03 junho, 2021

𝑪ã𝒆𝒔 𝑴𝒂𝒖𝒔 𝒏ã𝒐 𝑫𝒂𝒏ç𝒂𝒎 , de Artur Pérez-Reverte

 


Autor: Arturo Pérez-Reverte
Título: Cães Maus Não Dançam
N.º de páginas: 157
Editora: Asa
Edição: 1.ª Fevereiro 2021
Classificação: Romance
N.º de Registo: (3270)



OPINIÃO ⭐⭐⭐⭐⭐


Cães Maus Não Dançam é uma parábola arrepiante, mas fabulosa! É pela perspectiva de um cão, Negro, que o autor nos leva a refletir sobre os valores da vida, sobre o politicamente correcto. Numa narrativa sublime, o autor cativa-nos e conta-nos uma história de sobrevivência, de amizade e de lealdade. Estes valores acabam por se sobrepor à extrema violência e, no final, salvam-se os bons e os maus são castigados.
À medida que acompanhamos a história de Negro, vamos também descobrindo o carácter do homem. O cão mata apenas por instinto de defesa, para sobreviver, mas quando tem um dono, é-lhe leal, segue-o até ao fim, ao contrário do homem que é capaz de o abandonar na beira de uma estrada porque já não lhe serve ou vai de férias…

“Há momentos na vida de um canídeo em que este arrisca tudo, como dizem os humanos, numa só cartada. E nessa cartada têm muito peso a nossa reputação e as nossas maneiras. As nossas atitudes. Entre os humanos há de tudo: seres dignos que nos dão educação, amor e felicidade, e seres miseráveis cujas virtudes não estão à altura das de um bom rafeiro: gente vil que nos dá cabo da vida e nos leva à tristeza, ao abandono, à solidão, ao horror e à loucura. Entre estes últimos, os maus, há também tipos muito diversos, do animal estúpido cuja bestialidade grosseira supera a nossa, até ao que tem dois dedos de testa e consegue raciocinar com inteligência.” (p. 128)

Adorei conhecer Negro, o “cão rafeiro, cruzamento de mastim espanhol e cão-de-fila brasileiro (…) olhos de velho, alma cheia de cicatrizes e olhar resignado, feito de séculos de sangue e fatalidade.” (p. 11), adestrado para assassino pelo homem, “corajoso e impiedoso” e sobretudo leal para com os seus amigos.

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