 Ler/Booktailors.

É a história de Bloom, "herói individualista", contada em prosa sobre uma grelha estrutural adoptada de "Os Lusíadas", de Luís de Camões.

Entre os finalistas do Prémio Literário Fernando Namora/Estoril Sol 2011 encontravam-se Hélia Correia (“Adoecer”), João Tordo (“O Bom Inverno”), Pedro Rosa Mendes (“Peregrinação de Enmanuel Jhesus”) e Valter Hugo Mãe (“A Máquina de Fazer Espanhóis”). 

Notícia completa in Público

27 junho, 2011

Gonçalo M. Tavares vence prémio da APE


O escritor Gonçalo M. Tavares venceu o Grande Prémio de Romance e Novela atribuído pela Associação Portuguesa de Escritores (APE), em conjunto com o Ministério da Cultura (MC), pela obra  Uma Viagem à Índia , editado pela Caminho.
“Trata-se de uma epopeia – ou anti-epopeia, como lhe chamou Eduardo Lourenço – em que um homem parte numa viagem física, mas também mental, à Índia, à procura de um mestre indiano, para descobrir que ele é, afinal, materialista”, conta.


De acordo com a APE, foram admitidas a concurso este ano, 99 obras, mais 14 do que no ano passado ,  correspondendo a 99 escritores  (74 homens, 25 mulheres), tendo a chancela de 43 editoras».

O Grande Prémio de Romance e Novela, no montante de 15 mil euros, já distinguiu 25 autores, de 16 editoras, quatro dos quais bisaram: Vergílio Ferreira, António Lobo Antunes, Agustina Bessa-Luís e Maria Gabriela Llansol.

Gonçalo M. Tavares  já recebeu vários prémios, entre os quais alguns dos mais importantes para a literatura em língua portuguesa, nomeadamente:
 - Prémio José Saramago 2005 
 - Prémio LER/Millennium BCP 2004, ambos para o romance Jerusalém.
 - Grande Prémio de Conto da Associação Portuguesa de Escritores Camilo Castelo Branco 2007, para a obra Água, cão, cavalo, cabeça.
O escritor foi ainda distinguido internacionalmente:
-  Prémio Portugal Telecom 2007
-  Prémio Internazionale Trieste 2008 (Itália) 
-   Prémio Belgrado Poesia 2009 (Sérvia) 
-  Prix du Meilleur Livre Étranger 2010 (França), para o livro «Aprender a rezar na era da técnica».

 Uma Viagem à Índia  já tinha sido distinguido com o Prémio Melhor Narrativa Ficcional 2010 da Sociedade Portuguesa de Autores e com o Prémio Especial de Imprensa Melhor Livro 2010 Ler/Booktailors.

03 junho, 2011

Gonçalo M. Tavares vence Prémio Literário dos Jovens Europeus


Lisboa, 03 jun (Lusa) -- O escritor Gonçalo M. Tavares foi distinguido com o Prémio Literário dos Jovens Europeus, com o livro "O Senhor Kraus", um dos habitantes do Bairro que criou e continua a povoar. 

