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08 setembro, 2025

Onda Literária | 5, 6 e 7 Setembro 2025



A 3.ª Edição da Onda Literária promovida pelo Centro de Artes de Sines e Biblioteca Municipal ofereceu-nos um programa de luxo.Foram três dias intensos de iniciativas e de partilha de livros, leituras, conversas, fotografias, sorrisos, gargalhadas e abraços.
Adorei cada momento.
Descobri novos autores, confirmei valores certos da nossa literatura.
Este ano, tive o privilégio de moderar dois encontros com escritores que integram a minha lista de autores de leitura imperdível (tinha escrito obrigatória, mas alterei porque o pessoal detesta o que é obrigatório 😉)
A primeira moderação foi com Isabel Rio Novo e Paulo M. Morais e a segunda com Ondjaki. Dois momentos distintos, mas ambos enriquecedores e convincentes quanto à qualidade da obra que publicam.
Fiquei muito mais rica com as aprendizagens adquiridas e feliz com os momentos vividos.
O tempo ora quente, ora frescote, ora ainda chuvoso veio acrescentar alguma imprevisibilidade ao evento.
Apenas um lamento. Constatei, mais uma vez, que em Sines, um excelente Festival Literário não enche recintos. Valeu-nos a presença de um gato atento e curioso para colmatar um pouco esse vazio.
Até pró ano!









30 agosto, 2025

𝑶 𝑻𝒆𝒎𝒑𝒐 𝒅𝒐 𝑪ã𝒐, de Ondjaki e António Jorge Gonçalves

 



Autor: Ondjaki
Título: O Tempo do Cão
Ilustrador: António Jorge Gonçalves
N.º de páginas: ---
Editora: Caminho
Edição: Fevereiro 2025
Classificação: Conto / novela gráfica
N.º de Registo: (3679)


OPINIÃO ⭐⭐⭐⭐


 




15 maio, 2024

𝑩𝒐𝒎 𝑫𝒊𝒂 𝑪𝒂𝒎𝒂𝒓𝒂𝒅𝒂𝒔, de Ondjaki

 


Autor: Ondjaki
Título: Bom Dia Camaradas
N.º de páginas: 143
Editora: Caminho
Edição(5.ª): Novembro 2021
Classificação: Romance
N.º de Registo: (3541)



OPINIÃO ⭐⭐⭐⭐



Estas são as primeiras palavras do livro que nos agarra desde o início:

"Se, quando me acordavam, eu me lembrasse do prazer do matabicho assim de manhãzinha, eu acordava bem-disposto. Matabichar cedo em Luanda, cuia! Há assim um fresquinho quase frio que dá vontade de beber leite com café e ficar à espera do cheiro da manhã. Às vezes mesmo com os meus pais na mesa, nós fazíamos um silêncio. Se calhar estávamos mesmo a cheirar a manhã, não sei, não sei."

Bom Dia Camaradas é um romance delicioso. Ondjaki conduz-nos para a sua Luanda dos anos 80. Acompanhamos Ndalu, a criança que com uma linguagem muito própria e encantadora e uma visão ingénua (será?) nos vai narrando o seu entendimento da vida angolana e, por vezes, da portuguesa e nos vai questionando sobre a situação do país, contrapondo o antes e o depois da independência.

“- … tu gostavas quando os portugueses estavam cá?
- É o quê, menino?
- Sim, antes da independência, eles é que mandavam cá. Tu gostavas desse tempo?
- As pessoas dizem que o país estava diferente… não sei…” (p. 17)

É fascinante a escrita de Ondjaki que nos inebria com um linguajar muito próprio e poético. O recurso a metáforas e a sinestesias enriquece e fantasia a realidade difícil; a criação de personagens maravilhosas retrata com subtileza a sociedade angolana. Todas desempenham um papel fulcral no crescimento e na formação de Ndalu.

“Quando o camarada João veio nos buscar, o calor já tava insuportável. Olhei para as árvores, os pássaros estavam lá sentadinhos, não se mexiam, também deviam estar a suar. Do outro lado da rua havia barracas a vender peixe seco, esse sim, quanto mais ficasse ao sol, melhor. Aquele cheirinho abriu-me o apetite, há quem não goste, mas eu acho que o peixe seco cheirava muito bem, parece sumo concentrado de mar.” (p. 63 – Sublinhado meu).

