21 novembro, 2020

𝘜𝘮 𝘏𝘰𝘮𝘦𝘮: 𝘒𝘭𝘢𝘶𝘴 𝘒𝘭𝘶𝘮𝘱, de Gonçalo M. Tavares

 


OPINIÃO


Um Homem: Klaus Klump é o primeiro livro da série O Reino. A guerra é o tema deste livro. O espaço e o tempo não estão referenciados pelo que esta guerra pode muito bem acontecer num qualquer lugar do mundo. 
“Uma sirene toca. Uma sirene militar não é um instrumento pacífico que faça dançar as mulheres. Aquela sirene fazia chorar as mulheres.” (p.37)
A escrita simples, objectiva e fragmentada evidencia a crueldade do opressor, a submissão e o aniquilamento de uma cultura e de um povo oprimido.
O autor emprega frases curtas, descreve subtilmente algumas cenas, propaga silêncios, acciona memórias, provoca emoções, levanta questões. Tudo isto em pouquíssimas páginas. As personagens vão desfilando ao longo da narrativa e o leitor vai tomando conhecimento dos actos cruéis cometidos por um poder invasor e violento. 
“Na paisagem as máquinas substituíram os animais. As máquinas não deixam fezes nos passeios, Antigamente as mulheres enojavam-se com os excrementos que os cães deixavam nos passeios. Diziam que os donos não tinham educação. Hoje as mulheres enojam-se quando cinco soldados entram em casa e pegam nelas e as violam, um soldado e depois outro.” (p.42)

O leitor entra na guerra, convive com as personagens, assiste à violência, à desumanização, à revolta, à incompreensão e finalmente à resistência e à reconstrução.

É um livro marcante que explora os sentimentos e que levanta questões pertinentes sobre a condição humana.
“A brutalidade é de uma delicadeza exuberante face às pessoas ricas; nada de novo.” (p. 57)



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