Gonçalo M. Tavares recebeu na quinta-feira, em Lyon, o galardão, atribuído pela Escola Europeia de Comércio, situada em França, a esta obra, que os alunos escolheram por nela terem encontrado semelhanças com a vida política francesa da atualidade.
Publicado pela Caminho em 2005 e o quinto título da série "O Bairro", que já conta dez livros, "O Senhor Kraus" é um jornalista convidado para escrever uma crónica sobre política. Ele aceita e, para comentar os acontecimentos políticos -- coisa que faz usando de acidez e ironia --, inventa três personagens, o Chefe e os dois Auxiliares, que protagonizarão episódios e diálogos que satirizam os tiques universais dos políticos.
O escritor, de 40 anos, publicou em 10 anos, desde 2001, 29 livros de vários géneros literários -- incluindo vários romances, livros de contos, peças de teatro, uma epopeia, ensaios e poesia --, que já deram origem, em diversos países, a peças de teatro, ópera, peças radiofónicas, curtas metragens e objetos de artes plásticas, vídeos de arte, performances, projetos arquitetónicos e teses académicas.
Há cerca de 160 traduções de obras suas em curso com edição em 35 países.
Recebeu até agora alguns dos mais importantes galardões literários da língua portuguesa: o Prémio Portugal Telecom 2007, o Prémio José Saramago 2005 e o Prémio LER/Millennium BCP 2004 com o romance "Jerusalém" (Caminho), o Prémio Branquinho da Fonseca, da Fundação Calouste Gulbenkian e do jornal Expresso, com o livro "O Senhor Valéry" (Caminho), o Prémio Revelação de Poesia da Associação Portuguesa de Escritores, com "Investigações. Novalis" (Difel), e o Grande Prémio de Conto Camilo Castelo Branco 2007, atribuído pela Associação Portuguesa de Escritores a "Água, Cão, Cavalo, Cabeça" (Caminho).
O seu romance "Jerusalém" foi listado como um dos "1001 Livros Para Ler Antes de Morrer -- Um Guia Cronológico dos Mais Importantes Romances de Todos os Tempos", na edição europeia desse livro.
Um dos três livros que publicou no ano passado, a anti-epopeia "Uma Viagem à Índia" (Caminho) foi distinguido com o Prémio Melhor narrativa Ficcional 2010 da Sociedade Portuguesa de Autores e o Prémio Especial de Imprensa Melhor Livro 2010 LER/Booktailors.


ANC.
Lusa/fim

22 novembro, 2010

Gonçalo M. Tavares vence Prémio do Melhor Livro Estrangeiro 2010 em França


O escritor Gonçalo M. Tavares é o vencedor do Prémio do Melhor Livro Estrangeiro publicado em França em 2010, com o romance "Aprender a Rezar na Era da Técnica", disse hoje à Lusa o seu editor, Zeferino Coelho.
Publicado em Portugal pela Caminho em 2007, o quarto romance da série "O Reino" (depois de "Um Homem: Klaus Klump", "A Máquina de Joseph Walser" e "Jerusalém"), chegou este ano às livrarias francesas com o título "Apprendre à Prier à l'Ère de la Technique", numa tradução de Dominique Nédellec, e foi também finalista de outros dois prestigiados prémios literários franceses: Femina e Médicis.
Criado em 1948 por Robert Carlier e pelo seu amigo André Bay, em torno de um grupo informal de editores, o Prix du Meilleur Livre Étranger foi um dos primeiros prémios a debruçar-se sobre os livros traduzidos em França.
Da já longa lista de premiados, constam nomes e obras que marcaram a história da literatura, como "O Homem sem Qualidades" (1958), de Robert Musil, "Cem Anos de Solidão" (1969), de Gabriel García Marquez, ou "Auto-da-fé" (1949), de Elias Canetti, e ainda Kawabata, Soljenitsyn, Guillermo Cabrera Infante, John Updike, Adolfo Bioy Casares, Mario Vargas Llosa, Günter Grass, Salman Rushdie, Ernesto Sabato, Orhan Pamuk, Philip Roth e António Lobo Antunes, o único português até agora distinguido.
É desde 2008 patrocinado pelo hotel parisiense Regency Madeleine, onde está hoje a decorrer a cerimónia de anúncio dos vencedores e entrega dos prémios, anualmente atribuídos em duas categorias: romance e ensaio.
Compõem o júri, além de André Bay, Daniel Arsand (responsável pela literatura estrangeira nas Éditions Phebus et Auteur), Manuel Carcassonne (diretor editorial das Éditions Grasset), Gérard de Cortanze (escritor e editor da Gallimard), Nathalie Crom (responsável pelas páginas de literatura da Telerama), Solange Fasquelle (escritora e membro do júri do Prémio Femina), Anne Freyer (editora de literatura estrangeira da Seuil) e Christine Jordis (escritora e editora da Gallimard e membro do júri do Prémio Femina).
Os restantes membros são Jean-Claude Lebrun (cronista no L'Humanité), Joseph Mace-Scaron (diretor do Magazine Littéraire e diretor-adjunto da Marianne), Ivan Nabokov (editor da Plon), Joel Schmidt (escritor) e Laurent Ebzant (diretor-geral do Hyatt Regency Paris-Madeleine).

in Ipsilon