A leitura envolve-nos e imaginamos e sentimos os espaços, o mar “verzul”, o dia-a-dia, em casa e na escola, da criança viva, inteligente e curiosa, tão ávida de saber e de contar estórias. Ondjaki recorre, de forma sublime, à ingenuidade infantil para nos revelar a situação social, económica e política do seu país. Nada é referido explicitamente, mas o leitor consegue inferir facilmente o período narrado.

Recomendo vivamente a leitura deste livro. Diverti-me imenso com as estórias vividas pelo Ndalu com os seus amigos e professores, na escola e com os seus familiares e empregados, em casa.



05 março, 2024

Encontro com o autor Ondajki - Texto de apresentação


Foto GR

Ndalu Almeida, conhecido por Ondjaki é um poeta e escritor do mundo. Nasceu e estudou em Angola (5 julho de 1977), licenciou-se em Lisboa (sociologia), fez o doutoramento em Itália e estudou ainda em Nova Iorque. O seu percurso artístico vai para além da escrita, passa pelo cinema (filmou um documentário), pelo teatro, pela pintura e em 2020 lançou-se num novo projecto ao criar a Livraria Kiela em Luanda.

As suas obras (contos, poesia, romances, novelas, teatro) estão traduzidas em várias línguas. E com elas já recebeu inúmeros prémios em Angola e no estrangeiro. Destaco o Prémio Saramago em 2013 com o romance Os Transparentes.

Quando em 2007, na Livraria A das Artes ouvi, pela primeira vez, Ondjaki falar, ou melhor, contar estórias, fiquei maravilhada e decidi nunca mais o perder de vista.

Ao ler os seus livros, acredito que Ondjaki teve uma infância de momentos de aqui, felizes, aconchegada de palavras ditas por um “tio Rui que era poeta”, por uma tia Alice que “tirava letras do bigode do tio” e sobretudo pela “avó dezanove” que tinha segredos, “gigantescas maravilhas” e que lhe contava, e se calhar ainda conta, estórias de “pirilampos cintilantes”, “pirilampos apagados”, “estrelas pirilampas”, de borboletas, de brincadeiras, de soviéticos, de transparentes…

Ondjaki, atento e sensível, cientistou a alegria, o brilho, os pirilampos, os cheiros, mas também a sua rua, o seu bairro, a sua cidade, o seu país, o seu/nosso mundo; aprendeu que olhar através de Uma escuridão bonita é sonhar, é sentir o coração, é espanadar tristezas, medos, dificuldades; entendeu que assobiar resgata a alma, desperta desejos e sentimentos e liberta o sonho (outra vez o sonho. Sempre o sonho.)

Ondjaki, na sua escrita, legou-nos o seu entendimento do mundo. Nela há prendisajens, há palavras poéticas que enlaçam, abraçam, esculpem e tornam-no xão. Como exemplo, nas estórias de Os da minha rua, fica claro pela voz de Ndalu, como as pequenas coisas são importantes para as crianças. Como os ensinamentos dos mais velhos são preciosos, sábios….

Para escrever os seus livros, Ondjaki resgata memórias, vivências, deslembramentos, sonhos e futuros. Em todos, cria universos mesclados de realidade, sentimento, imaginação, fantasia. Em todos, destaca e critica a sociedade angolana, abordando desigualdades sociais, violência (guerra), preconceitos, racismo. Em todos, manobra as palavras, como lhe escreveu Manoel de Barros, inventa palavras, brinca com os sons, os ritmos, os sentidos das palavras. Em todos imortaliza sonhos, emoções.

Por tudo isto, Ondjaki é um contador de estórias único e encantador. Gosto de o ouvir falar. Gosto de o ler. Gosto de o ler em voz alta para melhor captar a harmonia e a poesia das suas palavras.

Vou terminar, mas como Ndalu, também não gosto de despedidas. E agora, cito:  ”Nas despedidas acontece isso: a ternura toca a alegria, a alegria traz uma saudade quase triste, a saudade semeia lágrimas, e nós, as crianças, não sabemos arrumar essas coisas dentro do nosso coração.”

Será que nós, adultos, sabemos? Fica a pergunta. Eu, não vou responder, prefiro passar a palavra e escolher a ternura que toca a alegria de ter Ondjaki aqui, na nossa biblioteca para nos contar mais umas estórias e assim a nossa “escuridão ficar mais bonita”.

