24 abril, 2021

𝑶 𝒗í𝒄𝒊𝒐 𝒅𝒐𝒔 𝒍𝒊𝒗𝒓𝒐𝒔, de Afonso Cruz



Autor: Afonso Cruz
Título: O vício dos livros
N.º de páginas: 118
Editora: Companhia das Letras
Edição: 1.ª- Abril 2021
Classificação: Reflexões
N.º de Registo: 3281


OPINIÃO ⭐⭐⭐⭐


Para assinalar o Dia Mundial do Livro, li este belíssimo livro escrito e ilustrado por Afonso Cruz. Como se trata de um livro pequeno e de breve leitura, decidi Interromper a minha leitura actual  O Infinito num Junco, de Irene Vallejo, (livro fabuloso que apaixona qualquer viciado em livros, mas de leitura bem mais lenta quer pela dimensão quer pela informação) e assim comemorar o Dia em pleno.
𝑶 𝒗í𝒄𝒊𝒐 𝒅𝒐𝒔 𝒍𝒊𝒗𝒓𝒐𝒔 reúne histórias, relatos, poemas, memórias pessoais e reflexões sobre leitores, críticos e obviamente sobre o poder dos livros.

Lego-vos o pequeno texto “Princípio de anti-Fermat” que achei delicioso (p. 45)
Quando era adolescente, ia para a escola ler. Apanhava o autocarro que levava mais tempo (hora e meia em vez de uma hora, no total) porque assim não tinha de sair e apanhar o metro, permitindo-me passar mais tempo a ler. Como a paragem de origem era perto de minha casa, havia sempre lugar no autocarro. Escolhia o último, à janela.
O princípio de Fermat diz-nos que a luz não percorre a distância mais curta, mas sim o tempo menor entre dois pontos. Um leitor, muitas vezes, tenta encontrar o caminho mais lento entre dois pontos. Era isso que eu fazia. Ia para a escola pelo caminho com mais palavras.” (sublinhado meu)

E como amanhã se comemora o Dia da Liberdade, transcrevo também um excerto do texto “Liberdade” (p.49)
“ Caminhei pelo centro da cidade com uma escritora, bastante famosa no mundo árabe, (…). Tinha sido casada, durante mais de uma década, com um homem de uma família muito conservadora, teve dois filhos e depois divorciou-se. O que aconteceu? Perguntei eu, e ela respondeu que se libertou. Como? Insisti.
- Comecei a ler e libertei-me.”

E para terminar: “Ao contrário de tantos outros vícios, o dos livros, é, na verdade, uma virtude. De facto, ter livros não é o mesmo que, por exemplo, ter dinheiro. Ter livros é como ter amigos, ter dinheiro é como ter com que pagar a amigos. (p.65)

Recomendo a todos os viciados em livros. Só mesmo aos viciados porque os não-viciados não compreenderão que “a leitura é um diálogo entre autor e leitor e que, se não houver um abalo qualquer naquele que lê, então tudo terá sido em vão.” (p.62)

    



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