OPINIÃO
Eram elevadas as expectativas em relação a este livro. Tão elevadas que o coloquei imediatamente na pilha dos prioritários. João Pinto Coelho já nos habituou a uma escrita cuidada, minuciosa e a um enorme talento na construção da narrativa, assente numa pesquisa rigorosa.
A acção narrada a duas vozes decorre em Itália, sob o domínio de Mussolini, em Pitigliano, uma localidade da Toscana, com características próprias e bem ilustradas ao longo da narrativa. A primeira voz, a da protagonista, Annina Bemporad, relata a sua vida de maio de 1937 a outubro de 1943; a segunda, a de Ulisse, irmão de Annina, situa-se em 1952 e surge apenas para confirmar, negar ou esclarecer algum aspecto narrado pela sua sorellina.
Trata-se de uma história cheia de emoções com muitas reviravoltas. Há personagens fascinantes e actos perturbadores que deixarão marcas na memória dos leitores. Annina, a rebelde, mas também a sonhadora, vai proporcionar-nos momentos de paixão, de ódio, de sofrimento e de vingança.
João Pinto Coelho sabe construir histórias, sabe surpreender pelas peripécias e reviravoltas que vai impondo à narrativa, sabe ludibriar, com subtileza, até ao final planeado e o leitor seduzido pela escrita poética, pela beleza das descrições e pela trama emotiva da história, deixa-se conduzir completamente embrenhado, não distinguindo a realidade da ficção, do fingimento. Em Um Tempo a Fingir tudo é inesperado e verosímil. Tudo é fabuloso.
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