Biblioteca escolar ESPAB, 05 de Março de 2024
Graciosa Reis


12 dezembro, 2022

𝑶 𝑪𝒐𝒏𝒗𝒊𝒅𝒂𝒅𝒐𝒓 𝒅𝒆 𝑷𝒊𝒓𝒊𝒍𝒂𝒎𝒑𝒐𝒔, de Ondjaki

 

Autor: Ondjaki
Título: O Convidador de Pirilampos
Ilustrador: António Jorge Gonçalves
N.º de páginas: 72
Editora: Caminho
Edição: Janeiro 2017
Classificação: Infantil
N.º de Registo: (2999)


OPINIÃO ⭐⭐⭐⭐⭐


A conjugação da escrita poética e criativa de Ondjaki e a beleza do traço e das cores de António Jorge Gonçalves torna este livro numa autêntica maravilha.
“Em noites de lua nova, quando o céu finge estar só vestido de nudez, brilham penduradas as estrelas, pequenas e belas.
E na Floresta Grande?
Bem, na Floresta Grande brilham os pirilampos cintilantes.”

É a segunda obra que leio resultando do trabalho colaborativo destes dois criadores. E é engraçado que neste livro encontrei ecos do primeiro - Uma Escuridão Bonita - (livro encantador e que também recomendo), quer através da escuridão, da noite, quer mesmo pela referência ao título numa fala do menino dirigida ao avô “ – Avô, deixa te mostrar como uma escuridão pode ficar bem bonita.”

A história centra-se num menino muito curioso que tem medo do escuro e que gosta de ler o brilho dos pirilampos e de comunicar com eles, que gosta de passear na Floresta, de “cientistar” e de conversar com o seu avô sobre os seus inventos e “cientistações”.
“- Pensei que todos os pirilampos pudessem brilhar, mas nunca soube que eles comunicavam.
- Ah, mas é porque eu já cientistei os pirilampos muitas vezes.
- Já quê?
- Já cientistei… Cientistar é o que nós, os cientistas e inventores, fazemos.
Cientistamos as coisas, os animais, e alguns até cientistam o mundo. Não sabias, avô?
Não, mas gosto de aprender.”

A cumplicidade entre o avô e o menino permite criar uma bonita e educativa história de descobertas da natureza e da ciência e abordar temas como a liberdade, a confiança, a superação do medo e a sabedoria dos idosos na voz dos pirivelhos (“pirilampos apagados”) que contam histórias aos pirilampos.
“ Temos de voltar. O brilho dos pirilampos não vem da força dos corpos. Vem da força das estórias. E são os pirivelhos que as contam.”

Adorei. Recomendo.

03 agosto, 2021

𝑶 𝑳𝒊𝒗𝒓𝒐 𝒅𝒐 𝑫𝒆𝒔𝒍𝒆𝒎𝒃𝒓𝒂𝒎𝒆𝒏𝒕𝒐, de Ondjaki

 


Autor: Ondjaki
Título: O Livro do Deslembramento
N.º de páginas: 229
Editora: Caminho
Edição: Julho 2020
Classificação: Romance
N.º de Registo: (3236)

OPINIÃO ⭐⭐⭐⭐



Ondjaki é um contador de estórias cativante. Gosto de o ouvir falar. Gosto de o ler. Gosto de o ler em voz alta para melhor captar a harmonia e a poesia das suas palavras.
Neste último romance auto ficcional, ele dá voz a uma criança angolana, que vive em Luanda. Numa Luanda ainda assolada pela guerra, onde ainda impera o medo “a cidade andava cheia de silêncios” (p.228). Porém, a narrativa centra-se em grande parte numa época de paz e só no final assistimos ao reacender da guerra civil.

É então pelas lembranças e pelo olhar de Ndalu (Ndalinho) que vamos conhecendo as suas estórias e a dos camaradas adultos (família, amigos e vizinhos). São páginas de puro encanto, de sensibilidade e boa disposição. Nem tudo é verdade, mas parece que é de tão bom o registo que enleva o leitor. Mas isso não tem importância e o leitor foi informado, logo na página 16, que “em Luanda, cadavez uma pessoa não sabe passar um dia só sem inventar uma estória”

