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04 maio, 2025

Para Sempre | Carlos Drummond de Andrade







Por que Deus permite
Que as mães vão-se embora?
Mãe não tem limite
É tempo sem hora
Luz que não apaga
Quando sopra o vento
E chuva desaba

Veludo escondido
Na pele enrugada
Água pura, ar puro
Puro pensamento
Morrer acontece
Com o que é breve e passa
Sem deixar vestígio

Mãe, na sua graça
É eternidade
Por que Deus se lembra
Mistério profundo
De tirá-la um dia?

Fosse eu rei do mundo
Baixava uma lei
Mãe não morre nunca
Mãe ficará sempre
Junto de seu filho
E ele, velho embora
Será pequenino
Feito grão de milho



21 abril, 2025

Papa Francisco | 1927 - 2025

 



«Todos, todos, todos»


266.º Papa da Igreja Católica

Nascimento: Buenos Aires, Argentina · 16 de abril de 1927
Morte: Cidade do Vaticano · 7h35 -  21 de abril de 2025 (88 anos)

Nacionalidade: argentino

Nome de nascimento: Jorge Mario Bergoglio
Progenitores: Mãe: Regina Maria Sivori Gogna (1911-1981)
                    Pai: Mario Giuseppe Bergoglio Vasallo (1908-1959)

Funções exercidas: - Bispo auxiliar de Buenos Aires (1992-1997)
                             - Arcebispo coadjutor de Buenos Aires (1997-1998)
                             - Arcebispo de Buenos Aires (1998-2013)

Congregação: Companhia de Jesus
Diocese: Diocese de Roma
Eleição: 13 de Março de 2013 (12 anos e 39 dias) 
Entronização: 19 de março de 2013





21 março, 2025

Dia Mundial da Poesia

 



Amar 

Eu quero amar, amar perdidamente!
Amar só por amar: Aqui… além…
Mais Este e Aquele, o Outro e toda a gente…
Amar! Amar! E não amar ninguém!

Recordar? Esquecer? Indiferente!…
Prender ou desprender? É mal? É bem?
Quem disser que se pode amar alguém
Durante a vida inteira é porque mente!

Há uma Primavera em cada vida:
É preciso cantá-la assim florida,
Pois se Deus nos deu voz, foi pra cantar!

E se um dia hei de ser pó, cinza e nada
Que seja a minha noite uma alvorada,
Que me saiba perder… pra me encontrar…

Florbela Espanca

19 março, 2025

Dia do Pai

 

                                                  O meu pai, o meu sobrinho e eu 



A voz do meu pai

Abro os olhos.
Não vejo mais meu pai.
Não ouço mais a voz de meu pai.
Estou só. Estou simples.
Não como essa poderosa
voz da terra
com que me estás chamando, pai —
porque as cores se misturam
em teu filho ainda
e a nudez e o despojamento
não se fizeram em seu canto;
mas, simples por só acreditar
que com meus passos incertos
eu governo a manhã
feito os bandos de andorinha
nas frondes do ingazeiro.

Manoel de Barros

14 fevereiro, 2025

Dia de São Valentim

No ano em que se celebram os 500 anos do aniversário de Luís Vaz de Camões, só podia assinalar esta data com um poema do poeta maior da Língua Portuguesa. 


Verdes são os campos 

Verdes são os campos,
De cor de limão:
Assim são os olhos
Do meu coração.

Campo, que te estendes
Com verdura bela;
Ovelhas, que nela
Vosso pasto tendes,
De ervas vos mantendes
Que traz o Verão,
E eu das lembranças
Do meu coração.

Gados que pasceis
Com contentamento,
Vosso mantimento
Não no entendereis;
Isso que comeis
Não são ervas, não:
São graças dos olhos
Do meu coração.


Luís de Camões


14 julho, 2024

Joyeux 14 juillet

 Claude Monet | La rue Montorgueil, Paris | 1878


Liberté 

Sur mes cahiers d’écolier
Sur mon pupitre et les arbres
Sur le sable sur la neige
J’écris ton nom

Sur toutes les pages lues
Sur toutes les pages blanches
Pierre sang papier ou cendre
J’écris ton nom

Sur les images dorées
Sur les armes des guerriers
Sur la couronne des rois
J’écris ton nom

Sur la jungle et le désert
Sur les nids sur les genêts
Sur l’écho de mon enfance
J’écris ton nom

Sur les merveilles des nuits
Sur le pain blanc des journées
Sur les saisons fiancées
J’écris ton nom

Sur tous mes chiffons d’azur
Sur l’étang soleil moisi
Sur le lac lune vivante
J’écris ton nom

Sur les champs sur l’horizon
Sur les ailes des oiseaux
Et sur le moulin des ombres
J’écris ton nom

