13 dezembro, 2021

𝑶𝒓𝒈𝒖𝒍𝒉𝒐 𝒆 𝑷𝒓𝒆𝒄𝒐𝒏𝒄𝒆𝒊𝒕𝒐, de Jane Austen

 

Autor: Jane Austen
Tradutora: Ângela Miranda Cardoso
Título: Orgulho e Preconceito
N.º de páginas: 396
Editora: Presença
Edição: Fevereiro 2014
Classificação: Romance
N.º de Registo: (BE)


OPINIÃO ⭐⭐⭐⭐⭐


Neste clássico de literatura inglesa, a autora retrata a sociedade da época, início do século XIX, de forma brilhante. Pela caracterização das diversas personagens percebemos o quanto as relações humanas são interesseiras e promíscuas, muitas vezes, encobertas pelo estatuto social. Fica desde logo claríssima a ideia de que para que um casamento se realize (e penso que esta é um tema predominante na obra) não importa o amor, mas sim o valor do dote. Os valores morais como a hipocrisia, os ciúmes, a ambição e a ignorância tendem a prevalecer sobre a inteligência, a honestidade, a sinceridade e o amor verdadeiro.
Ao longo da narrativa, fica assim patente a importância dada ao dinheiro bem como o orgulho e o preconceito da maioria das personagens em relação à origem das famílias.
É na descrição de personagens psicológica e emocionalmente fortes que reside a beleza da escrita de Jane Austen. Num tom sarcástico a autora desafia os padrões da época e é em Elizabeth e em Mr Darcy, personagens modeladas, isto é, que evoluem ao longo da narrativa, que se centram esses desafios. Elizabeth revela uma personalidade forte e avançada para o seu tempo. Ela carrega em si a alteração necessária às convenções sociais e culturais da época. Não receia contrariar o papel destinado à mulher, não se subjuga às normas, não aceita o casamento por conveniência, critica abertamente as atitudes, e as decisões dos seus familiares e, mais importante, acaba por assumir os seus próprios erros e de os corrigir.
O mesmo se passou com Mr. Darcy que, de início, justifica a sua arrogância devido à riqueza e privilégio social que detém, mas que por amor, se modifica e decide casar uma uma mulher humilde, de estatuto inferior, contrariando o estabelecido na família e, por consequência, na época.
Assim, entre os dois protagonistas, a relação inicial pautada pela indiferença, arrogância e preconceito acaba por evoluir e transformar-se numa relação amorosa, verdadeira e de entendimento, tendo prevalecido a inteligência e a vontade própria de cada um.
Podemos afirmar que Jane Austen conseguiu demonstrar, protagonizando momentos divertidos e caricatos, que é possível alterar as mentalidades e corrigir comportamentos. Penso que o “Ridendo castigat mores”, de Gil Vicente se aplica aqui na perfeição.


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