E as estórias verdadeiras ou inventadas são maravilhosas, e como "às vezes aqui quando te dizem uma coisa, é mais fácil só acreditar, duvidar dá muito trabalho e ainda traz discussões que não levam a lado nenhum” (p. 56), então deixemo-nos embalar pelas lembranças e pensamentos de Ndalinho e pelas palavras poéticas de Ondjaki.
“ gosto dessa hora de muito cedo, parece que a cabeça também fica mais limpa, com bom espaço para pensamentos
as coisas que chegam dos sonhos, os restos da noite, misturam-se com todas essas coisas frescas que penso de manhã, penso sozinho: penso de lembrar, penso de imaginar e penso ainda de misturar com todos os barulhos e as coisas que tenho de imaginar que estão a acontecer nas outras casas, nos outros quintais, depois, se a pessoa deixar os olhos fecharem, quase que recomeça a sonhar…” (p. 104)

e ainda

“ eu a olhar o olhar da tia Tó toda orgulhosa, como ela dizia, da minha língua portuguesa, ás vezes ela perguntava-me onde é que eu ia buscar tantas ideias, se eram de verdade ou inventadas, eu tinha de lhe explicar outra e outra vez que em Angola não era preciso inventar nada, ou a cidade te dava as estórias, ou a rua, ou a escola ou então havia sempre uma caixa cheia de estórias em cada família” (p.226)

É verdade, Ondjaki tem uma enorme caixa cheia de belas estórias que tão bem sabe partilhar com os seus leitores.
Recomendo muito este livro, ou qualquer um do autor. Este foi publicado em 2020 para assinalar os 20 anos de carreira literária.



13 dezembro, 2020

𝗢 𝗔𝘀𝘀𝗼𝗯𝗶𝗮𝗱𝗼𝗿, de Ondjaki

 


OPINIÃO


Trata-se de uma novela composta por cinco partes com episódios curtos e insólitos. A escrita, como habitualmente em Ondjaki, é poética e “encantadora”. A acção decorre numa aldeia, em Angola, apenas habitada por velhos e burros e um padre onde, um dia, em Outubro, chegam duas personagens. A primeira é o Assobiador, que tinha um “assobiar harmonioso e cativador”; a segunda, é um caixeiro-viajante, “vendedor de bugigangas, de objectos para distrair ou encantar”. 
Foi, porém, o assobiador que veio perturbar a pacatez da aldeia. “A música, em assobio simples, recriava um novo universo dentro da paróquia e todos os corações da assistência – padre, pombos, andorinhas, o mundo!” (p.18). 
Ao longo da história, a música, a melodia do assobiador vai resgatar a alma e libertar o sonho dos habitantes, vai alterar o comportamento das pessoas e dos animais, vai despertar desejos e sentimentos, vai causar magia.

“A magia completou-se e todos agora, incluindo a árvore, podiam partilhar o momento assobiado. (…) Era evidente, para olhos e corações, que o mundo assim tão colorido destilava imagens brutalmente simples – de ternura.” (pp. 99 e 109).

23 abril, 2020

Os Transparentes, de Ondjaki


OPINIÃO


Começo por afirmar que adoro os livros de Ondjaki. É um maravilhoso contador de estórias. E neste, tudo é encantador e comovente: a escrita poética, os nomes das personagens, o vocabulário tão particular, a mensagem…
“- não te assustes - murmurou o VendedorDeConchas abraçando-a devagarinho -, eu sou o mar a chegar perto de uma concha…
- não me assustei – sorriu Amarelinha -, estou a olhar a lua”

Este livro, como muitos dos que já publicou, tem como cenário Luanda e apresenta uma panóplia de personagens-tipo fantásticas que abarcam todas as classes sociais. 
Ondjaki revela-nos uma Luanda actual, mas muito degradada, corrupta e sobretudo desumana. A sua visão crítica desta cidade em transformação é-nos revelada de forma precisa e irónica, claro, mas também humorística. Há descrições sublimes.
“- mas quem manda em tudo isto?
- gente muito superior
- superior… como deus?
- não. Superior mesmo! Aqui em Angola há pessoas que estão a mandar mais que deus.”

É através dos modos de vida, dos dramas e sobretudo dos diálogos fabulosos das personagens que vivem no prédio, do LargoDaMaianga, que percebemos a agitação que assola o povo africano, a corrupção que reina na capital e por inerência no país, a miséria e a fome de muitos, mas também a dignidade de um povo que luta, a solidariedade dos vizinhos…

“- a verdade é ainda mais triste, Baba: não somos transparentes por não comer… nós somos transparentes porque somos pobres.” 

“era um prédio, talvez um mundo,
para haver um mundo basta haver pessoas e emoções. as emoções, chovendo eternamente no corpo das pessoas, desaguam em sonhos. as pessoas talvez não sejam mais do que sonhos ambulante de emoções derretidas no sangue contido pelas peles dos nossos corpos tão humanos. A esse mundo pode chamar-se”vida”.
nós somos a continuidade do que nos cabe ser. a espécie avança, mata progride, desencanta, permanece. a humanidade está feia – de aspeto sofrido e cheiro fétido, mas permanece
porque tem bom fundo. 

