14 maio, 2022

𝑨 𝒉𝒆𝒓𝒂𝒏ç𝒂 𝒅𝒆 𝑬𝒔𝒛𝒕𝒆𝒓, de Sándor Márai

 



Autor: Sándor Márai
Título: A herança de Eszter
Tradutor: Ernesto Rodrigues
N.º de páginas: 150
Editora: D. quixote
Edição 6.ª: Fevereiro 2011
Classificação: Romance
N.º de Registo: (BE)



OPINIÃO ⭐⭐⭐⭐

Em A herança de Eszter, a narrativa desenvolve-se numa analepse, isto é, a protagonista, narradora omnisciente, conta a “história do dia em que Lajos veio ver-me pela última vez e me roubou.” (p. 7). Por isso ela conhece bem os factos, as intrigas e o carácter de Lajos, o único homem que amou em toda a sua vida.
Como um círculo que se fecha, também Eszter sentiu necessidade de rever e de narrar a sua vida de enganos, de submissão, de abandono. Fê-lo porque sentiu que, aproximando-se da morte, só assim resgataria a paz. É o ponto final de uma história de mais de vinte anos, de uma história de mentiras, de desilusões, de roubos e, contudo, de esperança e de sonho.

Vamos assistindo incrédulos a tudo o que Eszter nos narra sobre Lajos e não entendemos tanta submissão, tanta inércia, tanta cedência.
Sándor Márai é exímio na descrição psicológica das suas personagens. Numa escrita simples, profunda e sensível conta-nos a história desta mulher solteira que viveu sem brilho um amor doentio por um canalha sedutor e sem escrúpulos.
É brilhante como o carácter das personagens é desvendado e como vamos assimilando a noção de dever (“cumprir o meu dever”) da protagonista, como a sua fragilidade emocional vai num crescendo, tornando-se facilmente manipulável, permanecendo, contudo, lúcida.

Fica assim bem claro o antagonismo de carácter das duas personagens, tornando incompreensível, para o leitor, a atitude de Eszter.

Livro que se lê num dia, mas que deixa marcas porque é uma história verosímil de grande densidade psicológica.
 Recomendo.


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