15 dezembro, 2024

𝑶 𝑴𝒆𝒖 𝑷𝒂𝒊 𝑽𝒐𝒂𝒗𝒂, de Tânia Ganho

 


Autora: Tânia Ganho
Título: O Meu Pai Voava
N.º de páginas: 189
Editora: D. Quixote
Edição: Julho 2024
Classificação: Memórias
N.º de Registo: (3619


OPINIÃO ⭐⭐⭐⭐



                           

11 dezembro, 2024

𝑮𝒐𝒐𝒅𝒃𝒚𝒆, 𝑪𝒐𝒍𝒖𝒎𝒃𝒖𝒔 𝒆 𝒄𝒊𝒏𝒄𝒐 𝒄𝒐𝒏𝒕𝒐𝒔, de Philip Roth

 


Autor: Philip Roth
Título: Goodbye, Columbus e cinco contos
Tradutor: Francisco Agarez
N.º de páginas: 293
Editora: D. Quixote
Edição(4.ª): Maio 2012
Classificação: Novela e contos
N.º de Registo: (3521)


OPINIÃO ⭐⭐⭐⭐


O livro de Philip Roth é composto por uma novela e cinco contos. Todos incidem sobre aspectos da cultura, da religião e modos de vida dos judeus nos Estados Unidos. Neste seu livro de estreia, Roth já nos reverbera com o seu humor corrosivo tão presente em toda a sua obra.
Pelo viés da observação e com recurso a uma crítica humorada, Roth expõe de forma exímia os dogmas e os costumes do povo judaico.

Na novela Adeus, Columbus, Roth com uma escrita despojada entra no universo delicado de um primeiro amor entre Niel Klugman, um bibliotecário sem grandes recursos económicos, e Brenda Patimkin, uma rapariga de família riquíssima.
A narrativa, que se afasta da lamechice, do sentimentalismo barato, seduz de imediato o leitor que se deixa envolver pela subtileza da mensagem genuína e sensual da primeira experiência amorosa.

Os cinco contos que se seguem são uma sátira aos dogmas religiosos. Narram histórias intrigantes com consequências trágicas e finais absurdos. Roth recorre à ironia e à sátira para reflectir a respeito da fé e da tradição judaicas beliscadas pela civilização moderna.

Para quem conhece a obra de Roth e só agora lê este livro, percebe que o autor já no seu início dominava a arte da escrita. É um exercício interessante ler primeiro as obras de um autor consagrado e maduro e só depois descobrir a sua primeira obra. Não fiquei decepcionada. Philip Roth é um dos meus escritores de eleição.


08 dezembro, 2024

Notre-Dame de Paris

 

                                                    Foto: Bernat Armangue/AP Photo


Um dos maiores símbolos de Paris, a Catedral de Notre-Dame reabriu ao público, totalmente restaurada e ainda mais resplandecente, cinco anos após um incêndio devastador (15 de abril 2019). A cerimónia solene transmitida pela televisão francesa -France TV - mostrou ao mundo a nova imagem da Catedral. 

Tenho urgência em agendar uma visita à capital Francesa. 

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Não resisto em partilhar  uma das mais belas canções da música francesa dedicada à Catedral Notre-Dame .


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Letra da canção:

Belle
C'est un mot qu'on dirait inventé pour elle
Quand elle danse et qu'elle met son corps à jour, tel
Un oiseau qui étend ses ailes pour s'envoler
Alors je sens l'enfer s'ouvrir sous mes pieds
J'ai posé mes yeux sous sa robe de gitane
À quoi me sert encore de prier Notre-Dame?
Quel
Est celui qui lui jettera la première pierre?
Celui-là ne mérite pas d'être sur terre
Ô Lucifer
Oh laisse-moi rien qu'une fois
Glisser mes doigts dans les cheveux d'Esméralda

Belle
Est-ce le diable qui s'est incarné en elle
Pour détourner mes yeux du Dieu éternel?
Qui a mis dans mon être ce désir charnel
Pour m'empêcher de regarder vers le Ciel?
Elle porte en elle le péché originel
La désirer fait-il de moi un criminel?
Celle
Qu'on prenait pour une fille de joie, une fille de rien
Semble soudain porter la croix du genre humain
Ô Notre-Dame
Oh laisse-moi rien qu'une fois
Pousser la porte du jardin d'Esméralda