Sur chaque bouffée d’aurore
Sur la mer sur les bateaux
Sur la montagne démente
J’écris ton nom

Sur la mousse des nuages
Sur les sueurs de l’orage
Sur la pluie épaisse et fade
J’écris ton nom

Sur les formes scintillantes
Sur les cloches des couleurs
Sur la vérité physique
J’écris ton nom

Sur les sentiers éveillés
Sur les routes déployées
Sur les places qui débordent
J’écris ton nom

Sur la lampe qui s’allume
Sur la lampe qui s’éteint
Sur mes maisons réunies
J’écris ton nom

Sur le fruit coupé en deux
Du miroir et de ma chambre
Sur mon lit coquille vide
J’écris ton nom

Sur mon chien gourmand et tendre
Sur ses oreilles dressées
Sur sa patte maladroite
J’écris ton nom

Sur le tremplin de ma porte
Sur les objets familiers
Sur le flot du feu béni
J’écris ton nom

Sur toute chair accordée
Sur le front de mes amis
Sur chaque main qui se tend
J’écris ton nom

Sur la vitre des surprises
Sur les lèvres attentives
Bien au-dessus du silence
J’écris ton nom

Sur mes refuges détruits
Sur mes phares écroulés
Sur les murs de mon ennui
J’écris ton nom

Sur l’absence sans désir
Sur la solitude nue
Sur les marches de la mort
J’écris ton nom

Sur la santé revenue
Sur le risque disparu
Sur l’espoir sans souvenir
J’écris ton nom

Et par le pouvoir d’un mot
Je recommence ma vie
Je suis né pour te connaître
Pour te nommer

Liberté.


Paul Eluard



01 junho, 2024

Quando as crianças brincam | Dia Mundial da Criança


                                   Poema: Fernando Pessoa | Música e desenhos: Victor Alexandre



QUANDO AS CRIANÇAS BRINCAM

Quando as crianças brincam
E eu as oiço brincar,
Qualquer coisa em minha alma
Começa a se alegrar.

E toda aquela infância
Que não tive me vem,
Numa onda de alegria
Que não foi de ninguém.

Se quem fui é enigma,
E quem serei visão,
Quem sou ao menos sinta
Isto no coração.


Fernando Pessoa



27 janeiro, 2024

Campo de concentração, de António Gedeão

 


Teus olhos, aves que poisas
sobre as amarguras do mundo,
e que bebem até ao fundo das coisas
como se as coisas não tivessem fundo;
teus olhos, de asas bem abertas,
povoaram de voos o claustro do meu rosto,
e interrogaram as sombras, as sombras sempre despertas
deste sono pressuposto

Vai-te. Não interrogues nada que eu não sei dizer-te nada.
Isto, e isso, e aquilo, não é isso, não é aquilo nem isto.
Não é nada.
Ou talvez não seja nada.
Ou talvez só seja isto:
um pavor de madrugada,
um mal que se chama existo.


Um poema de António Gedeão



01 setembro, 2023

O primeiro do último

 



Hoje, é o primeiro do 44.º ano.

Apresentei-me ao serviço;

preenchi papelada;

participei numa reunião (daquelas que causam urticária);

vi algumas caras novas, desinteressantes;

vi outras novas, mas já conhecidas e também desinteressantes;

saudei muitas  há muito conhecidas, cansadas, fingidas;

saudei outras tantas conhecidas, um pouco menos cansadas, menos fingidas;

abracei algumas, sorridentes; 

beijei poucas, sinceras, amigas;

senti a falta de uma jovem sorridente e bem disposta;

senti a ausência do sorriso, do olhar trocista e da elegância de uma figura esguia;

almocei em boa companhia, amiga; 

Conversámos... 

A rotina instalou-se, durará mais sete meses.

Tracei objectivos, simples, inequívocos,... 

"Nã te rales" tentarei que seja o meu lema! 




09 agosto, 2023

Mário Cesariny (09 | 08 | 1923)

                                                                         Foto GR


Onde um braço teu me procura.


Em todas as ruas te encontro
em todas as ruas te perco
conheço tão bem o teu corpo
sonhei tanto a tua figura
que é de olhos fechados que eu ando
a limitar a tua altura
e bebo a água e sorvo o ar
que te atravessou a cintura
tanto tão perto tão real
que o meu corpo se transfigura
e toca o seu próprio elemento
num corpo que já não é seu
num rio que desapareceu
onde um braço teu me procura

Em todas as ruas te encontro
em todas as ruas te perco


Mário Cesariny, in Pena Capital


18 junho, 2023

Sines vive Al Berto

 Trata-se de uma performance literária / uma apresentação que contou com a contribuição de várias pessoas da comunidade de Sines, a convite da CMS / CAS, a partir da obra Mar-de-Leva, de Al Berto.

