29 abril, 2023

𝑺𝒊𝒅𝒅𝒉𝒂𝒓𝒕𝒉𝒂, de Hermann Hesse





Autor: Hermann Hesse
Título: Siddhartha (um poema indiano)
Tradutor: Pedro Miguel Dias
N.º de páginas: 127
Editora: Colecção Mil Folhas - Público
Edição: Maio 2002
Classificação: Romance
N.º de Registo: (1344)


OPINIÃO ⭐⭐⭐⭐⭐



A trama do livro decorre no século VI d.C. e narra a história de um jovem, filho de um brâmane que decide sair de casa à procura do EU, numa busca interior incessante, à procura da felicidade e da verdade. Siddhartha que levava uma vida privilegiada, era jovem, belo, sábio, mas não era feliz: “o espírito não estava satisfeito, a alma não estava aquietada, o coração não estava pacificado.” (p. 9). Ávido de conhecimento, Siddhartha coloca-se inúmeras questões e sente necessidade de partir, de tudo abandonar, de procurar um outro caminho que lhe permita entrar no seu Eu, na sua interioridade.

É esse caminhar de busca, de aprendizagem, de “autonegação através da dor, através do sofrimento voluntário e da derrota da dor, da fome, da sede, do cansaço” (p. 17) que vamos acompanhando ao longo da narrativa. O jovem viverá, numa primeira fase, uma vida de privações, completamente ascética, da qual se cansa e parte em busca de mais conhecimento. Nesse novo caminho vai apaixonar-se e aprender o jogo das sensações, os segredos do amor, o mundo dos negócios, levando uma vida de volúpia, de opulência e de cobiça. Percebendo que é incapaz de amar, e que ali também não atingirá a perfeição, parte novamente e só junto de um barqueiro encontrará a serenidade tão desejada porque deixa finalmente de lutar contra o destino. Com ele aprenderá a ouvir a linguagem do rio, isto é, a metáfora da corrente da vida.

É um livro de aprendizagem, que transmite valores como a simplicidade, a humildade, a autoconfiança, a paciência, o saber ouvir.

O subtítulo “Um poema indiano”, de que gosto sobremaneira, exprime bem a beleza poética do texto, o equilíbrio, a perfeição quer na escrita quer na mensagem transmitida que nos leva a pensar nas nossas próprias escolhas, decisões e experiências e nos ensina que “podemos partilhar conhecimentos, mas não a sabedoria.” (p.120)

A obra está repleta de simbologia e de conceitos da filosofia hinduísta-budista, tais como o Karma, o Nirvana e a Roda de Sansara. Siddhartha simboliza o filósofo, o amante do conhecimento, o viajante eterno sem medos e limitações em busca da perfeição.
Recomendo muito.



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