Belle
Malgré ses grands yeux noirs qui vous ensorcellent
La demoiselle serait-elle encore pucelle?
Quand ses mouvements me font voir monts et merveilles
Sous son jupon aux couleurs de l'arc-en-ciel
Ma dulcinée laissez-moi vous être infidèle
Avant de vous avoir mené jusqu'à l'autel
Quel
Est l'homme qui détournerait son regard d'elle
Sous peine d'être changé en statue de sel
Ô Fleur-de-Lys
Je ne suis pas homme de foi
J'irai cueillir la fleur d'amour d'Esméralda

J'ai posé mes yeux sous sa robe de gitane
À quoi me sert encore de prier Notre-Dame?
Quel
Est celui qui lui jettera la première pierre
Celui-là ne mérite pas d'être sur terre
Ô Lucifer
Oh laisse-moi rien qu'une fois
Glisser mes doigts dans les cheveux d'Esméralda

Esméralda



06 dezembro, 2024

𝑴𝒐𝒖𝒔𝒄𝒉𝒊, 𝑶 𝑮𝒂𝒕𝒐 𝒅𝒆 𝑨𝒏𝒏𝒆 𝑭𝒓𝒂𝒏𝒌, de José Jorge Letria com ilustrações de Danuta Wojciechowska

 



Autor: José Jorge Letria
Título: Mouschi, O Gato de Anne Frank
Ilustradora: Danuta Wojciechowska
N.º de páginas: 36
Editora: Edições ASA
Edição (2.ª): Setembro 2002
Classificação: Infantil/Juvenil
N.º de Registo: (BE)


OPINIÃO ⭐⭐⭐⭐



José Jorge Letria dá voz a um personagem muito especial, o gato Mouschi, para nos revelar a história angustiante da família de Anne Frank que se refugiou num anexo, de um sótão, durante dois anos.

A história narrada pelo gato, que esteve sempre com a família no anexo, centra-se, sobretudo na sua relação com a menina Anne Frank. É pelo seu sentir que acompanhamos o crescimento de Anne, ao longo destes dias: as suas angústias, a sua paixão pela escrita, registada no seu diário, o seu amor por Peter, os desentendimentos com a mãe, os seus sonhos, a sua crescente tristeza, e a sua captura por “cinco homens, um com a farda da polícia alemã”. É ainda pela sua voz que tomamos conhecimento que só o pai de Anne, sobrevive.

Quem conhece O Diário, de Anne Frank, já não é surpreendido pelo trágico final da família. Contudo, este pequeno livro, tão bem ilustrado pela Danuta Wojciechowska, é uma excelente abordagem, para iniciar os mais jovens aos horrores do holocausto, à perseguição dos judeus, ao extermínio nos campos de concentração.

Mouschi é um gato sensível, muito curioso e carinhoso que tudo faz para tornar os dias de Anne menos tristes, mas acaba por confessar que não compreende certas situações:
“Eu, como era gato, e ainda por cima um gato jovem, tinha dificuldade em compreender que aquela menina tinha perdido tudo o que contara para ela - os amigos, a escola, o sonho, a liberdade - e que aquele diário era um postigo que se abria para o exterior e a iluminava por dentro como uma vela que o vento não conseguia apagar ou uma estrela distante mas infinitamente amiga” (p. 12)

No final do livro, Mouschi fala-nos um pouco de si, da libertação de Amsterdão e termina a história com uma mensagem muito linda, carregada de simbolismo e actualíssima.

“Uma coisa é certa. Passaram tantos anos e eu, no pequeno céu dos gatos mortos de tristeza e solidão, nunca mais me esqueci da minha querida Anne Frank, nem nunca mais cheguei a perceber o que pode levar seres humanos a serem por vezes tão cruéis e tão violentos.
Se eu soubesse chorar, mesmo transformado em personagem deste livrinho de memórias, teria sempre duas lágrimas guardadas: uma para Anne e outra para o meu amor por ela. Quem matou esta menina merece ser castigado eternamente por todas as estrelas que há no céu.” (p. 36)

Recomendo este e outros livros que tratem esta temática. É importante que a memória permaneça viva. Não podemos ignorar o passado e permitir que seres humanos cruéis comandem a vida de pessoas inocentes. Infelizmente, o passado está, de novo, bem presente e, o céu continua a receber “estrelas”.