25 abril, 2023

𝑨𝒏𝒅𝒂𝒓 𝒂 𝑷é, de Henry David Thoreau

 


Autor: Henry David Thoreau
Título: Andar a Pé
Tradutora: Raquel Ochoa
N.º de páginas: 74
Editora: Alma dos Livros
Edição: Abril 2021
Classificação: Não ficção
N.º de Registo: (3429)

OPINIÃO ⭐⭐⭐⭐⭐


Raquel Ochoa no prefácio ao livro Andar a Pé, de Thoreau refere que foi o autor que “neste seu radical panfleto, quem me [lhe] conseguiu explicar a lógica entre a caminhada e o ser livre.” E com esta afirmação ela expõe, sumaria e indubitavelmente, a índole deste livro.
O livro apresenta uma filosofia de vida que se centra na arte de caminhar como forma intensa de despertar os sentidos, de explorar emoções, de retemperar a alma, de acalmar o espírito, de saciar os desejos. É um autêntico manifesto à liberdade absoluta, à vida no seu acto mais selvagem e simultaneamente simples, isto é, caminhar, vaguear, prestar atenção, procurar a natureza selvagem, natural, espontânea, intocada.
“ Para mim, esperança e futuro não estão nos relvados ou nos campos cultivados, nem nas vilas ou cidades, mas nos pântanos impermeáveis e instáveis.” (p. 47)

Para Thoreau, caminhar é também a oportunidade de meditar, de libertar a mente, de adquirir conhecimento através da observação e da experiência.
“ Acredito que há um magnetismo subtil na natureza, o qual, se rendidos inconscientemente, nos levará ao caminho certo. Não nos é indiferente o rumo escolhido. Há um caminho certo; porém a nossa desatenção e estupidez têm propensão para o errado. Gostaríamos de dar aquele passeio, nunca antes feito por nós neste mundo físico, o que simboliza perfeitamente o caminho que adoraríamos percorrer no mundo interior e espiritual.” (p.32)

As caminhadas, mais ou menos longas, de Thoreau são momentos de puro prazer, ele vive a natureza na sua plenitude; observa a mudança das estações, o amanhecer, o anoitecer, os frutos, as flores, os animais, as cores; capta os sons, … Ele está convicto “de que há mais coisas no Céu e na Terra do que a nossa filosofia sonha.” (p. 64) e julga que “a coisa mais elevada a que podemos aspirar não é ao conhecimento, mas à compreensão pela inteligência.” (p. 64), daí preferir procurar o selvagem, o intocado, o desconhecido para melhor se julgar a si próprio, entender a natureza do homem e da sociedade.

Como nota final ou como ideia que sintetiza todo o livro poder-se-á referir que para Thoreau o homem só poderá entender-se melhor, compreender o meio em que vive se estiver em contacto com a natureza, já que é “na natureza que está a preservação do mundo” (p. 42). Para ele o ser humano que vive em liberdade, na natureza é superior, é mais bondoso “quão próximo do bem está o que é selvagem.” (p. 45)

Texto curto, inovador e atual, numa época em que as alterações climáticas são uma verdadeira preocupação.


Sem comentários:

Enviar um comentário