22 janeiro, 2022

𝑶 𝑪𝒐𝒏𝒕𝒐 𝒅𝒂 𝑰𝒍𝒉𝒂 𝑫𝒆𝒔𝒄𝒐𝒏𝒉𝒆𝒄𝒊𝒅𝒂, de José Saramago

 


Autor: José Saramago
Título: O conto da ilha desconhecida
N.º de páginas: 39
Editora: Caminho
Edição (3.ª): dezembro 2007
Classificação: Conto
N.º de Registo: (2643)


OPINIÃO ⭐⭐⭐⭐⭐



Já li, reli e voltei a ler este pequeno conto de Saramago, mas nunca escrevi sobre ele. Por motivos profissionais tornou-se uma leitura obrigatória e quase anual. Mas sempre que o leio, é com um prazer redobrado que acompanho o pedido do homem “dá-me uma barco” e a decisão da mulher da limpeza em acompanhá-lo à procura da ilha desconhecida. Não vou desvendar a história que narrada sublimemente nos leva a questionar sobre a nossa existência, que nos faz olhar para dentro.
A ilha desconhecida mais não é do que uma alegoria à busca interior e ao conhecimento de si próprio “(…) mas quero encontrar a ilha desconhecida, quero saber quem sou quando nela estiver, Não o sabes, Se não sais de ti, não chegas a saber quem és, (…) Que é necessário sair da ilha para ver a ilha, que não nos vemos se não nos saímos de nós,” (pp. 27 e 28)
Não desistir dos seus sonhos é outra mensagem que se retira deste pequeno texto, ou será que é a mesma? E que afinal está tudo interligado. Concretizar os sonhos mais não é do que lutar por algo que se deseja, desvendar o que nos vai na alma e, no caso, o desejo material do homem era na verdade a descoberta do seu íntimo, do seu auto-conhecimento. Não sabendo como resolver essa premissa, por si só, transferiu-a para a descoberta de uma ilha desconhecida.
“Gostar é provavelmente a melhor maneira de ter, ter deve ser a pior maneira de gostar” (p. 23)

Numa mescla de fantasia e filosofia com pinceladas de ironia, Saramago propõe-nos uma auto-reflexão e mostra-nos um caminho para a resolução das muitas dificuldades que nos vão surgindo pela vida.
Trata-se, afinal, de um conto com múltiplas viagens… a viagem de cada leitor.
Recomendo muito este conto, sobretudo para quem se quer iniciar no vasto mundo saramaguiano. Sendo um texto curto permite ao leitor abordar e adaptar-se ao estilo muito próprio do autor com pontuação reduzida, diálogos não assinalados e um ritmo peculiar. (Lê-lo em voz alta, facilita)


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