Autor: Gonçalo M. Tavares
Título: Uma Viagem à Índia
N.º de páginas: 456
Editora: Caminho
Edição: 1.ª edição 2010 / 2.ª edição 2011
Classificação: Epopeia
N.º de Registo: 2701
OPINIÃO ⭐⭐⭐⭐⭐
Temos ainda, uma proposição, é-nos anunciado, logo no início, qual o propósito do livro: “Falaremos de uma viagem à Índia. /E do seu herói, Bloom” (p. 32) e uma invocação:
“Mas agora quem quer falar é quem escreve.
Que as ninfas e as musas, e ainda a minha
cabeça, me ajudem na escrita, pois escrever
assim – epopeias – é exigência de minúcia
em animal de grande porte e exigência de grandeza
em animais ferozes mas minúsculos.” (p. 320)
Quem conhecer bem a epopeia camoniana não deixará de perceber o paralelismo estabelecido nesta Melancolia Contemporânea (subtítulo).
Bloom, o nosso herói, foge de Lisboa, do passado e vai procurar a sabedoria à Índia, porém, aí, encontra decadência e hostilidade e constata que no Ocidente e no Oriente os homens são idênticos. O herói, regressa da Índia sem conquistar um novo mundo, o passado mantém-se vivo, o presente afigura-se-lhe melancólico e o futuro entediante.
“ Ele aproxima-se da mulher e o mundo prossegue,
mas nada que aconteça poderá impedir o definitivo tédio de
Bloom, o nosso herói.” (p.456)
Em conclusão, penso que, apesar do título, não estamos perante um livro de literatura de viagens, mas sim de uma viagem interior “a viagem interior de Bloom”, de aprendizagem, de auto-conhecimento, de reflexão.
Apesar de se tratar de uma leitura complexa porque navega sobre muitos assuntos, vale a pena ler, com tempo, para subtrair o essencial e reflectir.
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