13 fevereiro, 2022

𝑪𝒂𝒔𝒂 𝒅𝒆 𝑫𝒊𝒂, 𝑪𝒂𝒔𝒂 𝒅𝒆 𝑵𝒐𝒊𝒕𝒆, de Olga Tokarczuk

 



Autora: Olga Tokarczuk
Tradutora: Teresa Fernandes Swiatkiewicz
Título: Casa de Dia, Casa de Noite
N.º de páginas: 347
Editora: Cavalo de Ferro
Edição: Junho 2021
Classificação: Romance
N.º de Registo: (BE)


OPINIÃO ⭐⭐⭐⭐⭐

Para quem já conhece um pouco a obra da autora, não estranha a estrutura deste livro. Como se de um puzzle se tratasse, a narrativa desfila em histórias que se vão alternando, cruzando, completando. Fica a ideia que tal como para as fotografias tiradas por R. será necessário “compor com todas elas um só céu”, (p. 347) as suas histórias também só farão sentido depois de todas lidas.

É um livro que levanta sobretudo questões e que raras vezes dá respostas, que propõe reflexões, que inquieta e obriga a interiorizar certas vivências e que abre novas perspectivas sobre temáticas como a relação do ser humano com o seu próximo, com os animais, com a natureza e sobre a inevitável passagem do tempo, a imortalidade, a contemplação, o silêncio, …

A narradora vai descrevendo os poucos habitantes de Nowa Ruda, “Cidade do vale, das encostas e dos cumes. (…) Cidade onde o anoitecer chega subitamente vindo das montanhas e desaba sobre as casas como uma monstruosa rede de borboletas. (…) Cidade silesiana, prussiana, checa, austro-húngara e polaca. Cidade de periferias. (…) Cidade onde o tempo anda à deriva, as notícias chegam com atraso e os nomes confundem.” (pp. 338 e 339).

A sua descrição incide na singularidade de certas personagens e nas suas histórias fabulosas; nos vários enredos anedócticos e por vezes incompletos; nos relatos oníricos e transcendentes; na explanação de várias matérias históricas, sociais, cosmológicas e ambientais.

Toda a sua escrita revela um estilo e um olhar muito próprio do mundo, uma sensibilidade por outras formas de vida, por outras formas de encarar a existência. É uma escrita que apresenta as coisas de uma forma inabitual, que faz pensar e que provoca imensas dúvidas.
“ - o nosso mundo é povoado de pessoas adormecidas que morreram e sonham que estão vivas.” (p. 166)

Há histórias de uma beleza estonteante das quais sublinhei e retirei imensas passagens.


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