Autor: Ray Bradbury
Título: O Zen e a Arte da Escrita
Tradutor: Miguel Romeira
N.º de páginas: 158
Editora: Cavalo de Ferro
Edição: Setembro 2019
Classificação: Ensaio
N.º de Registo: (3421)
OPINIÃO ⭐⭐⭐⭐⭐
O Zen e a Arte da Escrita é uma recolha de ensaios, de reflexões sobre as suas experiências literárias como romancista, contista, poeta e guionista. Ao longo das páginas sente-se a vitalidade do autor e a sua paixão pela escrita.
No prefácio (p. 14), ele revela-nos a fonte da sua escrita tantas vezes explosiva.
“Os ensaios desta recolha foram escritos em várias alturas ao longo de um período de 30 anos, uns para assinalar descobertas únicas, outros para responder a necessidades únicas. Mas todos fazem eco do mesmo: as explosões de autoconhecimento e o assombro perante o tanto que guardamos cá dentro e o que isso nos pode dar; essas reservas são como um poço, apenas temos de nos debruçar e gritar, e os ecos virão.”
O livro revela-se um manancial de conselhos extremamente útil e de referências literárias. O autor explica todo o seu processo criativo baseado no entusiasmo, como essência de sobrevivência, como superação de batalhas, como uma vitória diária.
Nos doze textos presentes, Bradbury narra as suas experiências, incita à escrita, ensina a aperfeiçoar a técnica, desvela como encontrar a inspiração e como desenvolver a criatividade. Para ele, é importante “alimentar a Musa”, isto é, “observar com os nossos olhos”; ligar memórias; “ler poesia todos os dias. (…) aquela que nos arrepia”; ler livros “que nos potenciam a capacidade de apreender…”; destrinçar os tesouros do lixo cultural; escrever, escrever, escrever muito, porque “a quantidade traz experiência. E só da experiência vem a qualidade”; fazer listas de palavras; “perseguir aquilo que amamos” nem que sejam coisas disparatadas porque “nada se perde” e poderá um dia servir.
Assim, segundo Bradbury que trabalha a escrita com um escultor, “alimentar a Musa exige um apetite insaciável pela vida desde que se é pequeno.” (p. 52): Os seus conselhos são de extrema pertinência que fortalecem e animam o nosso ensejo de escrever: “ (…) o fracasso é desistir. Ora, isto que estamos a fazer é um processo. Portanto, nada é fracasso. Tudo é percurso. Produzimos. Se o resultado for bom, aprendemos alguma coisa. Se for mau, aprendemos mais ainda. (…) Só haverá fracasso se pararmos.” (p. 138)
Não é fantástico?
Fiquei com curiosidade de ler outros livros do autor. Até hoje, só tinha lido Fahrenheit 451, um livro que considero maravilhoso e essencial no meu crescimento como leitora. Agora com este fiquei ainda mais motivada para mergulhar, com um novo olhar, na fantasia do autor, nos seus contos e nas suas Crónicas Marcianas.
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