Mostrar mensagens com a etiqueta Gabriel Garcia Márquez. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Gabriel Garcia Márquez. Mostrar todas as mensagens

08 agosto, 2024

Nada volta a ser o mesmo

 


                                                             Tristesse |  Luc Lavroff



Nada volta a ser o mesmo duas vezes.
Nem o amor.
Nem as pessoas.
Nem a vida...
Com o tempo tudo passa.
Vi, com alguma paciência, o inesquecível tornar-se esquecido e o indispensável sobrar.

Gabriel García Márquez


27 março, 2023

𝑫𝒖𝒂𝒔 𝑺𝒐𝒍𝒊𝒅õ𝒆𝒔. 𝑶 𝑹𝒐𝒎𝒂𝒏𝒄𝒆 𝒏𝒂 𝑨𝒎é𝒓𝒊𝒄𝒂 𝑳𝒂𝒕𝒊𝒏𝒂, de Gabriel García Márquez e Mario Vargas Llosa

 


Autores: Gabriel García Márquez e Mario Vargas Llosa
Título: Duas Solidões. O Romance na América Latina
Tradutor: J. Teixeira de Aguilar
N.º de páginas: 175
Editora: D. Quixote
Edição: Outubro 2021
Classificação: Conversa/testemunhos
N.º de Registo: (3371)


OPINIÃO ⭐⭐⭐⭐


Duas Solidões. O Romance na América Latina é a transcrição do interessantíssimo embate comunicacional de dois vultos da literatura - Gabriel García Márquez (Gabo) e Vargas Llosa, ocorrido em setembro de 1967, em Lima, no Peru. Os dois escritores, já nomes promissores da literatura latino-americana, estavam em início de carreira e tinha acabado de sair o famosíssimo Cem anos de solidão.
Trata-se de uma conversa amena, elegante, esclarecedora e emocionante.
Fala-se da utilidade dos escritores, “Para que achas que serves tu como escritor?” (p. 41) perguntou Llosa logo no início da conversa; dos métodos de escrita; de convicções; do boom do romance latino-americano; do “boom de leitores”; de leituras, de influências; das próprias obras e daquilo a que se viria a chamar mais tarde de “realismo mágico”.

Para além desta conversa entre os dois Nobelizados (duas partes), a edição conta com três textos introdutórios e uma Nota preliminar. No final, conta ainda com quatro testemunhos, duas entrevistas e algumas fotografias.

Num dos textos introdutórios, Juan Gabriel Vásquez descreve desta forma brilhante os dois protagonistas: “Aqui está esse Vargas Llosa: o romancista-crítico, senhor de uma consciência exacerbada do seu ofício, sempre com o bisturi na mão. Ao lado, García Márquez faz grandes esforços para defender a sua imagem de narrador instintivo, quase selvagem, alérgico à teoria e mau explicador de si mesmo ou dos seus livros. (…) Ora bem, o diálogo é também uma encenação de duas maneiras diferentes de entender o ofício de romancista; (…) Por um lado, a generosidade intelectual de Vargas Llosa (…) e, por outro, a timidez de García Márquez” (pp. 20-21)

Penso que este livro destaca a importância da conversa quer para os leitores quer para futuros escritores e é revelador da genialidade dos seus autores, da amizade e do respeito entre ambos. É bonito perceber que entre os dois há uma enorme cumplicidade apesar das divergências existentes, como é natural.

Termino com uma resposta de Gabo a Llosa que se tornou numa das suas máximas principais: “Escrevo para que os meus amigos gostem mais de mim.”



11 setembro, 2022

𝑫𝒐 𝑨𝒎𝒐𝒓 𝒆 𝑶𝒖𝒕𝒓𝒐𝒔 𝑫𝒆𝒎ó𝒏𝒊𝒐𝒔, de Gabriel García Márquez



Autor: Gabriel García Márquez
Título: Do Amor e Outros Demónios
Tradutora: Maria do Carmo Abreu
N.º de páginas: 180
Editora: D. Quixote
Edição (10.ª): Agosto 2017
Classificação: Romance
N.º de Registo: (3301)

OPINIÃO ⭐⭐⭐⭐⭐


A prosa de Gabriel García Márquez (GGM) continua a encantar-me e a surpreender-me pelo conteúdo. O enredo surge de um acontecimento testemunhado pelo autor, na altura jovem repórter, como ele próprio nos informa no prefácio. À procura de uma notícia, GGM, no dia 26 de Outubro de 1949, vai assistir à desocupação das criptas funerárias do antigo convento de Santa Clara que ia ser vendido. Por sorte, para nós leitores, “No terceiro nicho do altar-mor, do lado do Evangelho, lá estava a notícia. (…) uma cabeleira viva, cor de cobre intensa, se espalhou para fora de cripta” (p. 13)

Este acontecimento lembra-lhe uma das várias lendas que a sua avó lhe contava. Esta conta a história de “uma marquesinha de doze anos cuja cabeleira se arrastava como a cauda de um véu de noiva, que morrera com raiva devido à dentada de um cão e que era venerada entre a população do Caribe pelos seus muitos milagres.” (pp. 13 e 14)

Assim, ao avistar os cabelos espalhados fora da cripta, GCM lembrou-se da avó e da lenda e imaginando que poderia muito bem ser a mesma criança, escreveu a sua notícia como lhe tinha sido solicitado e projectou este livro.

