13 dezembro, 2020

𝗢 𝗔𝘀𝘀𝗼𝗯𝗶𝗮𝗱𝗼𝗿, de Ondjaki

 


OPINIÃO


Trata-se de uma novela composta por cinco partes com episódios curtos e insólitos. A escrita, como habitualmente em Ondjaki, é poética e “encantadora”. A acção decorre numa aldeia, em Angola, apenas habitada por velhos e burros e um padre onde, um dia, em Outubro, chegam duas personagens. A primeira é o Assobiador, que tinha um “assobiar harmonioso e cativador”; a segunda, é um caixeiro-viajante, “vendedor de bugigangas, de objectos para distrair ou encantar”. 
Foi, porém, o assobiador que veio perturbar a pacatez da aldeia. “A música, em assobio simples, recriava um novo universo dentro da paróquia e todos os corações da assistência – padre, pombos, andorinhas, o mundo!” (p.18). 
Ao longo da história, a música, a melodia do assobiador vai resgatar a alma e libertar o sonho dos habitantes, vai alterar o comportamento das pessoas e dos animais, vai despertar desejos e sentimentos, vai causar magia.

“A magia completou-se e todos agora, incluindo a árvore, podiam partilhar o momento assobiado. (…) Era evidente, para olhos e corações, que o mundo assim tão colorido destilava imagens brutalmente simples – de ternura.” (pp. 99 e 109).

Sem comentários:

Enviar um comentário