23 outubro, 2022

𝑶𝒔 𝒍𝒊𝒗𝒓𝒐𝒔 𝒒𝒖𝒆 𝒅𝒆𝒗𝒐𝒓𝒂𝒓𝒂𝒎 𝒐 𝒎𝒆𝒖 𝒑𝒂𝒊, de Afonso Cruz

 

Autor: Afonso Cruz
Título: Os livros que devoraram o meu pai
N.º de páginas: 126
Editora: Caminho
Edição (14.ª): Julho 2021
Classificação: Novela
N.º de Registo: (BE)



OPINIÃO ⭐⭐⭐⭐


Já tinha lido Os livros que devoraram o meu pai, mas não tinha ainda escrito sobre ele. Então decidi relê-lo para emitir uma opinião.

É um livro mágico que se lê num fôlego. É um livro sobre livros e sobre a paixão pela literatura que nos transporta para o mundo real de Elias Bonfim, nos conduz numa viagem fantástica repleta de referências literárias e de histórias encantadoras que se “escondem nas partes brancas das folhas, entre as letras dos livros, nos espaços entre as palavras.” (p.64) e nos mergulha nos universos literários de A Ilha do Dr. Moreau, de H. G. Wells; O Estranho caso do Dr. Jeckyl and Mr. Hyde, de Robert Louis Stevenson; Crime e Castigo, de Dostoievski e Fahrenheit 451, de Ray Bradbury.

Elias Bonfim é o protagonista desta narrativa. Com 12 anos herda a biblioteca do pai e decide ler todos os livros, na ânsia de encontrar respostas para o desaparecimento misterioso do pai.
“Li, numa das minhas tardes passadas no sótão um conto de um escritor argentino chamado Borges, sobre um labirinto que é um deserto. Há inúmeros lugares onde um ser humano se pode perder, mas não há nenhum tão complexo como uma biblioteca.” (p. 28)

Nos longos períodos de leitura, Elias entrega-se à história e entra em amena conversa com as suas personagens. Assim, vai de enredo em enredo e numa mistura do quotidiano e do metafórico, engendra reflexões sobre o bem, o mal, a culpa e o medo, sem contudo cair na moralização.
“(…) custa-me sair das histórias que tenho vivido. Tenho visto ficções que só a realidade é que supera. E tenho um cão, (…) na realidade é Mr. Prendick (…) Um cão muito inteligente, de pelo preto e capaz de ser um animal perfeitamente racional. Característica de muitos cães e poucos homens.” (p. 76)

Recomendo para ser devorado por qualquer leitor! Porque é um livro simples e emocionante em constante diálogo com outros livros e "Porque um homem é feito dessas histórias, não é de adê-énes e músculos e ossos. Histórias." (p.126)




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