13 setembro, 2020

Uma Agulha no Palheiro, de J. D. Salinger


 OPINIÃO




Uma Agulha no Palheiro (primeira edição portuguesa) ou À Espera no Centeio (numa nova tradução) li-o há muito tempo e tenho memória de ter gostado muito. Na altura, também eu era uma adolescente e diverti-me com as peripécias de Holden Caulfield, jovem de dezassete anos com as hormonas em ebulição.
A história é narrada pelo próprio, após ser expulso de um colégio interno (não era a primeira vez que tal acontecia) e circunscreve-se a um espaço temporal de dois a três dias, no mês de dezembro, de 1949, e em vésperas de Natal. 
“Só vos falarei do que se passou comigo durante o passado Natal. (…) Quero começar exactamente pelo dia em que saí da Escola Secundária Pencey, em Agerstown, na Pensilvânia.” (pp. 9 e 10) 

Holden é um jovem aparentemente inseguro, instável, estranho pois achava tudo uma chatice, tão depressa gostava de uma coisa ou de uma pessoa como logo de seguida a odiava. Tomava decisões precipitadas, das quais se arrependia logo de as ter tomado. Devido a este seu temperamento estava constantemente metido em apuros. 

O leitor acompanha-o nas deambulações por Nova Iorque, nos seus pensamentos, nas suas aventuras. Holden é um rebelde sonhador que põe tudo e todos em causa e penso que seja por esta razão que os jovens gostam de o ler. É próprio da idade e Holden é, para eles, um herói. Todos se revêem nas atitudes do protagonista, todos rejubilam com a sua coragem ao rejeitar as regras que lhe impõem. 

Porém, e apesar desta sua rebeldia, ele é bastante inteligente pois de forma lúcida e sarcástica, acaba por se auto criticar bem como as pessoas que o rodeiam e com quem vai convivendo. Ele questiona-se constantemente e arrepende-se das suas veleidades. 
“ Sou um tipo cobardolas. Ando sempre a fingir.” (p. 107) 
" Sou um idiota chapado. Não podia tolerá-la, mas de repente senti-me tão apaixonado que não me importaria de me casar com ela. Garanto-vos que sou completamente parvo. E não me custa admitir que o sou." (p. 144) 

Outro aspecto que define o carácter de Holden é o amor e a admiração que nutre pelo seu irmão, que faleceu muito novo, (invoca-o muita vez) e pela sua irmã mais nova, Phoebe. 

Hoje, ao reler a história de Holden, o impacto não foi o mesmo. A rebeldia da adolescência já lá vai muito longe, pelo que recomendo a sua leitura sobretudo aos mais jovens.


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