10 novembro, 2021

𝑵𝒆𝒎 𝒎𝒊𝒏𝒉𝒂 𝒄𝒂𝒔𝒂 é 𝒋á 𝒎𝒊𝒏𝒉𝒂 𝒄𝒂𝒔𝒂, de Eva Guimarães



Autor: Eva Guimarães
Título: Nem minha casa é já minha casa
N.º de páginas: 142
Editora: Narrativa
Edição: Abril 2018
Classificação: Testemunhos
N.º de Registo: (3201)


OPINIÃO ⭐⭐⭐⭐

Mais um testemunho de violência doméstica. Mais um testemunho de humilhação. Mas também e sobretudo um testemunho de superação.
Nada nos surpreende, neste relato. Infelizmente, é cada vez mais recorrente, os sonhos tornarem-se pesadelos e o amor transformar-se em ódio e em violência.
Ficamos chocados, sim, chocados com a violência física e sobretudo psicológica cometida pela “pessoa amada”, ficamos indignados perante a inoperância da justiça (portuguesa e espanhola) e de todos aqueles que deveriam proteger a vítima. Sentimos a dor, a solidão, a humilhação.
“Ao denunciar o seu agressor sem primeiro se pôr a salvo, tinha feito prova de uma ingenuidade suicida.
Tinha-se lançado aos lobos.
Era descobrir o caminho terrorífico que há-de percorrer a vítima que não conta com recursos, a vítima pobre.
O longo encadeamento do sofrimento, indiferença, humilhação, desídia.” (p. 58)

Ela (não é nunca referido o nome da personagem) que veio de Espanha para o Alentejo para viver a sua história de amor, vai ter de fugir para o seu país natal e tentar “recuperar a sua dignidade” e mais tarde a sua liberdade.
“Mas não era o Alentejo que Ela abandonava, os seus mares de oliveiras e de chaparros, os seus verões escaldando as searas louras, os invernos cheirando à lenha queimada nas lareiras. Isso, Ela levá-lo-ia sempre no seu coração.
O que Ela devia deixar para trás, aquilo de que fugia, era daquele casamento nefasto, daquele marido depravado e agressor.” (pp. 14 e 15)

Temos textos avulsos, sem ordem cronológica, muito bem escritos que revelam “um gesto de coragem, determinação e resiliência perante uma sucessão de factos tremendamente violentos.” (p. 141) e que pretendem servir de inspiração a outras mulheres que vivam uma situação semelhante.


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