22 dezembro, 2024

𝑨 𝑩𝒓𝒆𝒗𝒆 𝑽𝒊𝒅𝒂 𝒅𝒂𝒔 𝑭𝒍𝒐𝒓𝒆𝒔, de Valérie Perrin



Autora: Valérie Perrin
Título: A Breve Vida das Flores
Tradutora: M.ª de Fátima Carmo
N.º de páginas: 444
Editora: Editorial Presença 
Edição: Fevereiro 2022
Classificação: Romance
N.º de Registo: (-)

OPINIÃO ⭐⭐⭐⭐




Decidi ler A Breve Vida das Flores por ser, talvez, um dos livros mais elogiados do momento. Apesar disso, não criei grandes expectativas porque, quando todos falam muito bem de um livro, eu desconfio. No início, a história não me agarrou, estive quase a desistir. Li outro nos entretantos, e voltei a pegar-lhe por sugestão de outras leitoras por quem tenho consideração.

À medida que avançava na leitura fui conquistada pela escrita poética pincelada de algum humor e pela personagem feminina, Violette Toussaint, que se revela generosa, trabalhadora, sensível e inteligente; que prefere a vida à morte, o sol à sombra; que adora tratar do seu jardim e das suas flores e que se veste de cores vivas. Violette conquista-nos pela sua maneira de ser e de encarar a dor e a tristeza; pelo carinho e cuidado que dedica aos outros.
“Saboreio a vida, bebo-a em pequenos goles como chá de jasmim com mel. (…) Eu estava muito infeliz; aniquilada, mesmo. Inexistente. Vazia. (…) Contudo, como nunca tive gosto pela infelicidade, decidi que isso não iria durar.” (pp. 10 e 11)

A narrativa oscila entre passado e presente, e os acontecimentos são desvendados a conta-gotas pelo viés de memórias, de conversas, de cartas e de diários.

Destaco os momentos de introspecção que evidenciam a solidão e a tristeza, mas também momentos de partilha, de apoio que relevam a amizade, o amor, a compaixão e a perseverança.
Valérie Perrin foi brilhante ao colocar grande parte da acção num cemitério. Aí, coabitam a vida e a morte de pessoas, de flores, de animais; surgem encontros improváveis e inesperados; ocorrem vivências tristes e hilariantes. É o local ideal para servir o seu propósito, isto é, de levar o leitor a reflectir sobre a vida e a morte, sobre a perda e o luto, sobre a beleza do mundo.

Até aqui, a minha apreciação é positiva e reitero que gostei imenso do enredo que envolve a protagonista. Porém, considero que a partir de um certo momento começam a surgir muitas histórias, muitas personagens que, na minha opinião, só servem para desviar o leitor da acção principal. A narrativa cai um pouco na banalidade e torna-se, desta forma, enfastiante. Por vezes, menos é mais. Penso que se tivesse omitido alguns episódios, o livro ficaria ainda melhor.




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