27 novembro, 2023

Passeio Literário a Óbidos



No âmbito da Formação Oficina de Leitura e Escrita (OLE), ministrada por Paula Cusati, no Centro de Artes em Sines, foi apresentada, na última sessão, a possibilidade de uma visita cultural a Óbidos!
Não hesitei nem um segundo. Pelo que no dia 25 de novembro,  partimos cedo em busca de informação e conhecimento Para Imaginar o Mundo! (PIM!). O nosso mundo!
Pelas 10h30, chegámos animados a Óbidos e dirigimo-nos para a Galeria Nova Ogiva (fundada em 1970, pelo escultor José Aurélio) aonde nos esperava a curadora da exposição PIM!

Mas agora que estou a relatar o dia, questiono-me se será correcto da minha parte, usar o “nós” e explanar no plural a experiência vivida ou se devo apenas cingir-me ao “eu”, isto é, ao meu sentir! Será que sentimos tudo da mesma maneira? Não, certamente!

Assim, cheguei animada e ansiosa por cumprir e aproveitar ao máximo o programa literário tão cuidadosamente elaborado pela nossa querida “professora”.

Nas ruas, apinhadas de turistas, que me conduziam à galeria fui captando imagens para memórias futuras de ruelas, escadas, vasos, portas, janelas, igrejas, … até que entrei numa mercearia/livraria! 
Que maravilha! Que mistura surpreendente e improvável! Confesso que me perdi a olhar … queria abarcar tudo e nada retive… Simplesmente, maravilhoso! 
Voltarei com tempo e calma, pensei de imediato, para descobrir os títulos das lombadas alinhadas nas prateleiras.

Continuei a percorrer a rua, desviando-me dos muitos “invasores” que por ali vagueavam em busca de souvenirs. De repente, avistei a galeria, quase vazia, porque não vende os souvenirs tão desejados! Mas oferece cultura! Palavras, desenhos, ilustrações, casas de pé, invertidas e tombadas, sonhos, caminhos para a imaginação! Era o PIM! Sim, PIM! Para imaginar o Mundo!

Para Imaginar o Mundo… como é possível?! Sim, é possível, neste espaço atraente, colorido, apelativo que convida o visitante, aquele que gosta de sentir de todas as maneiras, tudo é possível desde que corra o Risco de Ler Devagar!

Visito o lugar de pé alto e de vários pisos com a convicção de me deixar seduzir pelas ilustrações coloridas de Raúl Guridi e pelas palavras de Joana Bértholo que nos apresentam “as bestas que os livreiros têm de enfrentar diariamente”.
A visita, aparentemente divertida, revela-se numa descoberta desconcertante, já que convida a reflectir sobre a importância das livrarias independentes e da luta que travam para se defenderem das “bestas” que as atacam, para desviar o leitor dos perigos da “selva” e para alertar para as consequências cada vez que uma livraria fecha.
Após a visita, mas ainda no espaço, a curadora, Mafalda Milhões, numa conversa informal, amena e constructiva explicou a criação desta mostra que integra 75 livrarias imaginárias, desenhadas por ilustradores para homenagear José Pinho, o homem que transformou Óbidos num polo literário. Os ilustradores foram convidados a completar e a ilustrar a frase “Na minha livraria…”

A conversa foi interrompida pois aproximava-se a hora agendada para o almoço no the literary man óbidos hotel
De novo, pelo percurso, retenho imagens… mal eu sabia o que me esperava!!! (como gosto de ser surpreendida, não pesquisei nada do programa. Confiei na nossa “professora”).

O antigo convento, agora transformado em hotel, é um espaço moderno, mágico, repleto de história que nos convida a imaginar um mundo literário!
Fiquei deslumbrada! Que sala magnífica, acolhedora com sofás confortáveis à volta da lareira que convidam à leitura, com paredes revestidas de estantes de livros, com mesas decoradas com excertos de textos, poemas, capas de livros, fotos de escritores. A sala de refeições é uma autêntica biblioteca/livraria.
Book&Cook – o nome deste espaço – é o nome adequado, pois é disso que se trata. Livros e Iguarias! 
O cardápio servido esteve à altura das emoções sentidas, ou melhor, elevou a fasquia desta experiência literária. Ora vejam: bolinhas de alheira, lombinho de porco com mostarda à antiga, cheesecake de frutos vermelhos. Tudo regado com um surpreendente vinho tinto “Quinta de S. Francisco - Óbidos”, que apesar dos 13,5%, não produziu efeitos colaterais. A excelência.

Antes de abandonar o local, os passos e o olhar furtivos e curiosos levaram-me ao segundo piso para confirmar o que já suspeitava. Livros e mais livros nas paredes dos corredores, livros em estantes, secretárias, máquinas de escrever. Todo um universo propício à escrita e à leitura.
Sonhei em voltar. Pensei em Borges e como ele “imaginei o paraíso como um tipo de biblioteca (livraria)”.

O passeio literário não terminou aqui. Faltava-me descobrir O Bichinho de Conto, em Casais Brancos, às portas de Óbidos. O Bichinho de Conto é o tal espaço de Risco – uma livraria. Um “sítio aonde nos esperam”.
E que bem nos esperou e recebeu Mafalda Milhões (bem como a sua colaboradora), sim a mesma que nos falou de bestas e de bons livros e de livrarias e de ilustrações na Galeria Nova Ogiva.
Adorei descobrir que este espaço antes de ser uma livraria dinâmica e aberta a experiências que desenvolvem os sentidos, foi uma escola primária. É um sítio fabuloso. Será que este é o que a Ana Zorrinho nos incita a descobrir no seu livro?
Sim, Óbidos nas múltiplas e diversas formas de viver o livro, pode bem ser o meu !

Um grande bem-haja, à nossa “professora” Paula Cusati que nos abriu novos horizontes e mostrou sempre muita preocupação no bem-estar do seu “pequeno rebanho” de itinerantes literários.
Um bem-haja a todos os itinerantes literários que viveram e enriqueceram este passeio. 



(refrescar a página se o vídeo não aparecer devidamente)



Passeio Literário - Óbidos - Kizoa Movie Maker





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