Fila Escura
Será possível escolher-se um percurso mais absurdo?
No Corso San Martino há um formigueiro
A meio metro dos carris do elétrico,
E precisamente na cabeça do carril
Estende-se uma longa fila escura,
Toca-se uma com outra formiga,
Talvez a espiar a sua vida ou fortuna.
Enfim, estas estúpida irmãs
Obstinadas lunáticas obreiras
Escavaram na nossa a sua cidade,
Traçaram sobre os nossos os seus carris,
E percorrem-nos sem receio
Apressadas atrás dos seus subtis afazeres
Sem se preocuparem com
Não quero escrevê-lo,
Não quero escrever sobre esta fila,
Não quero escrever sobre nenhuma fila escura
13 de agosto de 1980
Primo Levi, Auschwitz, Cidade Tranquila
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