19 julho, 2020

Uma Cana de Pesca para o Meu Avô, de Gao Xingjian,



OPINIÃO



Pequeno livro de escrita simples e subtil, composto por seis contos, sendo que o último – Instantâneos - consiste numa seleção de apontamentos, observações, descrições, … 

Os cinco primeiros contos abordam situações comuns que refletem não só o modo de pensar da sociedade oriental, mas também o da ocidental. Temos temas como a felicidade de um jovem casal em lua-de-mel; a brevidade da vida retratada num acidente mortal com as habituais e múltiplas opiniões da multidão “entendida”, situação depressa resolvida e esquecida; a indiferença perante as dificuldades do outro, um jovem quase morre afogado e ninguém se apercebe; o desinteresse e a dor causada pela ausência do outro, uma rapariga chora num parque enquanto espera, em vão, que o outro chegue; o encontro e a lembrança de um amor passado e que já não faz sentido; a saudade de uma infância feliz rememorada na procura dos lugares onde viveu com o avô e a dor sentida ao descobrir que desapareceram e foram substituídos por uma cidade de betão. 
É no último conto que deu título ao livro (o meu preferido) que o autor melhor explana a sua escrita poética e melancólica, porque sendo mais extenso, tem espaço para criar uma história mais comovente, mais emotiva. Ao contrário das primeiras narrativas, que sendo mais curtas, nem tudo é dito, cabe ao leitor ler nas entrelinhas e captar a profundidade da mensagem.



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