04 dezembro, 2022

𝑼𝒎𝒂 𝑪𝒂𝒔𝒂 𝒏𝒐 𝑭𝒊𝒎 𝒅𝒐 𝑴𝒖𝒏𝒅𝒐, de Michael Cunningham

 

Autor: Michael Cunningham
Título: Uma Casa no Fim do Mundo
Tradutor: Rui Pires Cabral
N.º de páginas: 363
Editora: Gradiva
Edição (4.ª): Outubro 2003
Classificação: Romance
N.º de Registo: (3326)


OPINIÃO ⭐⭐⭐⭐⭐


Publicada em 1990, a narrativa situa-se nas décadas de 1960 a 1980. Com imensas referências musicais e cinematográficas, retrata as relações complexas de três amigos que tentam viver juntos, formando uma família pouco convencional. A narrativa foca-se nos problemas da vida familiar, nas dúvidas dos jovens, da vida adulta, no envelhecimento e na perda, mas também na amizade, no amor e ainda no desenvolvimento da SIDA na comunidade homossexual.

Narrada a quatro vozes, de forma alternada, a narrativa desenrola-se à volta das vidas de Jonathan e Bobby, amigos de infância, inseparáveis, que desenvolvem uma relação obsessiva apenas quebrada quando um deles vai para a universidade. Contudo, a relação é retomada mais tarde e alargada a Clare com quem formarão um singular triângulo amoroso.

“Bobby e eu [Clare], Jonathan e eu, o nosso amor e amizade misturados, a desequilibrada família que tínhamos tentado construir – tudo isso me parecera no dia anterior mais um disparatado episódio da minha vida.” (p.251)

Trata-se de um livro forte, sensível, inquietante, muito bem escrito. O autor escreve sem pressa, com precisão e com afeição, preocupado em dar resposta às fragilidades, às incertezas, às inquietações que assolam as personagens ao longo da narrativa e que, provavelmente serão as suas, já que o romance está na primeira pessoa. Fica claro que este livro se centra muito nas opções de vida de cada um. Marcadas por alegrias, tristezas, angústias, decepções, fugas, todas deixam “pegadas” na complexa caminhada da vida e do relacionamento humano.

É uma leitura reveladora, intimista e emocionante. Gostei da abordagem ao tema, da forma como nos apresenta a fragilidade do ser humano, as suas dúvidas, os seus pensamentos, as suas contradições, necessidades e interesses. No livro, os quatro narradores têm tempo e espaço para exporem as suas histórias, as suas visões do mundo, as suas ambições e sonhos, ou então permanecerem inertes, mergulhados nos seus pensamentos, nos seus silêncios.


Sem comentários:

Enviar um comentário