2024 | 136 min | Drama, Policial | M/12 | França, Brasil
Direção: Walter Salles
Elenco: Fernanda Torres, Fernanda Montenegro, Selton Mello
Com a interpretação de Eunice, Fernanda Torres tornou-se a primeira actriz brasileira a ganhar um Globo de Ouro – depois de, 25 anos antes, a sua mãe, Fernanda Montenegro (que aqui interpreta a mesma personagem na velhice, já com sinais da doença de Alzheimer), ter sido nomeada com o filme Central do Brasil, também de Walter Salles e vencedor na categoria de melhor filme estrangeiro.
Opinião:
A sétima arte tem o poder de fazer coexistir o horror e a beleza. Em Ainda Estou Aqui está reflectida a realidade de um país que vive o medo da tortura e da morte sob o jugo de uma ditadura militar (1970), bem como a luta pelos direitos humanos e o amor à vida.
Walter Salles oferece-nos uma emotiva recriação de Eunice Paiva (interpretada magistralmente por Fernanda Torres) esposa do deputado Rubens Paiva, desaparecido e morto durante a ditadura militar.
Ao longo de duas horas e alguns minutos acompanhamos suspensos a transformação de Eunice que, enquanto lida com o processo que envolve o desaparecimento do marido, tem de desempenhar a difícil tarefa de ser mãe de cinco filhos. Eunice é uma mulher de garra que se entrega intensamente à luta pela verdade. São brutais os momentos em que a protagonista, vivendo no sofrimento de (mais) uma revelação, tem de sorrir ou acudir a um dos filhos.
Fernanda Torres é fabulosa na interpretação de Eunice Paiva. Não há exageros, não há exploração das situações. Pelo contrário, há silêncios, olhares, sorrisos, muita sensibilidade. Há a demonstração da importância de manter viva a memória de um passado violento e de alimentar a reflexão sobre um legado que ainda ecoa na sociedade brasileira, mas não só.
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