29 maio, 2021

𝑳á, 𝒐𝒏𝒅𝒆 𝒐 𝒗𝒆𝒏𝒕𝒐 𝒄𝒉𝒐𝒓𝒂, de Delia Owens

 


Autor: Delia Owens
Título: Lá, Onde o Vento Chora
N.º de páginas: 390
Editora: Porto Editora
Edição especial: Julho 2019
Classificação: Romance; YA
N.º de Registo: (Empréstimo BE)


OPINIÃO ⭐⭐⭐⭐



Esta é a história de Kya, a miúda do pantanal. Um miúda que cresce sozinha depois de ter sido abandonada por todos os elementos da sua família. Kya, aos seis anos de idade, vai ter de aprender a sobreviver.

Apesar das dificuldades sentidas inicialmente, da dor provocada pelo abandono da família, principalmente, o da mãe, pela rejeição e intolerância a que é votada pelos habitantes da povoação, pela solidão de anos e anos, poder-se-ia pensar que a narrativa iria resvalar para a tristeza e o sofrimento, pelo contrário, é um hino à liberdade, ao amor e à beleza da natureza. Há descrições belíssimas da paisagem e de algumas espécies típicas do pantanal.

“E finalmente, num momento inesperado, a dor que sentia no coração desapareceu como água na areia. Continuava presente, mas a grande profundidade. Kya poisou a mão sobre a terra viva e morne, e o pantanal passou a ser a sua mãe.” (p. 43)

Trata-se de uma narrativa de formação onde a aprendizagem da vida, a descoberta de si e do corpo, estão fortemente ligadas à natureza. Kya rege a sua vida pelos ciclos do pantanal, descobre o seu corpo e os comportamentos humanos através da observação atenta dos animais. Kya selvagem e solitária faz do pantanal a sua casa e dos animais os seus amigos.
“Grande parte do que sabia aprendera-o com a vida selvagem. A natureza ensinara-a, nutrira-a e protegera-a, quando mais ninguém o fizera.” (p.385)

Extremamente inteligente e sensível rapidamente aprende a defender-se de tudo e de todos, a lutar contra o preconceito e a injustiça, mas também a descobrir o amor e a desilusão. Profundamente conhecedora e defensora da vida selvagem, a miúda do pantanal não entende o comportamento do ser humano e rejeita conviver e integrar-se na sociedade. “A natureza parecia ser a única pedra firme no caminho.” (p.225)

𝑳á, 𝒐𝒏𝒅𝒆 𝒐 𝒗𝒆𝒏𝒕𝒐 𝒄𝒉𝒐𝒓𝒂 é, simultaneamente, uma história deliciosa e pungente. Ninguém fica indiferente à vida de Kya e à sua relação com a natureza.


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