Não se trata de uma história feliz, pelo contrário é triste e angustiante. Desta vez, o Amor em figura de Demónio vai destruir todo o tipo de relação existente entre as várias personagens. E Sierva Maria, a protagonista, é a maior vítima. Sendo uma criança diferente, incompreendida e temida vai ser sujeita a exorcismos por se considerar que está possuída pelo Demónio.
Bem à maneira do realismo mágico que GGM tão bem popularizou e desenvolveu, temos uma história de amor, alimentada pelo desejo, repleta de mistérios, feitiços, sacrilégios, crenças. Ingredientes propícios à movimentação e actuação do Santo Ofício.
GGM, num misto de realidade e ficção, serve-se da possessão demoníaca, do sobrenatural para abordar temas como a religião, a superstição, a loucura, a diferença de culturas (negros, índios e espanhóis), a desigualdade e a repressão criadas e evidenciadas pela colonização.

Recomendo, claro! É um livro que levanta questões importantes do passado, do nosso imaginário, mas muitas ainda bem actuais e que merecem reflexão.


12 maio, 2021

𝑶 𝑨𝒎𝒐𝒓 𝒏𝒐𝒔 𝑻𝒆𝒎𝒑𝒐𝒔 𝒅𝒆 𝑪ó𝒍𝒆𝒓𝒂, de Gabriel García Márquez



Autor: Gabriel García Márquez
Título: O Amor nos Tempos de Cólera
N.º de páginas: 387
Editora: D. Quixote
Edição: 1.ª- Outubro 1987
Classificação: Romance
N.º de Registo: (3275)

OPINIÃO ⭐⭐⭐⭐⭐


Há livros que sabemos que são bons, que são de leitura obrigatória, mas que vão sendo protelados ou mesmo olvidados, até que surge uma oportunidade e então coloca-se a questão óbvia: por que razão é que não tinha ainda lido este livro?
É um livro fabuloso. Um grande romance muitíssimo bem escrito. Numa narrativa escorreita, o autor apresenta-nos uma história de amor (ou serão duas?) que ocorre em tempos de cólera, no mar das Caraíbas, num país em divergências político-sociais.

O romance, uma grande analepse, tem três protagonistas, a bela Fermina Daza e dois homens que a amam, Florentino Ariza e Juvenal Urbino. O primeiro amor, um amor muito platónico e pueril entre Florentino e Fermina é alimentado por esperas, olhares, promessas, sonhos e longas cartas, mas assim que é interceptado pelo pai dela, são imediatamente separados e o pai decide arranjar as coisas para casar a filha com o doutor Juvenal Urbino, médico respeitado, na região.
Florentino sofre uma forte desilusão e com o coração despedaçado jura esperar por ela, desejando a morte do marido. A espera revestida de um amor eterno, por vezes obsessivo, dura cinquenta e um anos, nove meses e quatro dias e termina com um final maravilhoso, mas muito improvável.

Toda a história está repleta de emoção. O realismo mágico, tão próprio do autor, torna plausível uma história com várias inverosimilhanças. Mas a linguagem poética e sensível, o uso de metáforas, o sentido de humor, a ironia e a técnica (estrutura circular) utilizada para narrar a história tornam este romance numa perfeição e o leitor que, em certos momentos, despreza Florentino Ariza, abomina o oportunismo e a superficialidade de Fermina Daza e critica a aventura, fora de casa, de Juvenal Urbino, acaba por ficar seduzido e enfeitiçado.

O Amor nos Tempos de Cólera é um romance sobre o amor e as suas contrariedades, sobre a passagem do tempo – da juventude à velhice – sobre o quotidiano de uma família marcado por hábitos conquistados ao longo de cinquenta anos de vida em comum, mas também sobre as guerras internas e a epidemia que assolam o país. Para além de um romance de amor é sobretudo um romance sobre um país e uma cultura e, ainda, sobre a redenção dos males deste mundo em que os sentimentos prevalecem sobre tudo, transpondo idades, preconceitos e conflitos.

Nesta obra, para mim das melhores de Garbo, o autor realiza com grande mestria, excelência e sensibilidade a arte de bem escrever.


04 março, 2017

Em Viagem Pela Europa de Leste de Gabriel García Márquez


Uma visão interessante dos países da cortina de ferro. O jornalista e prémio Nobel colombiano relata-nos a viagem realizada nos anos 50 a vários países de leste.





02 junho, 2014

Leituras de maio

                              



Ler ou reler a obra de Gabriel Garcia Márquez  é a melhor forma de o homenagear. Este livro narra a última viagem de El  Libertador - Simón Bolívar. Estamos perante um romance onde ficção e real se mesclam de forma extraordinária.   
O segundo livro, de Doris Lessing, apresenta quatro  contos bem diferentes, mas que retratam de forma incisiva a sociedade. É o primeiro livro que leio desta autora e a sua forma de abordar os temas, sem complexidades, conquistou-me.



17 abril, 2014

Morreu Gabriel Garcia Márquez (6-3-1927/17-4-2014)






O escritor colombiano Gabriel Garcia Márquez morreu, hoje, aos 87 anos.

Gabriel Garcia Márquez era um dos autores mais importantes do século XX. Venceu o Prémio Nobel da Literatura em 1982.


Principais obras:

Cem Anos de Solidão (1967)
Relato de um náufrago (1970)
O Outono do Patriarca (1975)
Crónica de uma morte anunciada (1981)
Cheiro de Goiaba (1982)
O Amor nos Tempos do Cólera (1985)
Do Amor e Outros Demónios (1994)
Notícia de um sequestro (1966)
Viver para Contar (2002)
Memória de minhas putas tristes (2004)