23 abril, 2020

História de uma Gaivota e do Gato que a Ensinou a Voar, de Luís Sepúlveda


OPINIÃO

E porque hoje se celebra o Dia Mundial do Livro, nada melhor do que reler um pequeno livro maravilhoso que encanta pequenos e mais crescidos. Com esta leitura homenageio também o autor que nos deixou há bem poucos dias.

A fábula do Gato grande, preto e gordo, Zorbas, e da linda e jovem Gaivota, Ditosa, contém uma bela lição de amizade e de solidariedade, para além de focar problemas ambientais provocados pela incúria humana. 
Com estes dois seres diferentes, juntos por uma promessa que o Gato teima em honrar, o leitor emociona-se e deixa-se conduzir pela simplicidade e beleza das palavras, mas que carregam uma fortíssima moral. 

“Tu és uma gaivota. Nisso o chimpanzé tem razão, mas só nisso. Todos nós gostamos de ti, Ditosa. E gostamos de ti porque és uma gaivota, uma linda gaivota. Não te contradissemos quando te ouvimos grasnar que és um gato, porque nos lisonjeia que queiras ser como nós; mas és diferente, e gostamos de sejas diferente. Não pudemos ajudar a tua mãe, mas a ti sim. Protegemos-te desde que saíste da casca. Demos-te todo o nosso carinho sem nunca pensarmos em fazer de ti um gato. Queremos-te gaivota. Sentimos que também gostas de nós, que somos teus amigos, a tua família, e é bom que saibas que contigo aprendemos uma coisa que nos enche de orgulho: aprendemos a apreciar, a respeitar e a gostar de um ser diferente. É muito fácil aceitar e gostar dos que são iguais a nós, mas fazê-lo com alguém diferente é muito difícil, e tu ajudaste-nos a consegui-lo. És uma gaivota e tens de seguir o teu destino de gaivota. Tens de voar. Quando o conseguires, Ditosa, garanto-te que serás feliz, e então os teus sentimentos para connosco e os nossos para contigo serão mais intensos e mais belos, porque será a amizade entre seres totalmente diferentes.
(…)
A jovem gaivota e o gato grande, preto e gordo começaram a andar. Ele lambia-lhe a cabeça com ternura e ela cobriu-lhe o dorso com uma das suas asas estendidas.” (pp. 92 e 93)

Recomendo! Leiam!

Sem comentários:

Enviar um comentário