É isto! Leiam!

12 junho, 2017

Materiais para Confecção de um Espanador de Tristezas de Ondjaki




Ondjaki brinca com as palavras num universo repleto de pequenos seres como a lesma, a borboleta, a aranha, ... e em Luanda partilha as suas palavras, a sua poesia com outros grandes da música e das letras, como por exemplo Elis Regina, Rodrigo leão, Luandino Vieira, entre outros.


10 maio, 2017

Os da Minha Rua de Ondjaki



22 pequenos contos (ou serão poemas em prosa?) maravilhosos de Ondjaki. Guiados pela narração e memória de Ndalu partilhamos aventuras, vivemos momentos de alegria, tristeza, saudade, amizade, entre outros. Sentimos o cheiro das coisas e conhecemos personagens maravilhosas de uma rua onde vão crescendo.
Este livro, à semelhança de todos os que já li deste autor, encantou-me. A sua leitura faz-nos sorrir e permite-nos, apesar da sua simplicidade, conhecer um pouco melhor a sociedade angolana, da época.

Ao terminar, senti um pouco isto:
"Nas despedidas acontece isso: a ternura toca a alegria, a alegria traz uma saudade quase triste, a saudade semeia lágrimas, e nós, as crianças não sabemos arrumar essas coisas dentro do nosso coração" (pp. 101-102). (será que nós, adultos, sabemos?)



06 outubro, 2014

Leituras de setembro


    

Vol. II  
                                                  Vol. III


               


De todas estas leituras, destaco o livro de Saramago por ser a sua derradeira escrita. Livro pleno de ironia, só que desta vez soube a pouco... 


                             


05 novembro, 2013

Ondjaki vence prémio Saramago 2013






Com o romance Os transparentes o escritor angolano, de 36 anos, vence a 8ª edição do prémio José Saramago.

A distinção foi anunciada hoje, na sede da Fundação José Saramago, no mesmo dia em que é publicado o seu novo livro, Uma escuridão bonita, com ilustrações de António Jorge Gonçalves. 


É o segundo prémio que o escritor recebe este ano, depois do Prémio Fundação Nacional do Livro Infantil.



"Este prémio não é meu, este prémio é de Angola." Foi assim que Ondjaki agradeceu o prémio. "Eu não ando sozinho, faço-me acompanhar dos materiais que me passaram os mais velhos. Na palavra 'cantil' guardo a utopia, para que durante a vida eu possa não morrer de sede."

"Este é um livro sobre uma Angola que existe dentro de uma Luanda que eu procurei escrever e descrever. Fi-lo com o que tinha dentro de mim entre verdade, sentimento, imaginação. E amor. É uma leitura de carinho e de preocupação. É um abraço aos que não se acomodam mas antes se incomodam. É uma celebração da nossa festa interior, trazendo as makas, os mujimbos, algumas dores, alguns amores. Penso que todos queremos uma Angola melhor", referiu o escritor no seu discurso de agradecimento.


Instituído pela Fundação Círculo de Leitores, o prémio, que é atribuído de dois em dois anos, distingue uma obra literária no domínio da ficção, romance ou novela, escrita em língua portuguesa, por um autor com idade não superior a 35 anos à data da publicação do livro, e cuja primeira edição tenha saído em qualquer país lusófono.



Paulo José Miranda, Adriana Lisboa, José Luís Peixoto, Gonçalo M. Tavares, Valter Hugo Mãe, João Tordo e Andréa del Fuego foram os nomes premiados  nas edições anteriores.

04 novembro, 2012

Leituras

 
 
 
Sinopse:
 
Ondjaki, o escritor angolano já bem conhecido do público por obras como o assobiador (2002), quantas madrugadas tem a noite (2004), os da minha rua (2007), AvóDezanove e o segredo do soviético (2008), entre outros títulos, sempre colocou Angola, e em particular Luanda, de onde é natural, no centro da sua escrita.

Com o presente romance, de novo aparece Luanda - a Luanda atual do pós-guerra, das especificidades do seu regime democrático, do «progresso», dos grandes negócios, do «desenrasca» - como pano de fundo de uma história que é um prodígio da imaginação e um retrato social de uma riqueza surpreendente.

Combinando com rara mestria os registos lírico, humorístico e sarcástico, os transparentes dá vida a uma vasta galeria de personagens onde encontramos todos os grupos sociais, intercalando magníficos diálogos com sugestivas descrições da cidade degradada e moderna.


