11 junho, 2023

𝑩𝒊𝒃𝒍𝒊𝒐𝒕𝒆𝒄𝒂 𝑷𝒆𝒔𝒔𝒐𝒂𝒍, de Jorge Luís Borges

 


Autor: Jorge Luís Borges
Título: Biblioteca Pessoal
Tradutores: Cristina Rodriguez e Artur Guerra
N.º de páginas: 155
Editora: Quetzal
Edição: Janeiro 2023
Classificação: Textos biográficos
N.º de Registo: (3465)


OPINIÃO ⭐⭐⭐⭐⭐


Borges sempre imaginou “o paraíso como uma biblioteca” (e eu também), sempre foi um amante da leitura e sempre desempenhou as funções de bibliotecário, pelo que não se coíbe de afirmar no seu prólogo “Que outros se gabem dos livros que lhes foi dado escrever; eu gabo-me daqueles que me foi dado ler(…) penso ser um excelente leitor ou, em todo o caso, um sensível e agradecido leitor. ”

Borges é considerado, por muitos, uma autoridade no vasto mundo da literatura. Em 1985, solicitaram-lhe que selecionasse cem obras que reflectissem os seus gostos literários e que escrevesse um prólogo para cada uma delas. Não concluiu a tarefa por ter falecido, contudo ainda nos legou 64 textos. São estes textos que integram este livro Biblioteca Pessoal. Ainda, no seu prólogo Borges escreveu «Ao longo do tempo, a nossa memória vai formando uma biblioteca díspar, feita de livros, ou de páginas cuja leitura foi uma felicidade para nós e que gostaríamos de partilhar. Os textos dessa biblioteca íntima não são forçosamente famosos.[…] Esta série de livros heterogéneos é, repito, uma biblioteca de preferências”.

A organização das obras sugeridas não segue nenhuma ordem específica. Se temos autores famosos como Cortázar, Kafka, Stevenson, Poe, Dostoiévski, Melville, Wilde, Flaubert, James, Ibsen, Buzatti, Gide, Conrad, Hesse, Voltaire, Rulfo, entre muitos outros que não vou citar por se tornar uma lista exaustiva (recomendo a leitura do livro) e que não estranhamos que integrem esta biblioteca pessoal, outros há, menos conhecidos, pelo menos por mim, como Papini, Machen, Eliano, Phillpottsos, Meyrink, Beckford, Serna, Garnett, também entre outros. Borges não excluiu a literatura portuguesa da sua lista e citou O Mandarim, de Eça de Queirós. A lista, bastante heterogénea, é selectiva e reflecte bem, penso eu, o seu apurado gosto pela literatura, sem deixar de surpreender, pois nem sempre as obras mais óbvias e mais conhecidas dos autores são as citadas.

Os textos (breves biografias) que escreve para cada autor são curtos e concisos, não ultrapassa as duas páginas. Todo este poder de síntese é extraordinário. Borges consegue, com mestria apresentar o escritor, a época e uma ou mais (por vezes) obras que ele considera maiores. Nada está a mais, pelo contrário, a beleza da sua escrita incute no leitor o prazer da leitura e a vontade de descobrir novos livros e novos autores.

Termino, com a frase final do próprio Borges, no seu prólogo “Oxalá que sejas o leitor que este livro aguardava.”
Só a leitura do seu prólogo é uma autêntica preciosidade. E tal como Borges, desejo que venhas a ser um leitor desta pequena obra-prima.


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