06 agosto, 2024

𝑨𝒔 𝑪𝒊𝒏𝒄𝒐 𝑴ã𝒆𝒔 𝒅𝒆 𝑺𝒆𝒓𝒂𝒇𝒊𝒎, de Rodrigo Guedes de Carvalho



Autor: Rodrigo Guedes de Carvalho
Título: As Cinco Mães de Serafim
N.º de páginas: 451
Editora: D. Quixote
Edição: Outubro 2023
Classificação: Romance
N.º de Registo: (3600)



OPINIÃO ⭐⭐⭐⭐


As Cinco Mães de Serafim é um romance que enfoca a família e celebra a amizade.
Este romance de RGC mergulha o leitor na saga da família Temeroso. A narrativa centra-se na figura de Miguel Serafim, o filho mais novo, que em 2023 completa os 60 anos e a sua mãe, Maria Virgínia celebra os 100. Data importante que merece uma festa planeada pelo filho e os seus dois grandes amigos de infância, José Paulo e Vasco. Mais não direi porque o encanto do enredo é precisamente a descoberta dos mistérios que envolvem esta família e por consequência das pessoas que com ela convivem.

Gostei da história. A narrativa muito bem construída, articula com destreza episódios do passado e do presente que ocorrem, sem ordem cronológica, entre 1923 e 2023, no Norte do país. Este cruzamento de tempos mantém o leitor preso à história porque quando pensamos que algo vai ser desvendado, o narrador saltita de ano, de acontecimento. E, assim, vai adiando a revelação de factos que conduzirão a um desfecho imprevisível. Digo imprevisível porque nunca acerto nas minhas previsões, mas também duvido que outros leitores tenham conseguido antever os mistérios intrincados de uma família que aparenta união e felicidade. Ora, aquilo que parece nem sempre o é. Este axioma faz o sucesso do livro, na minha opinião.
Quanto ao desfecho, talvez não seja a palavra mais assertiva, uma vez que este fica em aberto, ou talvez não (?). Apesar de algumas revelações ficarem por explicar e de, provavelmente, alguns leitores se sentirem defraudados por isso (têm esse direito), eu gostei imenso do final porque assenta numa mensagem de esperança. A esperança que se alia à amizade e que prevalece à morte, à mentira, à separação. E quando assim é, tudo vale a pena. Tudo!
Assim, considero que o facto de o autor não ter desvendado alguns mistérios, não é relevante para o propósito do livro. O importante está lá, dito directamente ou nas entrelinhas e conduz o leitor à constatação de que a “amizade talvez seja um outro nome para família”.

A escrita de RGC é límpida e inteligente, sobretudo, na forma como constrói as personagens e o enredo. Ao optar por entretecer os tempos, enriquece sobremaneira a história na medida em que agarra o leitor e mantém-no em suspenso; ao insistir na repetição de frases, o que poderá desagradar a alguns leitores porque alonga a narrativa, facilita, na minha opinião, a leitura e rememora a história que ficou suspensa anteriormente. Considero que esta técnica atribui alguma tensão e induz uma espécie de loucura no sentido em que há necessidade de repetir o que já foi dito.

Recomendo a leitura.




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