02 outubro, 2021

𝑹𝒐𝒅𝒆𝒂𝒅𝒐 𝑫𝒆 𝑰𝒍𝒉𝒂, de João Miguel Fernandes Jorge

 


Autor: João Miguel Fernandes Jorge
Título: Rodeado De Ilha
N.º de páginas: 305
Editora: Relógio d'Água
Edição: Abril 2021
Classificação: Contos/Testemunhos
N.º de Registo: (3302)


OPINIÃO ⭐⭐⭐⭐


Rodeado De Ilha reúne 31 textos ficcionais, ensaísticos e de viagem tendo como cenário várias ilhas dos Açores. Para além de relatos pessoais, o autor convoca para alguns dos seus textos Vitorino Nemésio – Mau Tempo no Canal aparece em vários textos – Rui Chafes, António Dacosta, Júlio Pomar...
“Neste momento, riscado que foi esse sinal de um verão que subjaz na distância, mas que será ainda capaz de erguer erupções, brilhos que guardam «saudades da terra», da ilha, das ilhas, do mar das ilhas. Nesse caderno… Foi esse caderno que trouxe para estes meus dias do verão de 2001; e em cujas páginas irei agora escrever este ao redor das ilhas, e em que me quererei saber rodeado de ilha. Rodeado de mar.” (pp.69 e 70)
Nos seus textos desenvolve temas que lhe são queridos (assim o entendi) como a paisagem açoriana, de várias ilhas, os habitantes com os seus modos, os santos e as igrejas, as expedições, o vento forte, “de rajadas” e o mar, sempre o mar ora calmo, ora agitado. Mas também nos presenteia com várias páginas de arte, de beleza artística (obras literárias, poesia, exposições – escultura, pintura)
“Na ilha, nas ilhas, perpassa ainda a sombra de Deus sob a asa de uma ave. A sua cor, breve, como a atmosfera do azul e do verde, exalta-se em António Dacosta. A sua cor, pesada de negro e arrebatada de vermelho, movimenta-se em jogo e celebração nestas pinturas de Júlio Pomar.” (p.96)

Numa escrita cuidada, JMFJ oferece ao leitor olhares, ecos, vislumbres, emoções, inquietudes (“continuo a procurar uma ilha somente como sítio privilegiado para a racionalidade da inquietude”) de si, dos outros, das ilhas, do mar, do tempo, da arte, da natureza bela e agreste; imagens, metáforas, …
“ «Uma ilha é o umbigo do mar.» Terei lido, não sei em que poeta grego. Suponho que em Seferis.” (p.109)

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