01 setembro, 2021

𝑶 𝑹𝒆𝒕𝒓𝒂𝒕𝒐 𝒅𝒆 𝑹𝒊𝒄𝒂𝒓𝒅𝒊𝒏𝒂, de Camilo Castelo Branco

 


Autor: Camilo Castelo Branco
Título: O Retrato de Ricardina
N.º de páginas: 176
Editora: Aletheia Editores
Edição: Julho 2016
Classificação: Romance
N.º de Registo: (3061)


OPINIÃO ⭐⭐⭐⭐⭐


Mais uma novela camiliana em que o amor é o tema central. Amor proibido, casamentos arranjados pelos pais, rivalidades familiares, crimes, guerra civil entre absolutistas e liberais. Todos os ingredientes que Camilo Castelo Branco tão bem sabe gerir com laivos de ironia e crítica pessoal.
Estamos em pleno século XIX, numa sociedade hipócrita onde a mulher é discriminada e os seus desejos rejeitados. É a mulher que fica sempre mal vista, repudiada pela família e pela sociedade.
Logo no prefácio, o leitor é informado que “o enredo da novela estava, efectivamente, sobrecarregado de «casos incríveis», com encontros, desencontros e reencontros miraculosos.” E assim acontece. Esta novela sentimental assenta na relação amorosa entre Ricardina Pimentel e Bernardo Moniz. Relação contrariada e conturbada.

O que me agradou sobretudo nesta narrativa é o carácter de Ricardina que apesar do seu aspecto frágil e angelical, como é descrita, foge à norma da mulher passiva e submissa, sem liberdades e sem opinião, própria da época. Ricardina enfrenta as decisões do pai e luta corajosamente pelo seu amor, pelos seus ideais enfrentando todas as adversidades que lhe vão surgindo ao longo de vinte e poucos anos. A sua atitude de resistência à vontade paterna e de imposição dos seus próprios valores, mesmo que para isso, inicialmente, tenha de ir para um convento, torna-se numa atitude emancipatória da mulher.

Para concluir, nesta novela o bem sobrepôs-se ao mal. O amor venceu o ódio e a vingança. A fidelidade e a resignação venceram a angústia e o sofrimento. “ A liberdade veste de asas a paixão e dá trela à ave daninha até onde ela se libra.” (p. 140)

Para mim, é das melhores novelas do autor.



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