21 março, 2012

Um poema de Sophia de Mello Breyner Andresen (1919-2004)

 


Um poema exemplar

Um poema exemplar: em linhas como: 
 «Cidade, rumor e vaivém sem paz das ruas, 
 Ó vida suja, hostil, inutilmente gasta, 
Saber que existe o mar e existem praias nuas, 
Montanhas sem nome e planícies mais vastas 
 Que o mais vasto desejo, 
 E eu estou em ti fechada e apenas vejo 
 Os muros e as paredes e não vejo 
 Nem o crescer do mar nem o mudar das luas. 
 Saber que tomas em ti a minha vida 
 E que arrastas pela sombra das paredes 
 A minha alma que fora prometida 
 Às ondas brancas e às florestas verdes» 

Sophia Andresen, in Livro Sexto

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