 

7

a noite chega-me irrequieta de cíclicos ventos, cintilam peixes pelas paredes do quarto
durmo sobre as águas e tenho medo
encolho-me no leito estreito, no fundo dele, onde o linho já não fulgura
queda a queda, voo

... não consigo dormir com esta ferida
as máquinas sussurram, trepam pelas paredes, escancaram portas, invadem a casa, ocupam os sonhos
sirenes, alarmes lancinantes, cremalheiras da noite ressoando no limite do corpo

levanto-me e saio para a rua
caminho na chuva adocicada da manhã, as pedras acendem-se por dentro, reconhecem-me...
uma voz líquida arrasta-se no interior dos meus passos, ecoa pelos recantos ainda vivos do teu corpo...

... em ti acostam os barcos e a sombra dos grandes navios do mundo
vive o peixe, agitam-se algas e medusas de mil desejos
... em ti descansam os pássaros chegados doutras rotas
secam as redes, põe-se o sol
... em ti se abandona a ressaca das ondas e o sal dos meus olhos
as árvores inclinadas, os frutos e as dunas
... em ti pernoita a seiva cansada de palavras, o suco das ervas e o açúcar transparente das camarinhas
... em ti cresce o precioso silêncio, as ostras doentes e as pérolas dos mares sem rumo
... em ti se perdem os ventos, a solidão do mar e este demorado lamento

Al Berto

07 maio, 2023

Dia da Mãe

 


Beleza


Vem do amor a Beleza,
Como a luz vem da chama.
É lei da natureza:
Queres ser bela? - ama.

Formas de encantar,
Na tela o pincel
As pode pintar;
No bronze o buril
As sabe gravar;
E estátua gentil
Fazer o cinzel
Da pedra mais dura...
Mas Beleza é isso? - Não; só formosura.

Sorrindo entre dores
Ao filho que adora
Inda antes de o ver
- Qual sorri a aurora
Chorando nas flores
Que estão por nascer –
A mãe é a mais bela das obras de Deus.
Se ela ama! - O mais puro do fogo dos céus
Lhe ateia essa chama de luz cristalina:

É a luz divina
Que nunca mudou,
É luz... é a Beleza
Em toda a pureza
Que Deus a criou.

Almeida Garrett, Folhas Caídas

05 maio, 2023

Dia da Língua Portuguesa

 



Há palavras que nos beijam

Há palavras que nos beijam
Como se tivessem boca,
Palavras de amor, de esperança,
De imenso amor, de esperança louca.

Palavras nuas que beijas
Quando a noite perde o rosto,
Palavras que se recusam
Aos muros do teu desgosto.

De repente coloridas
Entre palavras sem cor,
Esperadas, inesperadas
Como a poesia ou o amor.

(O nome de quem se ama
Letra a letra revelado
No mármore distraído,
No papel abandonado)

Palavras que nos transportam
Aonde a noite é mais forte,
Ao silêncio dos amantes
Abraçados contra a morte.


Alexandre O’Neill, Há palavras que nos beijam



08 março, 2023

Dia Internacional da Mulher. Hoje e todos os outros dias!

 



Morrer de amor
ao pé da tua boca

Desfalecer
à pele
do sorriso

Sufocar
de prazer
com o teu corpo

Trocar tudo por ti
se for preciso


Maria Teresa Horta

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Amar!

Eu quero amar, amar perdidamente!
Amar só por amar: Aqui… além…
Mais Este e Aquele, o Outro e toda a gente
Amar! Amar! E não amar ninguém!

Recordar? Esquecer? Indiferente!…
Prender ou desprender? É mal? É bem?
Quem disser que se pode amar alguém
Durante a vida inteira é porque mente!

Há uma Primavera em cada vida:
É preciso cantá-la assim florida,
Pois se Deus nos deu voz, foi pra cantar!

E se um dia hei-de ser pó, cinza e nada
Que seja a minha noite uma alvorada,
Que me saiba perder… pra me encontrar…


Florbela Espanca

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Eu te dou a Prova
De que sempre amei —
Até amar — eu quase
Não vivi —

Também te demonstro
Que sempre amarei —
O amor é vida — e a vida
É Imortal —

Meu Bem — se duvidas —
Então não terei
Nada para mostrar-te —
Só a Paixão —

Emily Dickinson



01 maio, 2022

Dia da MÃE!



“Conheço a tua força, mãe, e a tua fragilidade.
Uma e outra têm a tua coragem, o teu alento vital.
Estou contigo mãe, no teu sonho permanente na tua esperança incerta
Estou contigo na tua simplicidade e nos teus gestos generosos.”

Poema de António Ramos Rosa