17 julho, 2021

𝑶 𝒎𝒆𝒖 𝒏𝒐𝒎𝒆 é 𝑳𝒖𝒄𝒚 𝑩𝒂𝒓𝒕𝒐𝒏, de Elizabeth Strout

 


Autor: Elizabeth Strout
Título: O meu nome é Lucy Barton
N.º de páginas: 173
Editora: Alfaguara
Edição: Setembro 2016
Classificação: autobiografia
N.º de Registo: (Emp)


OPINIÃO ⭐⭐⭐⭐


“Toda a vida me fascina” é a última frase deste pequeno e apaixonante livro. Esta frase, só por si, levar-nos-ia a pensar que a protagonista, Lucy Barton, teve uma vida fácil. Não é verdade, bem pelo contrário.
Este livro fascinante transporta-nos para o mundo das relações familiares. É numa cama de hospital, onde permanece várias semanas, que Lucy nos faz o balanço da sua vida. Saltitando entre o passado e o presente, vamos descobrindo a sua vida miserável enquanto criança e adolescente, a falta de amor dos pais, mas sobretudo da mãe, a sua saída de casa, o seu casamento, as suas duas filhas, a sua paixão pela escrita, …
Numa escrita muito sentida e subtil, a narrativa sugere, silencia, não escancara a violência, a solidão, o abandono, a falta de amor e de assunto entre mãe e filha, a conquista da cumplicidade.

Ninguém fica indiferente a esta história que coloca em foco as relações entre mães e filhas. A chegada inesperada da mãe de Lucy ao hospital vai reacender as feridas do passado, mas também vai servir de redenção. “Não tenho qualquer recordação de a minha mãe algum dia me ter beijado. Talvez me tenha beijado, contudo; posso estar enganada.” (p. 120)
A visível falta de amor, de atenção e de carinho entre mãe e filha torna estas duas mulheres melancólicas. Há uma latente urgência em compensar estas falhas, mas falta coragem para o dizer, as escassas conversas convergem para a banalidade, contudo, fica-nos a impressão de um perdão, de uma conquista, de uma aproximação.
“Talvez fosse a escuridão, apenas com a fresta de luz pálida que entrava pela porta e a constelação do magnífico Edifício Chrysler mesmo ao nosso lado aquilo que nos permitia falar de um modo como nunca antes havíamos falado. (…) Senti-me tão feliz. Oh, a felicidade de falar assim com a minha mãe!” (p. 36)

Lucy que viveu uma grande parte da sua vida numa família disfuncional, carente de tudo: de comida, de conforto, de higiene, … vai mais tarde refugiar-se nos livros e na escrita e vai escrever a “história de uma mãe que ama a sua filha. De modo imperfeito. Porque todos nós amamos de forma imperfeita. (p. 94)

Gostei de conhecer Lucy Barton e o seu “modo imperfeito” de amar a mãe e as suas duas filhas.
Recomendo!


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