13 junho, 2021

𝑶 𝑱𝒂𝒑ã𝒐 é 𝒖𝒎 𝒍𝒖𝒈𝒂𝒓 𝒆𝒔𝒕𝒓𝒂𝒏𝒉𝒐, de Peter Carey



Autor: Peter Carey
Título: O Japão é um lugar estranho
N.º de páginas:174
Editora: Tinta da China
Edição: 1.ª Setembro 2010
Classificação: Viagem
N.º de Registo: (2649)


OPINIÃO ⭐⭐⭐


O Japão é um lugar estranho é a história da viagem do autor com o filho, de 12 anos, a Tóquio, em busca do mundo dos autores de anime (filmes animados) e da manga (banda desenhada). Peter Carey deixa-se atrair pela nova cultura japonesa. É o filho, Charley, que completamente apaixonado por estes temas o motiva para empreenderem esta viagem. Mas não será uma viagem convencional, o filho só aceita ir se não forem visitar o “Verdadeiro Japão, não – disse Charley. – Tens de me prometer. Nada de templos. Nada de museus.”
 (p. 27.)

Como Carlos Vaz Marques referiu no prefácio, no início deste século XXI, há uma nova vaga de adolescentes ocidentais vidrados na cultura popular japonesa. “Há já quem se refira a um fenómeno de m.a.s.s. culture: manga, anime, sushi e sashimi. A viagem que este livro nos propõe é uma tentativa de descoberta da fonte desse fascínio.” (p.16)
Confesso que para uma leiga, como eu, desta vertente cultural japonesa, o livro tornou-se um pouco estranho, mas ao mesmo tempo interessante porque me permitiu conhecer um pouco mais deste país estranho. Já para os aficionados de manga e anime aceito que seja deveras cativante.
Outro aspecto importante e que mais me agradou foi perceber o choque cultural, o confronto de duas civilizações tão díspares. O estrangeiro que chega ao Japão com ideias pré-concebidas e arrogantes que causam mal-entendidos, rapidamente conclui que nada entende deste país, desta sociedade regida por regras próprias e rigorosas. “É melhor não saber nada do que saber apenas um pouco” (p. 76)

Neste confronto cultural, vamos viajando com o pai e filho e descobrindo a gastronomia, a forma de vestir, de cumprimentar, o desenvolvimento informático e as particularidades dos quartos dos hotéis (dimensão do quarto, da casa de banho, das sanitas) entre outros aspectos históricos como o trauma, ainda presente, causado pelos bombardeamentos e bem representado em vários anime; os samurais também eles personagens de manga.

Tratando-se de um livro de viagens, de caracter informativo, considero que é interessante pela abordagem cultural, pela visão ocidental ignorante e errada deste país estranho. Contudo, e apesar, deste povo evidenciar uma mentalidade forte e cumpridora, também não escapa à ocidentalização.
“Charley entregou o presente [à avó de Takashi] e a seguir fez uma vénia à senhora.
Ela retribuiu a vénia e subitamente, inesperadamente, inclinou-se para a frente e deu-lhe um beijo na cara. (…)
- Surpreendeu-me que ela te tivesse beijado. - disse eu – Não pensei que eles fizessem isso.
- Deve ser o Verdadeiro Japão. – disse ele [Charley]” (pp. 167e168)





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