08 março, 2009

A MULHER

vou escrever na pedra a palavra amor - inventar uma textura na minha estória pessoal. há uma ruga na pedra sulcada pela minha lágrima. se a pedra sorrir vou me esconder no riso dela. se o vento vier vou alisar o tempo perdido e construir memórias.
primeiro vou beijar amulher, depois a pedra.

se sobrarem beijos, vou atirá-los a favor do vento.

Ondjaki, in MATERIAIS PARA CONFECÇÃO DE UM ESPANADOR DE TRISTEZAS

06 março, 2009

MATERIAIS PARA CONFECÇÃO DE UM ESPANADOR DE TRISTEZAS

Mais um belo livro de Ondjaki, desta vez de poesia , de afectos.


Corpo



em cima do que foi olhado
pela poesia

estendo o meu luando

empresto o meu corpo ao chão
e adormeço.


24 maio, 2008

Avódezanove e o Segredo do Soviético - Ondjaki


Ondjaki esteve de novo em Sines, na livraria A das Artes, para apresentar o seu novo livro.
Mais uma vez cativou pela sua simplicidade e sobretudo pela magnífica imaginação/
criatividade que coloca nas coisas mais simples da vida, e que obviamente transpõe para as suas histórias.

Ondjaki nasceu em Luanda, em 1977.
prosador e poeta, também escreve para cinema e co-realizou um documentário sobre a cidade de Luanda (“Oxalá cresçam Pitangas – histórias de Luanda”, 2006). É membro da União dos Escritores Angolanos. Alguns livros seus foram traduzidos para francês, espanhol, italiano, alemão, inglês e chinês.


LIVROS

“Actu Sanguíneu" (poesia, 2000);

"Bom Dia Camaradas" (romance, 2001);

"Momentos de Aqui" (contos, 2001);

"O Assobiador" (romance, 2002);

"Há prendisajens com o xão" (poesia, 2002);

"Quantas Madrugadas Tem a Noite" (romance, 2004);

“Ynari: a menina das cinco tranças” (infantil, 2004);

“E se amanhã o medo” (contos, 2005);

“Os da minha rua” (estórias, 2007);

“AvóDezanove e o segredo do soviético” (romance, 2008).


TRADUÇÕES

ITÁLIA
- “Il Fischiatore” - [O Assobiador]
Editora: Lavoro, 2005
Tradução de: Vincenzo Barca
- “Le aurore della notte” - [Quantas madrugadas tem a noite]
Editora: Lavoro, 2006
Tradução de: Vincenzo Barca


URUGUAY
- “Buenos días camaradas” - [Bom dia Camaradas]
Editora: Banda Oriental, 2005 (Uruguay only)
Tradução de: Ana García Iglesias


SUIÇA
- “Bonjour Camarades” - [Bom dia Camaradas]
Editora: La Joie de Lire (French rights), 2005
Tradução de: Dominique Nédellec
(also available in France)
- “Bom Dia Camaradas: Ein Roman aus Angola”
Editora: NordSüd 2006 (German rights), 2005
Tradução de: Claudia Stein
(also available in Germany)
- “Ceux de ma rue” - [“Os da minha rua”]
Editora: La Joie de Lire (French rights), 2007
Tradução de: Dominique Nédellec
(also available in France)


ESPANHA
- “Y si mañana el miedo” - [E se amanhã o medo]
Editora: Xordica, 2007, (Spanish rights)
Tradução de: Félix Romeo


INGLATERRA (UK)
- “The Whistler” - [O Assobiador]
Editora: Aflame Books, 2008
Tradução de: Richard Bartlett


CANADÁ
- “Good Morning Comrades” - [Bom dia Camaradas]
Editora: Biblioasis (rights for Canada/USA), 2008
Tradução de: Stephen Henighan


MÉXICO (em curso)
- “Buenos dias camaradas” - [Bom dia Camaradas]
Tradução de: Ana García Iglesias


CHINA / MACAU (em curso)
- “Uma escuridão bonita”
- “As asas do Golfinho”


PRÉMIOS:
- "Actu Sanguíneu" (poesia) Menção Honrosa no prémio António Jacinto (Angola, 2000).
- "E se amanhã o medo" (contos), Prémio Sagrada Esperança (Angola, 2004).
- "E se amanhã o medo" (contos), Prémio António Paulouro (Portugal, 2005).
- Finalista do prémio “Portugal TELECOM” (Brasil, 2007).