23 maio, 2024

𝑨 𝑻𝒓𝒊𝒍𝒐𝒈𝒊𝒂 𝒅𝒆 𝑪𝒐𝒑𝒆𝒏𝒉𝒂𝒈𝒂, de Tove Ditlevsen

 


Autora: Tove Ditlevsen
Título: A Trilogia de Copenhaga
Tradutor: João Reis
N.º de páginas: 390
Editora: D. Quixote
Edição: Setembro 2022
Classificação: Autobiografia / Memórias / Romance
N.º de Registo: (3424)



OPINIÃO ⭐⭐⭐⭐


Três partes constituem este livro: Infância, Juventude e Relações Tóxicas. De índole autobiográfica, Tove Ditlevesen é a protagonista desta narrativa pungente e intensa.
Ela convida-nos a “entrar em sua casa” e a acompanhá-la nos bons e maus momentos da sua vida. Com ela e através de uma escrita aberta, sem evasivas, muito franca e avassaladora, exploramos a sua infância, num bairro operário da capital dinamarquesa; a juventude com as suas primeiras experiências sexuais e profissionais bem como a conquista da independência com o sucesso do seu primeiro livro de poesia; as suas relações com a família, amigos, colegas, namorados e maridos e a dependência de fármacos que a levam ao colapso.

Tove revela-nos uma vida infeliz e conturbada, mesmo depois de obter sucesso e fama com os seus livros e muito inconstante no seu relacionamento com as pessoas; descreve-nos experiências perturbadoras, como o desconforto das primeiras relações sexuais, a interrupção de duas gravidezes e a descoberta dos efeitos dos químicos no seu sangue.

“Relaxa, disse ele, vou dar-te uma injeção. Sorri-lhe, grata, e o fluido entrou-me na corrente sanguínea, elevando-me ao único nível onde eu queria existir. Deitou-se comigo, como era seu hábito, quando o efeito estava no auge. Tomou-me com brusquidão, sem carinho ou preliminares e, depressa me largou. Não senti nada.” (p. 335)

A Trilogia de Copenhaga é um livro fabuloso que vai mais além do que a narração de uma vida atormentada, a de Tove Ditlevsen. É o embate doloroso entre duas dependências: a da escrita e a dos fármacos. Mas é também um testemunho histórico-social de um país nos anos 60.



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