08 setembro, 2024

𝑩𝒖𝒅𝒂𝒑𝒆𝒔𝒕𝒆, Chico Buarque

 


Autor: Chico Buarque
Título: Budapeste
N.º de páginas: 135
Editora: D. Quixote
Edição: Fevereiro 2004
Classificação: Romance
N.º de Registo: (1719)



OPINIÃO ⭐⭐⭐⭐


Trata-se de uma releitura. Na viagem que realizei a Budapeste, considerei que seria oportuno fazer-me acompanhar do romance de Chico Buarque. Confesso que da primeira leitura (2005) já não tinha muita memória, apenas a de um homem, escritor… pelo que foi bom rememorar a história e concluir que o Chico tem razão em relação à língua húngara. No tempo em que lá estive não consegui pronunciar nem entender uma única palavra. É uma língua imperscrutável. “é a única língua do mundo que, segundo as más-línguas, o diabo respeita.” (p. 12)

Chico como amante das palavras que é, no romance foca-se na dificuldade de pronunciar e de entender as palavras húngaras e não tanto na cidade. O protagonista deambula pela cidade à descoberta do novo idioma, estranho e complicado, pelo qual se apaixona. Esta paixão arrebatadora vai alterar por completo a sua vida.

Budapeste é uma narrativa na primeira pessoa. José Costa, o protagonista, é um escritor fantasma (ghost-writer) de talento e após a conclusão de “ O Ginógrafo” encomendado por um alemão que vive no Rio de Janeiro, vai a um Congresso e acaba por ir parar, numa escala, a Budapeste. A partir daí na busca de um entendimento de si próprio começa a ter uma vida dupla. Dois países, duas línguas, duas culturas, duas mulheres (Vanda e Kriska), dois filhos. É no vai e vem destes mundos que se cruzam as histórias fragmentadas de um homem atormentado que vagueia pelas ruas das duas cidades e se recriam outros sentidos que levantam questões de existência, de identidade.

Numa escrita clara e labiríntica com laivos de humor, o autor ao apresentar uma sobreposição de histórias, reflexo de uma aflição existencial, transporta o leitor para situações absurdas e, em determinados momentos, chega mesmo a confundi-lo na mente desorientada do protagonista. E leva-o a reflectir sobre o sentido da vida e das opções que nela fazemos.
Recomendo a leitura porque como referiu Wisnik “ Budapeste, no exacto momento em que termina, transforma-se em poesia.”


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