20 agosto, 2020

O tempo entre costuras, de María Dueñas

 




OPINIÃO

As 620 páginas deste livro foram lidas num ápice, não conseguimos despegar do enredo protagonizado por Sira Quiroga, uma jovem costureira de Madrid. Estamos na década de 1930, assistimos à guerra civil espanhola (1936-39), e acompanhamos a aliança de Franco e do seu governo com os alemães durante a segunda guerra mundial (1939-45). Ao longo da narrativa, envolvemo-nos nas intrigas, peripécias e reviravoltas da vida da narradora, Sira, em Madrid, em Tânger, Tétuan (Marrocos), de novo Madrid e numa incursão de poucos dias a Lisboa.

A autora tece a sua narrativa com mestria, cruza a vida pessoal de Sira com a história política do país, e constrói magistralmente encontros e desencontros, reviravoltas constantes sem nunca perder o fio à meada, abandonando personagens secundárias nos momentos certos, pois o importante é mesmo acompanhar a evolução do carácter da personagem principal que vai crescer no meio de paixões, amizades, traições, guerras, espionagem e muito, muito glamour sem no entanto perder a sua essência, o seu objetivo e o seu patriotismo. 

Sira que muito jovem se deixou arrastar por uma paixão louca, vai viver a traição, a desilusão e o sofrimento. “Um dos efeitos da paixão louca e obcecada é que anula os sentidos para perceber o que acontece a sua volta”. Porém, aproveitando as oportunidades que lhe vão surgindo, vai lutar pela sua sobrevivência e pela da sua mãe, mas também pelos seus ideais e pelo seu país. No final, temos uma Sira reconstruída, confiante, extremamente elegante e com uma forte personalidade.

Como a trama é tão atrativa e empolgante, foi realizada uma mini-série com o mesmo nome que vou tentar ver a fim de averiguar se é fiel ao romance. Recomendo muito.

 


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