30 setembro, 2020

Um Longo Caminho, de Linda Sue Park




OPINIÃO


Um Longo Caminho é um livro baseado na vida de Salva Dut, um dos muitos Meninos Perdidos da segunda Guerra Civil do Sudão, em 1985. Paralelamente, há uma segunda história que ocorre em 2008, a de Nya, também ela sudanesa, também ela uma lutadora pela sobrevivência. As duas histórias cruzam-se no final. 
O relato é angustiante, doloroso, revelador das atrocidades cometidas naquele país. 
Com uma escrita simples, sensível e plena de subtilezas, a autora faz-nos perceber, nas entrelinhas, o sofrimento e o desespero de um povo. É a história de Salva, uma história de cerca de vinte anos, de tudo o que viveu, o que viu e o que sofreu desde que fugiu da sua aldeia para chegar ao campo de refugiados na Etiópia, primeiro, e depois no Quénia. Foram dias, meses anos de uma longa caminhada. 
“Sentiu-se como que à beira de um abismo enorme – um abismo cheio de desespero negro do nada.” (p.76)

Facilmente, este livro poderia enveredar pela descrição de actos violentos, de crueldade, porém, a autora opta por destacar a coragem, a vontade de vencer e a esperança. É uma verdadeira lição de vida. 

“Acima de tudo, lembrava-se do encorajamento que o tio lhe dera no deserto:
«- Um passo de cada vez… Um dia de cada vez. Só hoje – só temos de passar este dia…»

Salva disse isto de si para consigo todos os dias. Também o disse aos rapazes do grupo.
Um dia de cada vez, o grupo conseguiu chegar ao Quénia.
Chegaram a salvo mais de 1200 rapazes.
Demoraram um ano e meio. “ (p.86)




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